Julho - 2025 - Edição 307

Os 100 anos de O Globo

Devo à Academia Brasileira de Letras muitas alegrias, uma das quais foi a intimidade com Roberto Marinho, diretor por muitos anos da Casa O Globo. A sua entrada na Casa de Machado de Assis se deu por uma inteligente manobra conduzida por Austregésilo de Athayde. Eles eram amigos e isso foi fundamental para que a eleição fosse um sucesso. Tive o privilégio de participar desse movimento e dar o meu voto para a eleição de Roberto Marinho.

Eleito, ele procurou estreitar as relações com os jornalistas da casa e eu tive esse privilégio. Um dia me chamou à sua presença e afirmou que fazia questão de contar com a colaboração dos seus colegas de jornalismo, inclusive com a elaboração de artigos no seu apreciado periódico. Passei a escrever para o jornal, dando preferência a temas ligados especialmente à educação. Isso durou quase 20 anos. Inclui-se nesse período os dois anos da participação nos debates Populares de Haroldo de Andrade, na Rádio Globo.

Hoje, vejo com muita satisfação que o vitorioso jornal está comemorando 100 anos de vida. Sua história está muito bem retratada no livro A Globo – Homenageia, escrito por Ernesto Rodrigues, e lançado pela Editora Autêntica. O volume 1 aborda o período de 1965 e 1984. Acompanhei a trajetória do jornal e depois os vitoriosos movimentos de nascimento e consolidação da televisão, com o comando de figuras de relevo como Walter Clark, Armando Nogueira e Boni (José Bonifácio).

Trabalhando na Manchete, que procurou ser uma boa concorrente, com alguns picos de sucesso, como na cobertura do carnaval e na apresentação de novelas como “Pantanal” e “Dona Beja”, pude viver os movimentos incertos de uma feroz concorrência. Bons tempos aqueles.

O meu amigo Maurício Sherman, que comandou o “Globo de Ouro” entre 1973 e 1990, era uma figura notável da televisão, quando veio para a Manchete. Com a sua notável sensibilidade, dirigiu diversos programas, como o “Debate”, que apresentei aos domingos às 20h30. Foi uma extraordinária experiência, a mesma que se deve ao humor representado pelo trabalho de Chico Anísio, considerado o maior talento da televisão brasileira. O seu Chico City marcou época. Ao longo de 35 anos, o Chico Anísio Show baseou-se na sua espantosa capacidade de incorporar personagens. E sempre com muito sucesso. O mesmo com Xuxa e Angélica.

A TV Globo foi uma caixa de surpresas agradáveis, com a soma incrível de artistas notáveis. Isso será demonstrado num documentário dirigido por Pedro Bial.