Maio - 2025 - Edição 306

A perda de Marcos Vilaça

O acadêmico Marcos Vilaça, meu colega da Academia Brasileira de Letras (ABL) e compadre querido (sou padrinho de casamento dos seus filhos Tatiana e Rodrigo), faleceu em Recife, com 85 anos de uma vida intensa e grandes glórias profissionais. Além de ter presidido a ABL, com grande competência, foi também presidente do Tribunal de Contas da União, onde deixou o seu nome inscrito como autor de uma grande gestão. Foi também diretor da Caixa Econômica Federal.

Marido exemplar da querida Maria do Carmo, que nos deixou há alguns anos, tocou a vida pra frente, mas sem a mesma alegria. Sentia falta da sua companheira de sempre. Quando adoeceu, deixou instruções explícitas com o filho Rodrigo: “Quero ser cremado e as cinzas devem ser jogadas na minha amada praia da Boa Viagem, para provar a minha pernambucanidade.” E deixou mais uma recomendação: “Como sou católico praticante, gostaria que houvesse, no Rio, uma missa em minha homenagem, de preferência na Igreja do Carmo.” No prazo curto de uma semana, a ABL perdeu dois dos seus destacados membros: Heloísa Teixeira e Marcos Vilaça, ambos com a idade de 85 anos. A Casa de Machado de Assis está de luto.

Vilaça exerceu também duas atividades em que se destacou: Direito e Jornalismo. Atuou sempre com maestria. Lecionou durante cerca de 30 anos na Faculdade de Direito do Recife.

Dedicou sua vida literária à cultura popular. Escreveu diversos livros, entre os quais o clássico Sociologia do Caminhão. Foi pai de três filhos (Marcantônio, precocemente falecido, Tatiana e Rodrigo). Foi secretário de Cultura, quando escreveu o livro Por uma Política Nacional de Cultura (1984). Foi autor também de Coronéis: Apogeu e declínio do coronelismo no Nordeste do século passado, trabalho de 1965, em colaboração com Roberto Cavalcanti. Trouxe o seu talento administrativo para a ABL, que presidiu em dois mandatos. Foi íntimo amigo do presidente José Sarney, que lamentou muito a sua morte: “Foi um dos nossos maiores intelectuais, pernambucano e brasileiro.”