Maio - 2023 - Edição 291
Uma tragédia silenciosa
A evasão escolar, no Brasil, representa o que chamamos de uma verdadeira tragédia silenciosa. De cada 10 jovens
brasileiros, apenas seis concluem o ensino médio. Por essas e outras, pode-se
entender a atual mexida promovida pelo
Ministério da Educação, procurando um caminho sobretudo de
simplificação dos procedimentos ligados ao ensino médio. Vai dar
certo? Só o tempo dirá.
O que se sabe é que a atual situação representa a perda de
135 bilhões de reais por ano. Um estudo da Firjan Sesi, intitulado
“Combate à evasão no ensino médio – Desafios e oportunidades” – mostra que são graves as consequências dessa situação. Os
que não concluem essa etapa da educação têm remuneração em
média 25% menor e, por incrível que pareça, uma expectativa de
vida de três anos a menos.
A falta de qualificação adequada provoca o fenômeno de
abandono da escola por parte de 500 mil jovens maiores de 16
anos, o que representa um enorme desperdício nas nossas potencialidades. Estamos convencidos de que é preciso reagir a essa
realidade, agravada por fenômeno como a repetência, a distorção
entre idade e série e a falta de engajamento escolar.
Temos insistido na tese de que há uma forte consequência
do baixo rendimento dos professores. Nossos cursos de formação
de docentes e especialistas deixam muito a desejar e não há uma
reação à altura. Isso exige providências urgentes e não somente
palavrório, como se nota hoje em dia.
Para o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira,
“a evasão é uma âncora que prende esses jovens num ambiente de
pobreza, o que exige providências imediatas”. A Firjan está elaborando cinco cadernos com questões sobre o que fazer e, generosamente, eles serão levados a gestores de todo o país.
Para os descrentes, devemos citar o que ocorre no Estado
de Pernambuco, com as Escolas de Referência de Ensino Médio
(Erem), já hoje em regime de tempo integral. Os resultados têm
sido bastante satisfatórios e representam a comprovação de que
é possível modificar esse quadro de carências. Basta a vontade
política, claramente ausente nos últimos anos de gestão escolar.