Janeiro - 2021 - Edição 275
A reinvenção necessária
O tratamento pífio que se dá à educação, em nosso país, alcançou níveis inaceitáveis. Perdemos o Ministério da Cultura,
substituído por uma Secretaria Nacional que
não diz a que veio. São ações que deixam o
mundo cultural com um aspecto sombrio,
incompatível com as esperanças que cultivamos. Voltar à existência do
Ministério da Cultura, indispensável, para dar maior organicidade ao
trato da matéria seria uma primeira e decisiva medida a ser adotada
pelas nossas autoridades.
Um segundo movimento é a valorização do que chamamos de
“educação artística”. Defendemos, com todo ardor, a revivescência
dessa disciplina em todos os currículos, como convém. Um bom professor, mais do que nunca, deve ter uma sólida base cultural. Para
enfrentar, sobretudo, os questionamentos de um alunado cada vez mais
inquieto em suas indagações. A Cultura é um elemento indispensável
nessa formação moderna e procriativa.
Em segundo lugar, que venha a implementação de uma nova Lei
de Diretrizes e Bases da Educação, na qual é preciso que explicitamente
haja referência à existência da matéria referente à educação artística.
Não é preciso grande esforço para provar essa necessidade.
Estamos trabalhando com mais de 40 PECs (emendas constitucionais).
Isso provoca uma clara disfunção sistêmica, retirando a necessária organicidade no trato da legislação pedagógica. Uma nova lei é preciso que
surja – e com a necessária urgência.
Esses pontos basilares das reformas indispensáveis foram discutidos no recente Seminário “Formação de professores: a reinvenção necessária”, promovido junto às comemorações dos 50 anos da
Fundação Cesgranrio, presidida com brilho pelo educador Carlos
Alberto Serpa.
O professor é o agente educacional básico. É ele quem interage
com o aluno quase o tempo todo. Por paradoxo, o magistério, em geral,
não recebe a consideração merecida. Quando falamos em ensino híbrido, a ideia é que a modalidade seja mais participativa, sem jamais substituir o professor. O modelo híbrido requer adaptações no currículo, que
exigem a colocação em marcha de uma urgente estratégia de redução
das desigualdades
Ainda não podemos ter respostas fechadas de como deverá ser a
melhor prática ou metodologia adotada no modelo híbrido. Mas é conclusivo que a travessia do período de crise derivada da pandemia nos
leva à certeza de que não se pode voltar a lecionar apenas no modelo
tradicional. É urgente reverter o quadro que ceifou o direito ao desenvolvimento pleno de uma geração inteira, anulada pela dificuldade de
planejamento público e pela falta de incentivo à cultura e priorização
da educação.