Maio - 2021 - Edição 267

Futuro a distância

O uso de inovações tecnológicas no ensino foi acelerado pela pandemia do novo coronavírus. Trouxe, a reboque, o reforço da valorização de habilidades essencialmente humanas, que (ainda) não foram substituídas pela máquina: criatividade, empatia, liderança e empreendedorismo, entre outras competências tão importantes para o profissional desse “novo” normal. As tendências para o futuro tornarão a educação onipresente, com o modelo convencional atuando junto com a formatação on-line, praticada nos cursos de educação a distância (EAD). Boa parte das escolas vai caber nos dispositivos móveis, tornando possível respeitar o ritmo de aprendizagem de cada aluno. Caberá ao professor de amanhã o papel de curador, escolhendo os conteúdos, os meios e fazendo a conexão entre eles.

A modalidade EAD não é nova. Há registros do século passado, mostrando sua aplicação em países desenvolvidos. Aqui no Brasil é que as coisas sempre foram lentas. Ainda hoje se questiona o seu emprego, por uma justificativa altamente discutível: o medo da pilantragem. Os problemas para a incorporação da tecnologia pela escola brasileira incluem muitas falhas na infraestrutura, além da formação docente. Um dos tradicionais obstáculos à realização dos programas pensados é a escassez de recursos financeiros. Há um discurso na praça afirmando que não é esse o maior dos nossos problemas. O que pesa no processo é a falta de qualidade operacional. Cita-se como maior exemplo, no caso do magistério, o fato comprovado de que melhores salários não são determinantes de uma grande mudança. Se os salários fossem dobrados, nem por isso a qualidade seria estabelecida de imediato. Isso depende de uma série de fatores, alguns até bastante complexos. Hoje, os investimentos na função educação alcançam 6,3% do Produto Interno Bruto. Deveriam chegar a 10% em escala nos anos seguintes. São recursos dignos de países industrializados, mas o que nos impacienta é que não se sente um adequado planejamento sobre o que vem por aí.

Qual o milagre que se espera para acabar com os 12 milhões de analfabetos adultos hoje existentes? O que fazer para que a educação infantil deixe de ser prioritária só nos discursos e passem a existir as creches tantas vezes prometidas? O ritmo de trabalho do que temos visto não nos deixa nada otimistas.

A procura por cursos de formação de docentes a distância foi estimulada por lei. Há mais de 20 anos, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) tornou obrigatória a formação em ensino superior para professores da educação básica. Como muitos docentes já davam aula sem diploma universitário, o curso remoto acabou sendo uma boa opção – a maioria dos alunos de cursos a distância no Brasil trabalha e estuda ao mesmo tempo.

Ao longo da história, a escola foi adaptando-se às novas tecnologias. Num primeiro momento, a educação formal era baseada em aulas expositivas, com o enfoque no discurso do professor. Atualmente, temos diversas mídias educacionais. O grande desafio é saber utilizá-las de modo eficiente e permitir que elas contribuam com as práticas pedagógicas