Dezembro - 2020 - Edição 262

Estão destruindo a floresta

Ainda bem que há pessoas com boa memória. Três delas lembraram agora que há 40 anos escrevi o livro infantil A Constituinte da Nova Floresta, Editora Nova Fronteira, com belíssimas ilustrações do genial Maurício de Sousa. Quando lhe mostrei o texto, ele me disse: “Se eu me divertir com a sua leitura, farei os desenhos.” Foi o que aconteceu – e o livro tem mais de 10 edições.
Idinha Seabra, Gilda Milman e Ruth Niskier elogiaram a obra, que é uma defesa candente do nosso meio ambiente. Logo no primeiro capítulo, veio a afirmação objetiva: “Estão destruindo a nossa floresta!” Reparem que a denúncia das queimadas vem de longe.
Os bichos não se conformaram e propuseram a realização de uma Constituinte, para que fossem tomadas as providências cabíveis. A Assembleia foi presidida pelo cachorro Guima e as críticas dirigidas ao Cavalo Manhoso, na época o presidente. Tudo isso é publicado no Diário da Floresta, que combatia a venda ilegal de madeiras da floresta.
Reparem que essa história é mesmo antiga. Tudo foi transformado num musical, que fez o maior sucesso, no Teatro da Barra. Numa clareira da floresta, todas as noites, reuniam-se os representantes dos partidos existentes: PDS (Partido Democrático da Selva), PMDB (Partido da Mata Democrática dos Bichos), PFL (Partido da Floresta Liberal) e o PT (Partido do Tatu), além do PSB (Partido Socialista dos Bichos). A discussão era enorme e havia um racha entre as formigas e as abelhas operárias. Os verdes atrasaram no registro do seu Partido. Seus membros ficaram azuis de raiva.
Com a renúncia do Presidente, foi instaurada a Nova Floresta. Nilda Girafa pediu a palavra, mas ninguém entendeu nada do que ela falava. A “tchurma” preferiu ouvir o recital do conjunto Barões da Selva. Os macacos pediram a criação da Bananobrás, o que acabou acontecendo. O macaco Simão deu bananas prá todo mundo. Lula Barbuda fez um tremendo discurso e a sessão foi iniciada. A floresta passou a ter uma nova Constituinte, com a aprovação do artigo mais importante: “O amparo aos bichos é dever de todos.” Com a Nova Constituinte, foi possível preservar convenientemente a floresta. E todos viveram felizes para sempre.