Julho - 2020 - Edição 257
70 anos de Maracanã
No dia 16 de junho de 1950, o Estádio
do Maracanã foi solenemente inaugurado. E
eu lá estava, com quinze anos de idade, não
como jogador de futebol, mas como representante da equipe de natação do América
Futebol Club. Acompanhei à beira do gramado a derrota da seleção carioca para a paulista.
Pouco tempo depois, como torcedor, acompanhei a Copa do
Mundo de 1950, vibrando com jogadores como Zizinho, Ademir, Danilo
e Jair. Era uma seleção notável e as goleadas iniciais jamais poderiam
antever a existência do “Maracanazo”, na final contra o Uruguai, em que
perdemos de 2 a 1. Foi uma choradeira geral.
Vivi dias memoráveis no Estádio Mário Filho, como cronista esportivo, de que me orgulhava muito, servindo à Última Hora e à Manchete
Esportiva. Até é possível lembrar de Zico (Flamengo), Garrincha e Nilton
Santos (Botafogo), Rivelino (Fluminense) e Roberto Dinamite (Vasco da
Gama). Eram gênios da bola.
Não me sai da lembrança a campanha do América, em 1950.
Faltando três jogos para acabar o campeonato, tinha 5 pontos de vantagem. Foi derrotado pelo Bangu, o Botafogo e o Vasco (na decisão),
perdendo o título, que só viria a conquistar ainda no Maraca, em 1960,
quando derrotou o Fluminense por 2 a 1 (gol decisivo de autoria do
zagueiro Jorge). Foi o último título do saudoso Mequinha.
Estive no Fla-Flu decisivo, em dezembro de 1963, ao lado de 194
mil torcedores (recorde para um jogo de clubes no estádio). E vibrei
com a vitória do Brasil sobre o Paraguai, em 1969, pelas Eliminatórias da
Copa de 1970. Havia 183.141 pagantes, o que jamais voltou a acontecer,
principalmente porque o Maracanã passou por uma série de reformas
que reduziram bastante a sua capacidade.
Nascido para ser do futebol, em 1950, tornou-se olímpico, em
2016. Mas teve outros usos, na verdade inesquecíveis, como foi o show
de Frank Sinatra, em janeiro de 1980. Quase 190 mil pessoas vibraram
com a histórica apresentação do The Voice. Era uma noite chuvosa,
plateia vibrante, mas, na hora do espetáculo, como por milagre, parou
completamente. O Maraca foi também das mulheres, com exibições
primorosas de Martha (a melhor do mundo por seis vezes) e suas companheiras. O estádio tornou-se lendário e, assim, comemora seus 70
anos de glórias.