Junho - 2023 - Edição 292
Conhecendo Fernando Pessoa
O poeta Fernando Antônio Nogueira Pessoa era português. Nasceu em Lisboa, em 1888. Seu pai teve ascendentes judeus.Os primeiros estudos foram feitos em Durban, na África do Sul, pois, após a morte de seu pai, sua mãe se casou novamente, indo para o continente africano para acompanhar o marido.
Em 1903, Fernando Pessoa recebeu o Prêmio Rainha Vitória, destinado ao melhor ensaio de redação.
Fez o curso de Letras quando retornou a Lisboa. Viveu muito a multiplicidade literária por meio da criação de heterônimos (1911). Foi o grande escritor que influenciou as gerações posteriores, tanto em Portugal como no Brasil. Faleceu em 1935, vitimado por uma cirrose hepática, resultante do abuso do álcool.
Relendo Fernando Pessoa
PadrãoO esforço é grande e o homem é pequeno:
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala aos ventos e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês.
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
Você sabia?
Heterônimo – é outro nome, de pessoa imaginária, a quem um escritor atribui a autoria de certas obras suas, obras com características e tendências diferentes do próprio autor. Fernando Pessoa teve 17 heterônimos, sendo os principais: Alberto Caieiro, Álvaro Campos e Ricardo Reis.Sem previsão
Um repórter, cobrindo um evento no Ceará: “Os organizadores não preveram o excesso de pessoas.”Imprevisível a fala do repórter. A forma verbal “preveram” está errada. A 3a pessoa do plural do Pretérito Perfeito do Indicativo do verbo prever (derivado do verbo ver) é previram.
Ele deveria ter dito: “Os organizadores não previram o excesso de pessoas.”
Motorista imprudente
“Rubens deu marcha ré e atropelou o cachorro do vizinho.”Que lástima! Espero que o cachorrinho esteja bem, apesar do erro do motorista.Veja: A forma mais correta é marcha à ré, com acento grave indicador de crase. Contudo, a expressão marcha a ré, sem acento indicador de crase, também está correta.
Embora frequentemente usadas, as formas marcha ré e marcha-ré não são catalogadas em dicionários. Marcha à ré e marcha a ré são expressões usadas para indicar uma marcha no sentido contrário ao sentido habitual, ou seja, uma marcha para trás em vez de uma marcha para a frente. Pode ser usada, também, apenas a palavra ré.
Frase correta: “Rubens deu marcha a ré e atropelou o cachorro do vizinho.”
Cantando desafinado
“A moça gosta de cantar, mas não é uma boa soprana.”Tenho certeza que “uma soprana” jamais cantará bem. A palavra soprano é comum de dois gêneros, sendo distinguido o masculino do feminino pelos artigos, pronomes ou adjetivos que a acompanham.
Em tempo, soprano – é o tipo de voz mais aguda.
Período correto: “A moça gosta de cantar, mas não é uma boa soprano.”
Ave em extinção
“As ararinhas estão em extinção porque não vivem mais no seu habitat natural.”Até as aves não aguentam tal pleonasmo (redundância): “habitat natural.”
Em tempo: habitat – lugar específico com características ecológicas, habitado por um organismo ou população. Em alguns dicionários, esta palavra aparece acentuada (hábitat). O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras registra apenas a forma latina, sem acento (habitat).
Período correto: “As ararinhas estão em extinção porque não vivem mais no seu habitat.”