Março - 2022 - Edição 277

Para nunca mais esquecer

Sufixo misto é aquele em que, na sua formação, os elementos etimológicos de origem são associados com outros elementos vernáculos. No caso de –iano e –iense, é resultado da combinação dos sufixos –ano e –ense com um i, cuja origem é a analogia com palavras em que esses sufixos figuram precedidos de i, que faz parte da raiz da palavra. Ex.: horaciano (Horácio) e italiano (Itália).


Sinal perigoso

“Matilde pediu ao médico dermatologista para retirar a berruga do rosto.”
Melhor assim! Veja: ambas as formas estão corretas e existem em nossa língua.
Porém, o termo verruga é mais utilizado.


Contrato cancelado

“Mateus queria destratar o contrato firmado com o dono da oficina, mas não conseguiu.”
Nem poderia! A palavra foi usada de forma errônea. É um caso de palavras parônimas (vocábulos parecidos na grafia e pronúncia). Veja: destratar (insultar, maltratar), distratar (desfazer contrato firmado).
Frase correta: “Mateus queria distratar o contrato firmado com o dono da oficina, mas não conseguiu.”


Engano

“À entrada de uma empresa está escrito: seja bem vindo!”
Isso não pode ser verdade. Ninguém é “bem vindo”, e sim bem-vindo, porque o advérbio bem deve ser separado do segundo elemento por hífen, na maioria das palavras.
Período correto: “À entrada de uma empresa está escrito: seja bem-vindo!”


Sentimento bom

“O bem-querer a todos é próprio daqueles que cultivam sentimentos puros.”
Não é bem assim, não! Este termo é uma exceção à regra anterior explicada.
Escreve-se: benquerer.
Outras exceções: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença e outras que lhes sejam afins.
Período correto: “O benquerer a todos é próprio daqueles que cultivam sentimentos puros.”


Mudança

“A moça se julga melhor do que os outros porque é Bacharel.”
Tudo bem, mas não aprendeu a nova regra: as titulações devem ser escritas com letra inicial minúscula, logo, o certo, agora, é bacharel.
Período correto: “A moça se julga melhor do que os outros porque é bacharel.”


Que fora!

“Nada há entre eu e você, somente amizade.”
Não tem nada mesmo, escrevendo assim. O pronome pessoal do caso reto eu só deve ser usado na função de sujeito, ou seja, antes de um verbo no infinitivo, como por exemplo: “Nada há demais entre eu pagar e você usar o plano da internet.”
Frase correta: “Nada há entre mim e você, somente amizade.”


Fedido demais

“Ingrid não queria ficar perto do primo, que estava mal- -cheiroso.”
Não creio que estava fedorento, escrevendo dessa maneira.
Não se emprega o hífen nas palavras compostas em que o advérbio mal se liga ao elemento seguinte iniciado por consoante. Ex.: maldisposto, malfalado, malnascido etc.
Frase correta: “Ingrid não queria ficar perto do primo, que estava malcheiroso.”


Com certeza

Hei de vencer é uma máxima que deveria ser seguida.
Duplamente correta: a ideia e a ortografia. Não se deve usar hífen nas locuções, sejam elas adjetivas, substantivas, verbais (hei de vencer), pronominais, adverbiais, prepositivas, interjeitivas ou conjuntivas.
Exceções, por uma questão de tradição: cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de- -meia, água-de-colônia, ao deus-dará, entre outras, têm hífen.


Tombo feio

“A criança caiu, bateu com o bum-bum no chão e chorou bastante.”
Coitada! Deve ter doído ainda mais ao bater o “bum-bum”. Observe: nas palavras onomatopeicas não se admite o uso de hífen: bumbum.
Período correto: “A criança caiu, bateu com o bumbum no chão e chorou bastante.”



Por Arnaldo Niskier – Ilustrações de Zé Roberto