Fevereiro - 2022 - Edição 276

Cheque cancelado

“Marcelo não aceitou o pagamento do corte de cabelo em xeque.”
Nem poderia! Veja: xeque (risco) e cheque (documento bancário) são palavras homônimas homófonas e heterógrafas, ou seja, têm som igual e grafia diferente.
Frase correta: “Marcelo não aceitou o pagamento do corte de cabelo em cheque.”


Regência verbal

Alguns verbos possuem mais de uma regência, como, por exemplo, o verbo custar:
a - no sentido de ser custoso, ser difícil: é regido pela preposição a.
Ex.: “Custou ao balconista para entender o que o médico escreveu na receita.”
b - no sentido de acarretar, exigir, obter por meio de: usa-se sem preposição.
Ex.: “O sítio custou-me todas as economias.”
c - no sentido de ter valor de, ter o preço: usa-se sem preposição.
Ex.: “Iates custam caro.”


Jogo desastrado

“Joel assistiu o jogo do Palmeiras ao lado do filho, mas o time perdeu.”
Que lástima! Falharam a zaga do time e a regência verbal. O verbo assistir, no sentido de ver, presenciar: exige a preposição “a”. Ex.: “Não assistimos ao show.”
Frase correta: “Joel assistiu ao jogo do Palmeiras ao lado do filho, mas o time perdeu.”


Capim santo

“Nayara levou Amanda para colher capim açu, no cerrado da Bahia.”
Dessa maneira, não vão colher nada.
Veja: Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
Ex.: amoré-guaçu, anajá-mirim.
Frase correta: “Nayara levou Amanda para colher capim-açu, no cerrado da Bahia.”


Flores em profusão

“Vesna adorava o jasmim, mas preferiu fazer um jardim de madre-silvas.”
Não vai florescer, escrevendo assim! Veja: Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Ex.: paraquedas, pontapé etc. Frase correta: “Vesna adorava o jasmim, mas preferiu fazer um jardim de madressilvas.”


Beleza pura?

“Guacyra discutiu muito com a atendente da loja que vendeu o anti-rugas fora da validade.”
Fez bem! Produtos fora da validade podem causar sérios problemas ao organismo.
Veja: Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Ex.: minissaia, ultrassom, semirreta etc.
Frase correta: “Guacyra discutiu muito com a atendente da loja que vendeu o antirrugas fora da validade.”


Viajante do espaço

“Janaína queria uma nave inter-estelar de presente de aniversário.”
Não será atendida. Veja: Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal. Ex.: superaquecimento, interestudantil etc.
Frase correta: “Janaína queria uma nave interestelar de presente de aniversário.”


Diariamente

“Ester não come arroz e feijão no seu dia-a-dia.”
Dessa maneira, vai acabar com inanição. Veja: conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, não se emprega mais hífen na expressão dia a dia (locução substantiva).
Frase correta: “Ester não come arroz e feijão no seu dia a dia.”


Perdido

“Guanayra não sabe onde pôs o inseticida aerosol.”
Assim, não vai achar nunca!
A palavra aerosol está escrita de forma errada.
Veja: as palavras formadas pelo prefixo aero seguidas do segundo elemento iniciados por r ou s, estas consoantes se duplicam.
Ex.: aerossinusite, aerorraquia.
Frase correta: “Guanayra não sabe onde pôs o inseticida aerossol.”


Mau agouro

“Ana Paula tem medo dos gatos pretos, diz que eles dão asar.”
Gato voa? Da forma como ela redigiu, é a impressão que se tem.
Veja: Azar e asar são palavras parônimas, ou seja, vocábulos que apresentam semelhança de grafia e pronúncia, mas que diferem no sentido.
Azar – má sorte, casualidade, desgraça
Asar – guarnecer ou dispor de asas
Frase correta: “Ana Paula tem medo dos gatos pretos, diz que eles dão azar.”



Por Arnaldo Niskier – Ilustrações de Zé Roberto