Novembro - 2020 - Edição 261

Autorreflexão

“Sabrina é adepta da autorreflexão, o que certamente a ajuda diante das dificuldades do dia a dia.”
Perfeito! Além de cuidar da mente e do espírito, a língua portuguesa agradece a ortografia (grafia correta).
autorreflexão – quando o prefixo termina em vogal (auto) e a segunda palavra começa com R (reflexão), este R precisa ser duplicado. E mais: dia a dia não tem mais hífen.


Local perfeito

“O espaço recém concluído ficou muito bonito.”
É verdade, mas a forma “recém concluído” está errada, pois falta o hífen: recém- -concluído – os nomes compostos cujo primeiro termo é recém exigem o hífen.
Frase correta: “O espaço recém-concluído ficou muito bonito.”


Pintura

“Qualquer pessoa se detem para observar a linda pintura na parede da sala, na casa de Jussara.
Escrito desse jeito não desperta a vontade esperada. O verbo deter é derivado do verbo ter e, na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, tem acento agudo (oxítona terminada em – em): detém.
Período correto: “Qualquer pessoa se detém para observar a linda pintura na parede da sala, na casa de Jussara.”


Tragédia no trânsito

A greve dos motoristas de ônibus é tão grande ao ponto de as pessoas ficarem mais de 2h esperando nos pontos de ônibus sem poder se deslocar.”
Enquanto não resolvem o problema do transporte, vamos escrever corretamente.
Não se usa a expressão “ao ponto de”, o correto é a ponto de, locução prepositiva.
Período correto: “A greve dos motoristas de ônibus é tão grande a ponto de as pessoas ficarem mais de 2h esperando nos pontos de ônibus sem poder se deslocar.”


Dividindo

“Renata não soube dividir a maçã em duas metades iguais.”
Nem poderia! Cada uma de duas partes iguais em que se divide algo, denomina-se metade, logo, as metades têm de ser iguais e sempre serão duas.
Esse erro é conhecido como pleonasmo ou redundância. Frase correta: “Renata não soube dividir a maçã em duas metades.”


Sempre a crase

Não se usa crase antes de palavra masculina, mas há uma exceção: quando subentende a expressão à maneira de, à moda de. Exemplo: Ele pediu um filé à Oswaldo Aranha (à maneira de Oswaldo Aranha); Ela comprou um vestido à Dior (à moda Dior).


Sossego no campo

“Mariana mudou-se para uma xácara e aproveita o sossego do campo.” Não terá tanto sossego, escrevendo dessa forma. Veja:
Xácara – narrativa popular em verso / Chácara – pequena propriedade campestre.
Período correto: “Mariana mudou-se para uma chácara e aproveita o sossego do campo.”


Aviso perdido

“Irene prendeu o aviso no mural com algumas taxas que estavam sobre a mesa da recepção.”
O papel caiu, certamente! A palavra “taxas” está mal empregada no contexto da frase. Veja: Taxa – imposto / Tacha – pequeno prego de cabeça chata e larga.
Período correto: “Irene prendeu o aviso no mural com algumas tachas que estavam sobre a mesa da recepção.”


Você precisa saber

Cônjuge é um substantivo sobrecomum, ou seja, é um nome que tem somente um gênero, que serve para determinar masculino ou feminino.
Dessa forma, diga ou escreva sempre: o cônjuge, seja para marido quanto para a esposa. Não existe “a cônjuge”.


Na pressão

“Adriana chegou correndo na emergência pedindo que a enfermeira tirasse a sua pressão.”
Não vai melhorar! Não se “tira” pressão. Pressão se mede.
Período correto: “Adriana chegou correndo na emergência pedindo que a enfermeira medisse a sua pressão.”


Por Arnaldo Niskier – Ilustrações de Zé Roberto