Maio - 2020 - Edição 255

Café da manhã

“Luísa queria café-com-leite, mas só tinha suco na geladeira da casa da avó.”
Escrevendo desse modo, não tem desjejum que seja gostoso.
Veja: Não se emprega mais o hífen em locuções substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuntivas. Ex.: fim de semana, café com leite.
Período correto: “Luísa queria café com leite, mas só tinha suco na geladeira da casa da avó.”


Ainda sobre o hífen

No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas exceções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará.


Entrada errada

“Marisa entrou para dentro de casa quando começou o temporal.”
Escrevendo assim, era melhor ter ficado do lado de fora.
É uma redundância. Um exagero! Entrar é sempre para dentro.
Sair é sempre para fora. Subir é para cima. Descer é para baixo.
Prefira simplesmente: entrar, sair, subir, descer.
Período correto: “Marisa entrou em casa quando começou o temporal.”


Salada indigesta

“Marcelo comprou o alface para a salada, mas estava murcho e ninguém comeu.”
Pudera! Escrevendo dessa forma, hortaliça alguma será saborosa Alface é palavra feminina.
A alface, uma alface. Alface-crespa, alface-lisa, alface-americana.
Período correto: “Marcelo comprou a alface para a salada, mas estava murcha e ninguém comeu.”


Compaixão canina

“Regina estava com uma dó dos cães abandonados durante a pandemia.”
Admiro sua compaixão e piedade, mas a palavra dó deriva do latim dolus, que é masculina, logo, dó é uma palavra masculina.
A maioria das pessoas emprega no feminino por associação ao significado de “pena”, que é uma palavra feminina.
E, atenção! A palavra dó, quando se refere à nota musical, também é masculina!
É muito comum, por exemplo, observarmos músicos pedirem: “Me dá um dó maior”.
Exemplos: “Tenho muito dó daquela criança!”;
“Senti um dó imenso quando o vi naquele estado!”;
“Não sinto dó nenhum dele! Bem feito!” Frase correta:
“Regina estava com um dó dos cães abandonados durante a pandemia.”


Para não se confundir

Há muita confusão com a aplicação de: a, à, há e ah, pois ambas têm a mesma pronúncia (á), para que essa confusão acabe, quero explicar a diferença das mesmas, preste atenção: “A” é a primeira letra e primeira vogal do alfabeto da língua portuguesa e a sua pronúncia é “á”.
Nas frases, exerce a função de artigo definido, feminino, sendo utilizada sempre antes do substantivo com a função de determinante feminino.
Ex: “A Veneza de há 30 anos era muito diferente da que é hoje.”
Pronome pessoal oblíquo: refere-se à 3ª pessoa gramatical na função de complemento direto.
Ex: “Eu a conheço = Eu conheço ela.” Pronome demonstrativo (Válido para o masculino e para o feminino): quando seguido da preposição de ou do pronome relativo que, serve para designar pessoas ou coisas, situando-as no espaço ou no tempo: a de, a do, a que; o de, o do; o que.
Ex: “Eu sabia que era ela, a moradora do último prédio da rua.” Preposição: introduz complementos ou adjuntos; rege o infinitivo verbal com inú- meras funções; quanto ao tempo, refere-se ao futuro.
Ex: “O almoço chegará daqui a pouco.” “À” é a junção da preposição “a” e do artigo definido “a”, crase (a + a = à).
Ex: “Dei um presentinho à Margarida.” “Há” é a forma verbal do verbo haver na terceira pessoa do singular.
Como já tinha dito, o verbo haver tem vários significados (o que causa muita confusão) e o mais conhecido é o de existência de algo (Ex: Há uma pandemia aqui.), porém há mais significados, como de “tempo decorrido”.
Quando referimo-nos ao tempo decorrido, o verbo haver é impessoal (que não pertence ou se refere a uma pessoa em particular).
Ex: “O almoço chegou há pouco.”
“Ah” é interjeição.
Exprime admiração, alegria, compaixão, desejo, dúvida, espanto, impaciência, ironia, dor, tristeza etc.
Ex: “Ah, que dia lindo!”



Por Arnaldo Niskier – Ilustrações de Zé Roberto