Jornal de Letras

O Futuro da Educação

O Futuro da Educação (Edições Consultor) é a mais recente coletânea de artigos, lançada pelo acadêmico Arnaldo Niskier. As 111 crônicas reunidas em livro foram elaboradas ao longo da pandemia, incluindo temas que vão de memórias passadas a reflexões sobre o presente e projeções futuras.
No artigo que dá nome à obra – O futuro da Educação, Niskier reflete sobre o processo ensino-aprendizagem e alerta com orientações sobre os “novos tempos”. No índice, os assuntos são variados, passando por dramas familiares, como a morte do irmão Odilon, a perda da professora Anita Novinsky e do amigo Joseph Safra, entre outros. De Memórias da Quarentena, passando por Livro é Cultura, Saudades da Manchete, As Razões do Fracasso do Ensino, Educação 5G, Inovações na ABL, Viagens pelo Mundo, Os Riscos da Baleia Azul e Tempos de Guerra, entre outros, não faltam variações temáticas.
Jornalista na escolha dos temas, escritor na perfeição da linguagem, educador na visão humanística, matemático na precisão das ideias, a capacidade criativa do acadêmico é tão plural quanto a sua experiência de vida. Este livro reflete o talento multifacetado do autor. Arnaldo Niskier é membro da Academia Brasileira de Letras desde 1984, tendo sido presidente da ABL em dois mandatos. Foi quatro vezes secretário de Estado do Rio de Janeiro.

Travessia: A vida de Milton Nascimento

Travessia: A vida de Milton Nascimento (Ed. Record, 2022), de Maria Dolores, oferece um retrato de um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos. A edição, com novo projeto gráfico, traz um encarte com fotos inéditas do cantor, que este ano se despede dos palcos com a última turnê de sua carreira. Em 26 de outubro, Milton completa 80 anos de idade.
Oportunidade preciosa para conhecer a trajetória desse talento excepcional, a obra traz, ao longo de 420 páginas, ecos da infância aos dias atuais. A autora entrevistou, além do biografado, mais de sessenta personalidades da música, incluindo Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, os integrantes do Clube da Esquina, Nana e Danilo Caymmi, Ruy Guerra, Wayne Shorter e Herbie Hancock, e pessoas que conviveram com o artista, recheando as páginas da obra com histórias inéditas.
Milton Nascimento construiu sua carreira de maneira discreta, sem se encaixar em um único movimento ou estilo musical, mesmo tomando parte no movimento artístico e político de combate à ditadura militar que marcou as décadas de 1960 e 1970. Travessia: A vida de Milton Nascimento é o primeiro livro de Maria Dolores, produtora cultural e jornalista formada pela UFMG. Há mais de dez anos realiza projetos culturais e palestras em todo o Brasil.

O Tesouro da Ilha da Trindade

O romance O Tesouro da Ilha da Trindade (2022, de Adelpho Poli Monjardim, é o 32º livro lançado pela Coleção José Costa, que busca dar visibilidade a obras de escritores capixabas. A reedição do texto foi organizada por Francisco Aurélio Ribeiro, presidente de honra da Academia Espírito-santense de Letras, que afirma: “O enredo cativa por não ser linear; ao contrário, apresenta sempre uma surpresa, uma mudança de ação que prende o leitor.
As palavras em desuso, agora, ou mesmo de emprego restrito na época da composição do romance, nos incentivam para que façamos incursões aos dicionários (agora on-line), que nos permitem conhecer seu significado e nos divertir com essas descobertas.”
O prefácio, assinado pelo secretário municipal de Cultura de Vitória, Luciano Picoli Gagno, ressalta a importância da obra: “O romance fala de um dos locais mais inóspitos do mundo e que, curiosamente, pertence ao Espírito Santo, mesmo que muitos não saibam por se tratar de uma misteriosa ilha situada a muitas milhas de distância da costa.”
Nascido em Vitória, em 1903, Adelpho Poli Monjardim foi romancista, jornalista, servidor público, político, historiador e geógrafo. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e da Academia Espírito-santense de Letras.

Um Defeito de Cor

Vencedor do prestigiado Prêmio Casa de las Américas, Um Defeito de Cor (Ed. Record), de Ana Maria Gonçalves, com uma perspectiva feminina e moderna, apresenta-se como contraponto ao apagamento da história do povo negro. Décimo primeiro romance publicado por uma autora negra no Brasil, a obra traz edição ilustrada com conto inédito afrofuturista e texto de orelha de Cidinha da Silva.
Esse clássico contemporâneo ganhou edição de luxo, com sobrecapa, marcando o encontro de duas das mais aclamadas mulheres negras do mundo das artes: a escritora Ana Maria Gonçalves e a artista visual Rosana Paulino. O livro inspirou exposição homônima no Museu de Arte do Rio (MAR), reunindo 400 obras de mais de cem artistas.
Incluído na lista da Folha de São Paulo como o sétimo entre 200 livros mais importantes para entender o Brasil em seus 200 anos de independência, Um Defeito de Cor conta a saga de Kehinde, mulher negra que, aos oito anos, é sequestrada no Reino do Daomé, atual Benin, e trazida para ser escravizada na Ilha de Itaparica, na Bahia. Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, interior de Minas Gerais, em 1970. Seu primeiro livro foi Ao Lado e à Margem do que Sentes por Mim (2002).

Coleção Luiz Carlos Ritter

Um dos maiores colecionadores de obras de arte do Brasil, Luiz Carlos Ritter tornou público um conjunto expressivo de suas peças no livro Coleção Luiz Carlos Ritter, numa belíssima edição organizada por Max Perlingeiro. Editado pela Pinakotheke, a obra bilíngue (português/inglês), com 304 páginas, traz textos da acadêmica Nélida Piñon, Ana Cristina Reis, Vanda Klabin, Clelio Alves, Ricardo Linhares, e uma conversa com o editor, Max Perlingeiro.
A publicação inclui imagens e fichas técnicas de pinturas, desenhos, aquarelas e gravuras de grandes artistas, como Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, José Pancetti, além de nomes como Frans Post, Giorgio Morandi, Pierre-Auguste Renoir, e ainda de Lygia Clark e Hélio Oiticica.
Sua preciosíssima coleção inclui um jardim de esculturas em uma propriedade da família em Guarapari, Espírito Santo, retratadas no capítulo “Jardim de esculturas”, onde estão representadas a modernidade e a contemporaneidade na arte escultórica. O modernismo, outro núcleo importante da Coleção, é representado por obras de Guignard, Volpi, Portinari, Di Cavalcanti e Flávio de Carvalho. Na categoria estrangeiros, obras de Giorgio Morandi, Alfred Sisley, Joaquín Torres García e Pierre-Auguste Renoir. Um capítulo do livro é dedicado a artistas gaúchos (Iberê Camargo e Pedro Weingärtner), em homenagem à origem do colecionador.

Em Primeiro Plano

Em Primeiro Plano (Autografia, 2022) é o segundo livro de Rose Pinheiro, que estreou na literatura com o sucesso A finitude é uma incógnita, no ano passado. Com um texto leve, fluente e bem alinhavado, Rose narra a trajetória de uma mulher de meia-idade, refletindo, com sensibilidade envolvente, sobre o convívio de três gerações de mulheres fortes e determinadas. Diante de conflitos sobre a natureza humana, entre a emoção e a razão, a protagonista (Lara, médica bem-sucedida) toma consciência das escolhas que fez na vida.
Na orelha, Maria Helena Cosenday afirma: “como não sentir empatia quando a autora nos conduz pelo universo feminino, tendo o amor como norteador das atitudes em busca da felicidade?” E recomenda: “Uma leitura que ressalta a força das mulheres na busca da felicidade e que facilmente nos faz sentir protagonistas da história.” O comentário de Ana Resende se une em elogios: “Uma leitura que te prende, leve, dinâmica e divertida.” Dividido em 12 capítulos, ao longo de 174 páginas, Em Primeiro Plano é o primeiro volume da trilogia que está por vir – Os Tons de Lara.
Pianista e professora, Rose Pinheiro mora no Rio de Janeiro e divide o tempo com a família, os livros e a música.