Junho - 2022 - Edição 280
Uma vida pela educação e cultura
A biografia Carlos Alberto Serpa – Uma vida pela Educação
e Cultura, segundo definição do autor, é quase um “relató-
rio de vida, escrito com muito amor e esperança, dedicado
especialmente aos jovens”. Lançado em meio às comemo-
rações aos 80 anos do autor, completados no dia 7 de abril
de 2022, a obra, de 304 páginas, é dividida em duas partes,
em que Serpa aborda desde suas referências ancestrais, com
homenagem ao avô, Justiniano de Serpa, fala da importância
da mãe, Julieta, e da esposa, Beth, passando pela infância,
adolescência, formatura, capacitação profissional, prêmios,
produções e projetos diversos nas áreas de educação e cultu-
ra, além dos sociais.
Formado em Engenharia Industrial e Metalúrgica na PUC-
Rio, Carlos Alberto Serpa foi assumindo cargos importantes
na universidade, até se tornar reitor interino, aos 27 anos.
Aos 80 anos recém-completados, tem como um dos maiores orgulhos do seu legado
para a educação a idealização, em 1971, da Fundação Cesgranrio, referência nacio-
nal na área de avaliação, que unificou os vestibulares do Grande Rio. Presidente da
instituição desde então, dirige, entre outros, a Casa de Cultura Julieta de Serpa, a
Companhia de Teatro Julieta de Serpa, o Teatro da Cesgranrio, a Academia Brasileira
de Educação (da qual é presidente), a Orquestra Sinfônica Cantores da Cia. de Atores
da Casa Julieta de Serpa e, ainda, projetos sociais, como o “Apostando no futuro”, no
Rio Comprido.
Contato
A coletânea Contato (2021) é o resultado do desafio aceito
por escritores mineiros que, momentaneamente, afasta-
ram-se de seus habituais escritos e enveredaram no gênero
da ficção científica. Todos trazem em comum igual admi-
ração pelo projeto Livro de Graça na Praça, que completou
19 anos, buscando a democratização da leitura por meio
da produção e distribuição gratuita de livros em praças
públicas. Com o apoio da Academia Mineira de Letras,
cerca de 2 milhões de leitores já foram beneficiados.
Os contos receberam coordenação de José Mauro Costa,
que agradeceu os textos, na introdução: “meu reconhe-
cimento a todos os escritores que aceitaram esse chama-
mento. Comungam no mesmo ideal de nosso evento: Educação, por intermédio do ler
e escrever, como importante alicerce no desenvolvimento do nosso Brasil.”
No prefácio, Eugênio Ferraz fala sobre a desafiante tarefa de escrever ficção científica:
“Como a heresia em se dizer ‘espaço de tempo’ em vez de ‘período já foi superada, na
mistura de espaço e tempo tudo pode ser imaginado como o foi por gênios da ficção
científica passada e o será por gênios da ficção científica presente e futura, cujo pró-
prio nome ficção não nos deixa sequer imaginar o que virá pela frente, em momento
próximo e em tempo e espaço, não tão longínquos...”
Metendo a colher
Metendo a Colher: Coletânea de artigos e outros textos sobre
violência contra a mulher (Editora Gryphus, 2022) é uma
coletânea de artigos sobre a violência de gênero publicados
em diversos veículos de comunicação, entre janeiro de 2021
e janeiro de 2022, levantando a preocupação com a cultura
machista que ainda permeia muitas de nossas relações
sociais. De natureza multidisciplinar, a maioria dos textos
é do organizador da obra, Wagner Cinelli de Paula Freitas,
mas há importantes contribuições do acadêmico Zuenir
Ventura (O Globo), Melissa Duarte, Renata Izaal, Camille
Pezzino, Paulo Alonso e Gabriela Zimmer.
O foco principal que perpassa toda a obra é a violência
praticada pelo homem contra a atual ou ex-companheira.
Engloba, nesse contexto, diversos assuntos, como o ciclo
da violência, a importância da proteção à mulher e a necessidade de seu empodera-
mento social. O título inspira-se no ditado “em briga de marido e mulher, não se mete
a colher”. Ao final, um poema que aborda um caso de violência perpetrada por um
marido abusador contra uma vítima que não compreendeu a tempo a gravidade da
situação em que vivia. Por situações como essa e por tantas outras, não meter a colher
é coisa do passado – daí a relevância do verbo no gerúndio: “Metendo a Colher”.
O espetáculo não para
Em Domingos Montagner – O espetá-
culo não para (Máquina de Livros),
Oswaldo Carvalho narra a traje-
tória do ator, teatrólogo, palhaço, empresário e produtor
Domingos Montagner, da infância em Tatuapé à tragédia que
o levou, aos 54 anos, no auge do sucesso, em 2006, tragado
pelo Rio São Franscisco, na época em que gravava a novela
“Velho Chico”.
A história de Domingos se confunde com o renascimento do
circo no Brasil, entre o fim dos anos 1980 e os 1990. O autor
também reconstrói histórias do cinema e da TV, quando o
protagonista se tornara alvo de disputas entre diretores, ao
mesmo tempo em que encantava colegas pela humildade e
generosidade.
A obra foi escrita a partir de vasta pesquisa documental e de entrevistas com mais
de 80 parentes, amigos, artistas, diretores e profissionais que participaram de todas
as fases da carreira de Domingos. Desde o inseparável parceiro Fernando Sampaio e
o saudoso Luiz Gustavo (que fez um texto especialmente para o colega, reproduzido
no livro) até estrelas com quem contracenou, como Antônio Fagundes, Lilia Cabral,
Ingrid Guimarães, Cauã Raymond, Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Camila
Pitanga, entre outros. O texto da orelha é da atriz Denise Fraga, amiga que conviveu
de perto com Domingos.
O judiciário do nosso tempo
O Judiciário do nosso Tempo – Grandes nomes escrevem sobre
o desafio de fazer Justiça no Brasil (Globo Livros), organizado
por Maria Tereza Sadek, Pierpaolo Bottini, Raquel Khichfy,
Sergio Renault, reúne artigos de alguns dos maiores especia-
listas em assuntos ligados à Justiça brasileira, refletindo sobre
suas atividades profissionais. Entre os autores, a ministra
Cármen Lúcia, que assina, junto com Maria Tereza Sadek, o
artigo Transparência e Poder Judiciário.
Em linguagem simples e acessível, dividida em três grupos
temáticos, a obra aborda questões múltiplas, como a transpa-
rência nas atividades dos órgãos jurídicos, o encarceramento
em massa, o papel fundamental da Defensoria Pública, o
poder investigativo do Ministério Público, os desafios para um Judiciário mais inclusi-
vo, a rotina das Varas da Infância e Adolescência, a liberdade de expressão, a confiança
na justiça como pilar para a democracia, entre outros.
O resultado reúne diversos pontos de vista relevantes expostos por ilustres juízes,
juristas, advogados, professores, promotores, defensores públicos, economistas, cien-
tistas sociais, empresários e jornalistas.
O Judiciário do nosso Tempo é um convite a todos os brasileiros que desejam uma
nova forma de compreender o sistema judicial brasileiro. O livro traduz também os
motivos pelos quais o Judiciário é uma peça fundamental para a consolidação e o
aprimoramento da nossa democracia.
Sem máscara
Com base em apuração exaustiva e acesso às fontes que
gravitam o núcleo do poder, o jornalista Guilherme Amado
lançou, pela Companhia das Letras, Sem máscara – O governo
Bolsonaro e a aposta pelo caos (2022). Fundamental para a
compreensão do Brasil de hoje, a obra reconstitui, ao longo
de 448 páginas, os bastidores do governo Bolsonaro a partir
da eclosão da pandemia de Covid-19, oferecendo ao leitor
um retrato implacável do governo em seu momento de maior
tensionamento com as instituições.
Com prosa ágil e domínio narrativo, Guilherme Amado transi-
ta com facilidade dos lances da grande política aos conchavos
de gabinete, fazendo a crônica da presidência durante seu
período de mais aguda instabilidade institucional. Dando atenção tanto a persona-
gens-chave da cena política quanto aos que habitam as sombras, o autor escrutina
a aposta dobrada pela radicalização ideológica e pelo caos como método e motor do
bolsonarismo.
Guilherme Amado é jornalista investigativo. Colaborou para os periódicos O Globo,
Época, Veja e Extra. É John S. Knight Journalism Fellow na Universidade Stanford
e integra o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Em 2014,
recebeu os prêmios Esso e Tim Lopes com a reportagem Os embaixadores do
Narcosul. Atualmente, é colunista no Metrópoles e diretor na Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo (Abraji).