Maio - 2020 - Edição 279
O esplendoroso abismo da imaginação
Na 14ª edição da Coleção Dicionários, concepção e projeto de Luiz Coronel (Grupo Zaffari, 2019), os escritos
voltam-se para a obra influente de Virginia Woolf, autora
britânica nascida em 1882, desde a infância voltada para o
mundo da cultura e literatura, uma das mulheres escritoras
mais importantes do século XX.
A caprichada publicação, de capa dura, com 296 páginas,
conta com imagens e fotografias ilustrando os verbetes, com
textos de acadêmicos, mestres, doutores e ensaístas convidados, acrescida de um CD com os intérpretes Deborah
Finocchiaro, Fernanda Carvalho Leite e Luiz Coronel.
Virgínia Woolf é a segunda mulher cuja obra literária passa a
ser dicionarizada pela equipe editorial coordenada por Luiz
Coronel, que reúne em torno de 60 colaboradores a cada edição. A primeira foi Clarice
Lispector, com A Transcendental Visão do Quotidiano. Os dicionários João Guimarães
Rosa – Uma odisseia brasileira (2006). Machado de Assis – Ontem, hoje e sempre (2007)
e Carlos Nejar – Um homem do Pampa (2018) foram lançados na Academia Brasileira
de Letras.
Escritor, compositor e publicitário, nascido em Bagé, em 1938, cidadão emérito das
cidades de Porto Alegre e de Piratini, Luiz Coronel começou sua carreira literária na
década de 1970, com o livro de poemas Mundaréu – Prêmio MINC ano 1970. De lá
para cá, tem dezenas de obras literárias, premiadas no Brasil e no exterior.
Logística e programação
O livro Logística e Programação (2022) se soma à série de
publicações da UniCiee, feitas em parceria com a Edições
Consultor, resultado de estudos dos professores Arnaldo
Niskier e Manoela Ferrari.
A Universidade Corporativa do CIEE sinaliza um investimento estratégico no desenvolvimento das competências
essenciais às organizações, ao incentivar e estimular a
educação e o protagonismo do autodesenvolvimento.
Faz parte dessa missão a “Coleção UniCiee”, reunindo um
conjunto de obras sobre temas diversificados de extrema
relevância.
Com o avanço das tecnologias digitais, termos como logística e programação chegam às rodas de conversa com um
significado amplamente potencializado. O propósito desse livro é passear sobre a
multiplicidade desses conceitos, ampliando o entendimento e a aprendizagem que
gravitam no entorno deles.
No prefácio da obra, o chanceler da Universidade Corporativa CIEE, Humberto
Casagrande Neto, realça a relevância da leitura e a abrangência do tema: “A Logística
possibilita, entre outros itens abordados ao longo dos capítulos, que um país aumente
sua capacidade de produção e sua produtividade; realize, de forma eficiente e eficaz,
as atividades de comércio exterior; e contribua de forma efetiva para a melhoria dos
processos de distribuição de renda e de diminuição da desigualdade. Praticada de
forma eficiente, é um dos caminhos para se combater custos desnecessários.”
Ímã
Nesse número 7 da revista Ímã (2021), organizada pela jornalista capixaba Sandra Medeiros, a cor do Sol está presente
desde a capa, no rosto de grande impacto da pintura em
aquarela de Mr. Teal (BR-UK), seguindo em cada uma das
páginas, todas amarelas, e no brilho próprio de cada autor e
artista publicado: dos poemas e conto do miolo aos desenhos
e pinturas do encarte.
A publicação reúne autores do Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Portugal e também de dupla nacionalidade, como Mr. Teal, Elizabeth Coyle
e Íris Lykaios. Todos com trabalhos admiráveis e produção
singular, como os dos acadêmicos Carlos Nejar (A Civilidade,
Antielegia diante do fim do mundo e Antielegia atrás da caça)
e Antônio Carlos Secchin (Dois desprefácios).
A jornalista capixaba Sandra Medeiros aponta para o desejo de produzir “impacto”
nos leitores: “O impacto que senti quando vi o ‘Sol escrito-desenhado por J. Carlos é
o que gostaria que sentisse cada leitor ao vê-lo aqui. A edição de número 7 foi feita
enquanto pensava em duas pessoas especiais para a revista e para mim: Waly Salomão
e Bruno Liberati. Esta, acredito, será lida e guardada com afeto pelos autores e leitores,
o mesmo afeto dos gráficos que se esmeraram na impressão.”
Olhos Bruxos
Em Olhos Bruxos (Editora Penalux,
2019), Eliezer Moreira faz uma
homenagem a Machado de Assis. A
história tem como fio condutor o fascínio do protagonista
pela obra do grande mestre.
Emiliano Moreira, personagem central, é um livreiro, bibliófilo e escritor obscuro que, um dia, furta o pincenê
de Machado, em exposição permanente numa urna na
Academia Brasileira de Letras.
Desenvolvido em dois planos narrativos, cada um com linguagem própria, o livro tem dois supostos narradores. Um
deles, de escrita mais simples, e o outro, mais sofisticado.
Num dos planos, o narrador é um jornalista que se interessa pelo caso e passa a investigar o roubo. No outro plano,
um pastiche da prosa de Machado de Assis, o protagonista, em cartas à ABL, procura
apresentar as razões pelas quais furtou a relíquia.
Eliezer Moreira nasceu em Cocos, na Bahia, em 1956, mas vive no Rio de Janeiro,
desde 1979. Trabalhou como roteirista na TV Educativa e na TV Brasil do Rio, e também como repórter. Estudou Literatura Brasileira (Mestrado) e Literatura Comparada
(Doutorado) na UERJ. Entre os livros publicados, A Pasmaceira (Editora Record –
1990), conquistou o Prêmio Graciliano Ramos da União Brasileira de Escritores.
Da Vinci das crianças
Em Da Vinci das Crianças (Ed. Paulinas, 2009), José
Arrabal, com a liberdade de invenção que a literatura
permite, apresenta aventuras inspiradas nas fábulas e na
biografia do gênio do Renascimento.
Dividido em 20 capítulos, com 295 páginas, a obra traz
belas ilustrações da artista plástica paulistana Anasor
(pseudônimo de Rosana de Moraes).
O livro integra a coleção “Clássicos do Mundo – Série
Infantil”, que oferece um encontro com algumas das mais
importantes obras literárias de diversos países, expressando múltiplos pontos de vista da construção da humanidade.
Em prosa atual, apesar de dirigido às crianças, a leitura dos contos tradicionais e
mitológicos consagrados alcança todas as idades, comunicando as tramas presentes
em suas matrizes literárias com expressiva originalidade. Leonardo da Vinci, nascido
em Anchiano, na Itália, em 1452, é um exemplo de leitor pleno. Através de sua vida,
soube “ler a natureza”, sempre a favor do engrandecimento das artes e das ciências.
José Arrabal é professor universitário, jornalista e escritor, autor de livros de ficção,
ensaios, biografias, peças de teatro, poemas e roteiros, com mais de quarenta títulos publicados em editoras nacionais e estrangeiras. Natural de Mimoso do Sul, no
Espírito Santo, é radicado há mais de 30 anos em São Paulo.
A ostra e o teatro
A Ostra e o Teatro (Ed. Perse, 2021) reúne contos autobiográficos que envolvem três décadas da vida da autora
Marília Mangueira.
Escritos em tom de desabafo, os textos refletem sobre a
própria condição humana. A narrativa delicada expõe sentimentos universais, resultando numa obra firme, onde as
palavras surgem como potência.
Dividido em 74 capítulos, o livro surpreende pela prosa
ao mesmo tempo humana e lírica, que nos toca com a
intimidade própria dos poetas. A voz que nos fala vem
desnuda, sem máscaras, sincera e ousada, dando ao leitor
a compreensão do que há de evocativo nas lembranças
de quem escreve. Na orelha, Marcelo Luchesi sublinha o
efeito reflexivo do texto, apontando para o seu significado
a partir do título: “apenas a ostra produz pérolas e sempre a partir de sua dor.” No
prefácio, Silvia Paes, mestra em Artes pela UnB, aponta para o “convite feito para que
entremos dentro de nós”: “Este livro nos insere num contexto de busca, cujas pérolas
estão no caminho da trajetória de cada um de nós.”
Marília Mangueira nasceu e vive em Brasília, Distrito Federal. Formada em Artes
Cênicas pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, desde 2018 dedica-se à criação
literária.