Março - 2022 - Edição 277
A Sociedade de Todos os Povos
Na obra A Sociedade de Todos os Povos (Ed. Amarilys), José Arrabal apresenta uma saga cujo enredo trata, em especial, da emigração de trabalhadores espanhóis para o Brasil, desde as últimas décadas do século XIX. Com belas ilustrações de Daniel Araujo, o leitor tem em mãos 120 anos de histórias intensas. Realidade e ficção compõem vasto painel de aventuras, dificuldades, esperanças e certezas, em meio a controvérsias do século XX, como a I Grande Guerra, a Gripe Espanhola, a crise da agricultura cafeeira e a Revolução de 1930, o Estado Novo getulista, a II Guerra Mundial, a ditadura militar de 1964, a redemocratização da sociedade brasileira, mais os fatos ocorridos nos primeiros anos do século XXI. O romance reúne histórias vividas por famílias de várias origens. Gente que, com empenho, contribui para a realização do sonho de uma sociedade viável a todos os povos do mundo no Brasil. No prefácio, o jornalista Emerson Lopes da Silva destaca a intensidade da obra e sua eficiência no posicionamento diante do cenário político e econômico mundial contemporâneo. José Arrabal é professor universitário, jornalista, escritor, autor de contos, novelas e romances. Lecionou por muitos anos na PUC de São Paulo, na Universidade Metodista, UNIP e FAAP, em áreas de Letras e Comunicação Social.
Vidas perdidas
O título da coletânea Vidas Perdidas Marcam o Início do Século XXI (Ed. Jordem, 2021) anuncia o que o leitor encontrará nas 102 páginas da obra. No percurso da antologia promovida pelas acadêmicas da Academia Feminina Espíritosantense de Letras, temos uma visão diversificada do infortúnio mundial registrado literariamente em textos que vão do lirismo à tragicidade ao instrutivo e informativo. Em formatos diversificados, há tragédias pontuais, como Pandemina e Pandemônios de Valentina Krupnova e Lamento, de Ailse Cypreste. Na apresentação, o secretário municipal de Cultura de Vitória, Luciano Gagno, ressalta a importância da coletânea para as futuras gerações: “Estamos diante de uma obra marcante, que, além de ser concebida numa época de relevo, jamais será esquecida, devido a colaboração de Mulheres magníficas, com M maiúsculo, e que certamente terão muito a contribuir com o enriquecimento intelectual e emocional dos leitores.” No prefácio, a presidente da AFESL, Neusa Glória dos Santos, falou sobre os desafios e os impactos trazidos pela pandemia de Covid-19: “Todas essas feridas, impotências, com paralisação da vida normal, nos permitiu o nascimento e esperança de uma vida mais profunda, introspectiva, mais humana e mais próxima de um Deus de milagres que nos faz acreditar em um amanhã bem-aventurado.”
O perfume do bálsamo
E a casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo – frase retirada do Evangelho de João 12, 3 – intitula este belo livro sobre a espiritualidade da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, do Grão-Mestre da Ordem, Cardeal Fernando Filoni. Ao longo de 84 páginas, em linguagem simples e conteúdo profundo, a obra reflete sobre as convicções, os valores e as escolhas próprias, propondo o exercício da espiritualidade aos membros da antiga OESSJ. A primeira parte – Dimensão Bíblica da Espiritualidade. Jerusalém: o mistério. Lugares e pessoas – é dividida em nove capítulos. A saber: Em Betânia: um gesto para sempre; A cruz e a morte de Jesus; As personagens; O sepulcro vazio; A ressurreição; A paz esteja convosco! Uma mensagem para todos. Emaús: da parte dos Discípulos; Na barca de Pedro e finalizando, no Poço de Jacó. A água para não ter mais sede. Na segunda parte, a Dimensão Eclesiológica da Espiritualidade apresenta: a graça batismal; Jesus, a Palavra de Deus; Confiança: oração e Eucaristia; o mistério da caridade; uma realidade eclesial; o magistério da Igreja e a Ordem; o seu nome era Maria; “Depois, levou-os até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os” (Lc 24,50).
Desjeitos – alguma poesia
Desjeitos (Numa Editora, 2022) marca o retorno de Flávia Souza Lima à poesia 32 após sua estreia literária. O amor e seus (des)encontros, as impossibilidades provocadas pela pandemia e a relação com o fazer poético são alguns dos temas deste segundo livro da poeta, que estreou com Sobre-viver, lançado em 1989. A orelha é assinada pela cantora, compositora e escritora Joyce Moreno, que realça a delicadeza da coletânea: “Poesia assim é ouro”, afirma. Dois jornalistas saúdam a (re)estreia da autora: enquanto Patricia Palumbo dá as boas-vindas, Christovam de Chevalier destaca, no prefácio, a excelência da precisão na escrita, presente em cada um dos textos: “O leitor há de encontrar aqui uma poesia altamente provocativa, no sentido de instigar (e até mesmo debochar), sendo, ao mesmo tempo, terna e acolhedora, no sentido de ser um chão que ampara quando tudo em volta desmorona.” A apresentação coube à poeta portuguesa calíboreaz. Souza Lima é jornalista, produtora cultural e realizadora artística. Como jornalista, trabalhou no jornal O Dia e na TVE (hoje Rede Brasil). Atualmente, apresenta o podcast Chiado, sobre música, literatura e artes, e, por meio da Planetário Produções, criou o Festival Poemúsica, cuja primeira edição, realizada em 2021, contou, entre outros, com Áurea Martins, Guinga e Zé Renato.
O homem do chapéu de coco
O Homem do Chapéu Coco (Ed. Giostri, 2022), de Wilmann Costa, está em sua terceira edição. A primeira foi lançada em 2008 e a segunda, em 2018. Destinada ao público infantojuvenil, a trama de suspense instiga a curiosidade de qualquer leitor. Trata-se de uma obra de ficção, numa linguagem simples, bem de acordo com o público a que se destina. A narrativa se desenvolve em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, e tem início com um suposto crime que somente será solucionado no final. Com questionamentos sobre preconceito social e a ausência de afetividade familiar, a obra tem belas ilustrações de Tony D’Agostinho. Wilmann Costa é doutorando em Psicanálise Saúde e Sociedade, mestre em psicanálise; MBA em Gestão Empreendedora; gestor de uma Escola Pública pioneira em Educação Socioemocional; professor de Língua Portuguesa; integrante da rede Conectando Saberes; escritor de livros de ficção; assessor especial do secretário de educação do município do Rio de Janeiro; vice-presidente do Conselho Municipal do município do Rio de Janeiro; autor do livro A Educação no Século 21 – Novos Olhares. Escolhido pela Fundação Lemann como um dos Talentos da Educação em 2017, atua como palestrante, reunindo toda sua experiência na formação de docentes e gestores em prol de uma educação com excelência e equidade.
Poemas de um Peregrino
Nos textos reunidos em Poemas de um Peregrino (Letra Capital, 2018), Pe. Silmar Fernandes, com rigoroso domínio da forma e extrema profundidade na mensagem, nos revela a intimidade lírica própria dos grandes poetas. Na sonoridade dos versos, o autor planta seus “poemas-sementes” direto no coração dos leitores. Mantendo intocada a vocação literária, aliando erudição e leveza, a tessitura narrativa do Pe. Silmar é semeada com o zelo poético característico de sua trajetória. Os 126 poemas desta obra são tecidos artesanalmente com sintagmas que oferecem profundo conhecimento e sentido bíblico – Livro Sagrado que o inspira com maestria. A “voz” que nos fala vem de dentro da “Palavra”, revelando ao leitor a compreensão do que há de evocativo em suas memórias afetivas. O livro é dedicado ao saudoso pai Filadelpho, à irmã mais velha, Soninha, já no céu, e à mãe Glória Jean. Na orelha, o poeta Affonso Romano de Sant’anna destaca: “Seus textos denotam mais do que sensibilidade, vocação literária.” E o memorialista Antonio Carlos Villaça enaltece: “Uma poesia toda do coração, maravilhosamente forte, nunca superficial, nunca sentimental.” Nascido em Italva, Silmar Fernandes é pároco da Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, líder da Comissão de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural da Arquidiocese do Rio.