Dezembro - 2021 - Edição 274
Ana Botafogo – Arte e Vida
Ana Botafogo – Palco e vida, livro biográfico de uma das maiores bailarinas clássicas brasileiras, é assinado pelo pai dela, o médico-cirurgião Ernani Ernesto Fonseca, de 95 anos, que acompanhou bem de perto a carreira da estrela, colecionando fotos, notícias, cartazes e programas ao longo de mais de quatro décadas. O resultado é uma obra robusta, com material inédito que alia a gama de conhecimento com a elegância das palavras e imagens bem escolhidas, brindando o leitor com quase mil páginas de puro encantamento. Ana Botafogo está completando 40 anos de Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1981, aos 24 anos, ela se tornou a primeira-bailarina da companhia. No prefácio, Ernani Fonseca destaca, com a humildade generosa, característica da genética, o propósito principal da publicação: “Minha intenção é contar, por meio da carreira de Ana, um pouco da história do ballet no Brasil.” A apresentação é assinada pela ex-diretora do Theatro Municipal, Dalal Achcar, que afirma jamais ter visto semelhante trajetória de sucesso, no balé nacional, como a traçada pela estrela, que se tornou símbolo da dança no país. Na introdução, o acadêmico Arnaldo Niskier relembra o recorde de aplausos nas apresentações da bailarina, destacando que Ana Botafogo marca uma era em nossa cultura: “Vale a pena recordar seus feitos.”
A áfrica e os africanos
Em A África e os Africanos na História e nos Mitos (Ed. Nova Fronteira, 2021), o acadêmico Alberto da Costa e Silva faz uma viagem às várias Áfricas que coexistem. Motivado pelo prazer intelectual e pela alegria das descobertas, estabelece aproximações e diferenças, descortinando múltiplos enfoques para o tema. Costa e Silva reuniu fragmentos de histórias orais, transcrições de época, tradições e relatos de povos, líderes, linguistas, viajantes e estudiosos, resultando numa narrativa fluida e muito interessante, com erudição, sensibilidade e profundidade histórica. São 18 capítulos, que vão da História da África, passando por Africanos no Brasil, Para uma história comparada da escravidão, até O império, por despedida e Lagos, entre outros títulos. Escritor premiado, quarto ocupante da Cadeira nº 9, eleito em 27 de julho de 2000, Alberto da Costa e Silva presidiu a Academia Brasileira de Letras, entre 2002 e 2003. Foi membro do Conselho Nacional de Direito Autoral, entre 1984 e 1985; do Comitê Científico do Programa Rota do Escravo, da UNESCO, de 1997 a 2005 e do Júri do Prêmio Camões em 2001 e 2003. É membro do PEN Clube do Brasil, sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa da História
O Livro das Origens
O Livro das Origens: Uma leitura descomprometida do Gênesis (Ateliê Editorial, 2021), do acadêmico Geraldo Hollanda Cavalcanti, busca, como revela no título, ser uma leitura imparcial do Gênesis da Bíblia cristã. O texto bíblico é analisado, na medida do possível, como narrativa autorreferente, livre da carga exegética de natureza semântica, sectária, erudita ou confessional. O leitor terá a atenção chamada a todo instante para a literalidade da narração, com suas incoerências e contradições. Documento literário histórico, o Gênesis sofreu influência de mitos e textos literários religiosos de civilizações a ele anteriores. Este livro detém-se constantemente nesse aspecto intercultural e literário, articulando-se com outros dois de autoria do acadêmico: o Cântico dos Cânticos e As Desventuras da Graça. Nascido no Recife, em 6 de fevereiro de 1929, Geraldo Holanda Cavalcanti presidiu a Academia Brasileira de Letras em 2014 e 2015. Trabalhou no serviço diplomático desde 1954. Em 1978, foi designado Embaixador junto à UNESCO. Recebeu diversas condecorações no Brasil e no exterior. Em 2001, passou a dedicar-se exclusivamente à atividade literária. Em 2004, foi eleito presidente do Pen Clube do Brasil. Membro Efetivo da Academia Mexicana de Direito Internacional é vice-presidente da Fundação Miguel de Cervantes de Apoio à Leitura, membro do Conselho Editorial da Revista Poesia Sempre da Fundação Biblioteca Nacional, e do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio, Indústria e Turismo (CNC)
Eu Conto com Nossa Senhora
Na antologia Eu Conto com Nossa Senhora, Bruno Paulino e Luciano Dídimo reúnem, além de dois contos próprios e ilustrações diversas, 53 outros textos que trazem ao leitor aspectos do imaginário literário – e popular – em torno das muitas faces, nomes e representações de Nossa Senhora. A riqueza estética e a diversidade dos escritos evidenciam a fé nas mensagens de transcendência. A obra é prefaciada pelo cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani João Tempesta, que ressalta o sabor próprio da religiosidade brasileira, claramente esboçado nos contos que compõem o livro: “O conteúdo dos relatos nos revelam a beleza da sabedoria popular, através de histórias sobre situações e sentimentos que povoam o contexto de tantas vidas comuns, mas transformadas em testemunhos, enquanto marcadas pela fé.” Bruno Paulino do Nascimento é quixeramobinense, graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará, professor de Língua Portuguesa, é autor de Pequenos Assombros (2018). Luciano Dídimo Camurça Vieira é natural de Fortaleza (CE). Poeta e escritor, graduado em Administração e em Direito, é presidente da Academia Brasileira de Hagiologia, membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará e presidente do Instituto Horácio Dídimo. Autor dos livros de poemas A Rosa da Certeza (2016), A Rosa Marrom (2020) e A Rosa Verde (2021)
Memórias... Fatos e Fotos de uma Vida
Memórias... Fatos e Fotos de uma Vida (Ed. PoloBooks, 2021), de Aristóteles Drummond, é o resultado de uma longa e profícua vivência, em diferentes pontos de atuação, marcada por encontros ao longo de uma trajetória de 76 anos de vida e 55 de trabalho. Bisneto de Augusto de Lima e neto do historiador Lima Júnior, o jornalista, escritor, político, executivo do setor elétrico e, ainda, “conservador, católico, guloso e liberal” (como se apresenta no início do livro), o que não faltam são histórias, na vida de Aristóteles Drummond, que apresenta relatos, testemunhos, opiniões e recordações de uma jornada plena de realizações. Pautado nos princípios da cordialidade, fraternidade, tolerância, humildade, generosidade e, sobretudo, honestidade com suas próprias ideias, o autor nos brinda com uma leitura fluida e saborosa, daquelas que deixam saudades quando se chega à última página. A obra apresenta 19 textos, recheados com fotos de arquivo, e um “não prefácio”, que anuncia, nas páginas finais, a reprodução dos prefácios dos livros anteriores, assinados por Marco Maciel, Murilo Badaró e Antonio Olinto. As orelhas são de José Lorêdo Filho e José Fernando Aparecido e Oliveira. No total, 324 páginas imperdíveis. Nascido em 1944, no Rio de Janeiro, Aristóteles Colombo Drummond é jornalista desde os 18 anos, tendo ingressado na carreira em 1964, nos Diários Associados.
Turco Pobre, Sírio Remediado, Libanês Rico
O livro Turco Pobre, Sírio Remediado, Libanês Rico – A trajetória do imigrante Libanês no Espírito Santo (Instituto Jones Santos Neves) é resultante da dissertação de mestrado da professora Mintaha Alcuri Campos, defendida na Universidade Federal Fluminense, em 1984. Com uma pesquisa de fôlego, escrita clara, sem postura acadêmica, o texto resgata a trajetória da imigração libanesa no Espírito Santo, tornando-se referência para os estudiosos da historiografia. Mergulhada em fontes que variam de Arquivos Públicos de vários municípios a entrevistas com imigrantes e filhos de libaneses, a pesquisadora revisitou as razões da saída do Líbano, as inserções na economia do estado, os processos de mudança cultural e a religiosidade, costurando o fio da narrativa sem perder as rédeas da história. O resultado é uma obra de consulta obrigatória para os interessados no tema. Mintaha Alcuri Campos é filha de libaneses, nascida na cidade de Alegre (ES), em 19 de maio de 1930. Graduada em História pela Universidade Federal do Espírito Santo, foi professora do Departamento de História do Centro de Estudos Gerais. Mestra em História do Brasil pela Universidade Federal Fluminense (RJ) e musicista formada pela Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, é também membro do instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo