Maio - 2020 - Edição 255

História da Gente Brasileira

No quarto volume de Histórias da Gente Brasileira (Ed. Leya, 2019), Mary del Priore encerra a série Histórias da gente brasileira com República: Testemunhos (1951-2000), abordando a segunda metade do século XX. No período, o Brasil atravessou sucessivas tensões políticas e inúmeras mudanças sociais.
A premiada historiadora detalha as transformações que definiram o país em que vivemos hoje. Nas 448 páginas do livro, (re) visitamos um Brasil que viu suas cidades se verticalizarem e seguiu por uma odisseia no espaço doméstico.
Em sua robusta e fluida narrativa, Mary constrói um texto refinado, entremeado com testemunhos de quem viveu nesse tempo – anônimos e famosos, mas sempre sob um olhar muito pessoal –, registrando as mudanças nas ruas, salas de estar, jardins, geladeiras, estantes, guarda-roupas e lençóis.
Mary del Priore é historiadora, duas vezes pós-graduada pela École dês Hautes Études de Paris. Ex-professora dos Departamentos de História da USP e da PUC/ RJ, é autora de mais de 40 livros. Recebeu mais de 20 prêmios nacionais. É membro do PEN Club do Brasil, da Academia Carioca de Letras e do Conselho Consultivo da Confederação Nacional do Comércio; sócia do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto Histórico e Geográfico/RJ; sócia correspondente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia; acadêmica correspondente da Academia Nacional de La Historia de Argentina, da Real Academia de La Historia de Espanha e da Academia Portuguesa da História, entre outras instituições.

Havê-la enquanto se vive

No livro Havê-la Enquanto se Vive (2021), Thereza Christina Rocque da Motta reúne sua poesia de temática grega. Ao inédito O mar mais azul foram acrescidos textos compilados de 11 obras da autora que, em 2020, completou 40 anos de carreira literária. A edição marca o lançamento do selo Maat (Ibis Libris), voltado a publicações de mulheres.
Esse rico compêndio de 150 poemas de inspiração grega traz orelha (certamente a última escrita por ele) do poeta Cairo Trindade, morto em 2020, e prefácio do poeta, contista e crítico literário William Soares dos Santos. Dividida em 12 partes, a primeira é formada pelo inédito O mar mais azul. Dos 11 novos poemas, seis foram provocados pelo olhar da tradutora. Thereza Christina traduziu o livro The rise of Athens (A ascensão de Atenas), do historiador britânico Anthony Everitt, para a Ed. Planeta. Fascinada pela leitura da obra, escreveu novos poemas.
Poeta, editora e tradutora, integrante da Academia Brasileira de Poesia, do PEN Clube do Brasil e da Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil (Acilbras), Thereza Christina Rocque da Motta chefiou a pesquisa do Guinness Book, o Livro dos Recordes, e coordenou, até 1995, as pesquisas dos projetos especiais da Editora Três. Atualmente, concilia sua produção literária com o trabalho na Ibis Libris Editora, fundada por ela, em agosto de 2000

A onipotência festiva do nada

A Onipotência Festiva do Nada, livro de estreia de Cristina Fürst, é o primeiro lançamento do selo Maat, da editora Ibis Libris, voltado às publicações de obras de mulheres.
Com 140 páginas, dividida em três partes, a edição reúne uma seleção de contos, crônicas, poemas e aforismos, tratando de temas como liberdade de expressão, sororidade, resiliência e o respeito à individualidade. O título vem de um desses textos, “Mantra”, que diz: “Cultuo a onipotência festiva do nada.” A orelha vem assinada pela astróloga Claudia Lisboa. O livro é prefaciado pelo poeta e jornalista Christovam de Chevalier.
O ato de escrever é uma constante na vida de Cristina Fürst. Advogada, é oriunda da quinta turma de formação da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, onde defendeu monografia intitulada Controle Parlamentar da Administração Pública. Pós-graduada em Processo Civil e especializada em Políticas Públicas, foi a assessora jurídica da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, assessora-chefe da Assessoria TécnicaLegislativa; diretora de comissões, consultora-técnica da secretaria-geral da Mesa Diretora e consultora-chefe da Consultoria e Assessoramento Legislativo.
A escritora compartilha suas experiências literárias através do blog www.cristinafurst. com.br: “Para minha essência não abandonar o meu ser”, explica.

Jerusalém, Atenas e Auschwitz: pensar a existência do mal

Em Jerusalém, Atenas e Auschwitz: pensar a existência do mal (2021), Denis Rosenfield versa sobre o medo e sua libertação.
Sua base é ampla, explorando a filosofia, a teologia, a história e a política, ao longo de 576 páginas. A narrativa de fôlego tem por fio condutor o pensamento do mal, cuja referência histórica é Auschwitz como símbolo de uma nova forma da morte e da maldade – não apenas a morte no sentido natural, mas também em sua acepção política e, mais particularmente, totalitária. As referências filosóficas são abundantes, notadamente a Hobbes e a Hegel, ressaltando, nesse último, a “dialética do Senhor e do Escravo”, tal como é apresentada na Fenomenologia do Espírito. Dentre os filósofos engajados, confrontados existencialmente ao nazismo, destacam-se Karl Jaspers e Hannah Arendt. Rousseau aparece como um interlocutor privilegiado da questão judaica em uma perspectiva filosófico-histórica. Leo Strauss e Alexandre Kojève entram tendo por pano de fundo a discussão com Carl Schmitt, Hobbes e Hegel.
Teologicamente, há uma ampla discussão com pensadores judeus, católicos, protestantes e evangélicos, em que o parâmetro é o pensamento sobre a maldade tal como se desenvolve durante a Guerra e após.
Denis Rosenfield, docteurdétat pela Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne), é professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pesquisador do CNPq. Autor de diversos livros, é diretor da série de filosofia da coleção Passo-a-Passo, na qual publicou um volume sobre Hegel (2002).

Adeus Penderama e outros escritos

Em Adeus Penderama e Outros Escritos (Ateliê Editorial, 2008), José Paulo Cavalcanti Filho apresenta uma coletânea como um inventário provisório de saudades, olhares, dúvidas, indignações e esperanças. O livro reúne mais de cem textos. Dos afetos pessoais à violência, passam por política, economia, mídia e outros temas do cotidiano.
Sobre o título, o autor explica: “Engenho Penderama, onde nasceu meu pai. Não sei o que quer dizer esse nome. Melhor então considerar que tenha, de agora por diante, o sabor de perdidas ilusões, esquecidas marcas de um início distante, caminhos que não voltarei a percorrer, pedaços de alma que andam perambulando por aquele terraço e aqueles campos. Voltei depois ao que um dia foi um cenário grandioso, em minha memória, e encontrei só o presente dilacerado.”
O jurista José Paulo Cavalcanti Filho (Recife, 21 de maio de 1948) é advogado forma do pela Faculdade de Direito do Recife. Foi secretário-geral do Ministério da Justiça e ministro (interino) da Justiça, no governo do ex-presidente José Sarney. Consultor da Unesco e do Banco Mundial, ocupa a cadeira 27 da Academia Pernambucana de Letras. Autor de vários livros, entre eles o premiado Fernando Pessoa, uma Quase Autobiografia, vencedor do Prêmio José Ermírio de Moraes da Academia Brasileira de Letras, em 2012.

A chave do meu sonho

A Chave do Meu Sonho – ou como um parafuso solto fez-me encontrar a chave e o sonho, publicado pelo selo Uka Editorial este ano, comemora os 25 anos de literatura de Daniel Mundukuru.
Defensor das causas indígenas e educacionais, o professor Munduruku, de 57 anos, cujo sobrenome remete ao seu povo originário, do Pará, sonha em mudar a visão da sociedade brasileira através de livros e atos que reforcem “a outra versão da história”. É conhecido na cena literária por sua atuação desde 1996, data que marca a sua primeira publicação editorial, pela Cia das Letrinhas, com a obra Histórias de Índio.
Destinado ao público juvenil, com ilustrações de Rita Carelli, esse livro mostra o que acontece quando uma criança indígena é rejeitada pelos pais. A narrativa vai direcionando o leitor para os acontecimentos, enquanto apresenta a cultura de seu povo, suas relações sociais, as questões existenciais e sua jornada para tornar-se uma liderança espiritual. No prefácio, Elizabeth Serra, secretária-geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, elogia: “Com a chave que Daniel nos entrega neste livro, mais uma porta é aberta sobre a riqueza da cultura indígena e seus mistérios para nos orgulharmos de nossas raízes e caminharmos cada vez mais juntos.”