Setembro - 2021 - Edição 271

Nossa Senhora dos Prazeres

A robusta obra Nossa Senhora dos Prazeres e a História de Guaraciaba do Norte (Fortaleza, 2021) apresenta o resultado inspirado da devoção de José Luís Lira por suas raízes católicas.
Reunindo requintada pesquisa e rigorosa apuração, somadas a imagens e fotos históricas, a edição comemorativa dos 260 anos de bênção da primeira capela da cidade é apresentada ao longo de quase 350 páginas, num trabalho de fôlego e dedicação ímpares.

A narrativa é guiada pela vocação mariana de Lira, sem jamais perder qualquer dado histórico ou informação de caráter civil pertinentes ao contexto, resultando numa fonte sem precedentes da memória religiosa e histórica de Guaraciaba do Norte. Na orelha, as palavras do Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, enaltecem a piedade mariana de Lira, destacando o empenho do autor na elaboração de um verdadeiro legado ao povo de Guaraciaba do Norte. Na contracapa, os cumprimentos, em formato digital, do papa Francisco, enviados pela Secretaria de Estado de Sua Santidade.

O advogado, jornalista e escritor José Luis Lira nasceu no sítio Correios, em Guaraciaba do Norte (Ceará), no dia 17 de dezembro de 1973. Mestre e doutor em Direito pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina), pós-doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália), fundou a Academia Brasileira de Hagiologia e a Academia Cearense de Cultura, entre outras. É autor de 26 livros.

O Coração da Medusa

O Coração da Medusa (Reserva Natural Reluz, 2021) é o primeiro livro de poesia de Renata Bomfim, ex-presidente da Academia Feminina Espírito-santense de Letras. Descrito como “um livro mágico” pelo poeta e crítico literário nicaraguense Francisco de Asís Fernández Arellano e como um “caminho de transformação para o leitor”, pelo poeta português José Luis Peixoto, a obra bilíngue possui 158 páginas. Organizada em três capítulos – Canto Iniciático, Queda e Ascensão – o livro conta ainda com um conjunto de poemas intitulados “outros poemas”.
O itinerário de leitura constrói uma jornada que vai do sublime ao profano, dando voz a mitos transgressores e rompendo com o silêncio que ronda variados temas femininos. Poeta e ensaísta, a capixaba Renata Bomfim, nascida em 1972, é Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Ambientalista com forte atuação na defesa da Mata Atlântica, em 2007, criou a Reserva Natural Reluz, onde realiza trabalhos de preservação e educação ambiental.

Ganhadora da Medalha de Mérito de Defesa do Meio Ambiente “Roberto Anselmo Kautsky” e da Medalha de Mérito Cultural Renata Pacheco. Representou o Brasil em Festivais de poesia na América Latina. Publicou os livros Mina (2010), Arcano Dezenove (2012) e Colóquio das Árvores (2015), entre outros. Autora da Revista literária Letra e Fel, on-line desde 2007.

Ópera de nãos

Lançada pela Editorial Polibea para a América Latina, a obra Ópera de Nãos (2020), do consagrado poeta Salgado Maranhão, tem tradução de Verónica Aranda e prólogo do professor Charles Perrone, da Universidade da Flórida. Os versos originais e expressivos do autor prendem a atenção do início ao fim. Esbanjando perspicácia e criatividade, Maranhão possui um trabalho de linguagem muito pessoal.

Para Perrone, a linha central do livro provoca interrogações:
“Continuando a leitura até o final do livro, mais um par de perguntas nascem do título: se esta é uma ópera, mesmo figurada, qual a trama? Completa-se um perfil lírico-épico- -dramático? Ou terá simplesmente um enredo além-convenção naturalmente amorfo? E, ao mesmo tempo, um bis: o que – na matéria, no corpo, na alma, ou até na moral – é alvo de negação? Esse nãos plurais não acabarão sendo, afinal, no prazeroso espírito paradoxal dessa performance paginada que se chama poesia moderna, uma multifacetada afirmação?” José Salgado Santos, pseudônimo Salgado Maranhão, nasceu em Caxias, no Maranhão, em 13 de novembro de 1953. Participou do movimento de poesia marginal que vigorou nos centros urbanos do país, nos anos 1970. Seus primeiros poemas em livro foram publicados na antologia poética Ebulição da escrivatura: treze poetas impossíveis, editada pela Civilização Brasileira. Em 1998, recebeu o Prêmio Ribeiro Couto da União Brasileira dos Escritores. Neste mesmo ano, publicou Mural de Ventos, que foi agraciado, em 1999, com o Prêmio Jabuti.

A ópera dos ausentes

A Ópera dos Ausentes (2021), com 687 páginas, é o mais recente livro- -poema do autor goiano Gabriel Nascente. Concebido durante a quarentena da Covid-19, trata-se de “um testemunho vivo e traumático de uma das mais horripilantes tragédias epidemiológicas, que assombrou a humanidade desses últimos tempos, no planeta”. “Despedacei a minha alma para escrever este livro”, afirma Nascente.

O poeta, membro da Academia Goiana de Letras, completa 56 anos de poesia produzindo versos e arrancando dos escombros do sofrimento humano sua fonte de inspiração. Ao longo de sua trajetória poética, acumulou em sua bibliografia a soma de quase 70 livros publicados, entre os vários gêneros literários, com ênfase na poesia.

É detentor dos maiores prêmios do Brasil, dentre eles, o da Academia Brasileira de letras e o “Cruz e Sousa de Literatura”, de Santa Catarina, além de ser finalista (2º lugar) do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, de São Paulo. Atualmente, aos 71 anos, Nascente é âncora de eventos culturais do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, onde protagonizou a criação da Pinacoteca Des. Camargo Neto e do Espaço Cultural Goiandira do Couto. Todos os seus livros de poesia foram reeditados, em quatro volumes, sob o título geral de A Galáxia dos Dias.

Carlinhos Balzac

O livro de Carlinhos Balzac (Topbooks, 2021), novela bem- -humorada com muitos personagens da vida real carioca, é a terceira obra de ficção do jornalista e escritor mineiro Pedro Rogério Moreira, conhecido por seus livros de memórias – jornalísticas, literárias e políticas – e autor do aplaudido “Bela Noite para Voar: Um folhetim estrelado por J. K.”, que virou filme de Zelito Viana.

O livro busca o memorialismo como matéria-prima, mas, segundo consta na orelha da obra, “pode conter elementos autobiográficos, pois o autor viveu intensamente na imprensa carioca, no período da ação novelesca”. Nascido em Belo Horizonte em 16 de dezembro de 1946, Pedro Rogério Couto Moreira sucedeu o pai, o presidente perpétuo da Academia Vivaldi Moreira, na cadeira 38 daquela instituição, em 2001. Trabalhou nos jornais Última Hora, de São Paulo; A Notícia e O Globo, do Rio de Janeiro. Em Brasília, atuou na TV Globo, na Radiobrás, no SBT e no Jornal do Brasil. Foi diretor de projetos de mídia no Senado Federal. Integrou a assessoria da Presidência da República no Governo Itamar Franco.

Entre os livros publicados, estão Memórias da Diverticulite: geografia sentimental de Miguel Torga em Minas; Passeio pela Magia na História de Carlos Magno; Palavras Cruzadas; Sob o céu de Belo Horizonte e Fortuna Biográfica de Vivaldi Moreir

Puro Cristal

Puro Cristal (7 Letras) é a sexta coletânea de Rosália Milsztajn, que completa 30 anos de carreira este ano. A obra apresenta trinta e seis poemas em que a autora “lapida, com precisão, a palavra poética, capaz de reverberar a dor da existência”, conforme afirma o crítico literário Adriano Espínola, na orelha.

Os escritos estão elencados sem as tradicionais divisões por temas, comuns em livros de poesia. O texto de abertura, que dá título à obra, é o único em prosa. Ele funciona como um prólogo, no qual o cristal em questão, no lugar de brilhar, “corta como faca afiada” uma dor que consome (e corrói) absolutamente tudo – à exceção da poesia. A poeta abre sua voz de forma branda, cantando coisas cotidianas, como no tríptico formado pelos poemas “Todo dia eu vou à praia”; “Todo dia eu tomo café” e “Todo dia que me sento à mesa”. E, assim, ela começa “em algum lugar uma revolução”. No caso, a revolução acontece na própria poesia, onde nada passa despercebido.

Rosália Milsztajn é escritora, médica e psicanalista, autora de oito livros ao todo. Estreou com No Azul (Imago, 1991) e lançou, em seguida, Itgadal – memória dos ausentes (Diadorim, 1997); Luminosidades (7 Letras, 2000); Aqui Dentro de Mim (Aeroplano, 2003) e Esse Recorte (Patuá, 2014), com o qual ganhou o Prêmio Literário Nacional do Pen Clube do Brasil. É autora também de A História dos Seios (7 Letras, 2010), Era uma Vez e Outros Contos (2018), ambos de contos, e do infantil Não Briga Comigo (Ibis Libris, 2019).