Agosto - 2020 - Edição 270

As flores do mal

Na robusta obra As Flores do Mal (ao pé da fonte), em edição bilíngue pela 7 Letras, com 430 páginas, a tradutora Margarida Patriota pretende não só homenagear os duzentos anos de nascimento de Charles Baudelaire, como também contribuir para a leitura de suas Flores do Mal, pedra angular da modernidade poética nos principais idiomas literários do Ocidente. A tradutora explica, no prefácio, sua proposta pessoal, fruto da longa convivência com a poesia de Baudelaire, que sempre lhe pareceu mais bela em português, quando colhida “ao pé da letra”: “Dado que almejar à expressão perfeita da poesia baudelairiana em idioma outro que não o francês guarde semelhança com querer dar nó em pingo d’água, resta-nos esperar que o ângulo pelo qual a apresentamos lhe faça jus e traga para mais perto do leitor brasileiro de hoje.” Escritora, tradutora, professora universitária e radialista, Margarida Patriota é carioca (RJ) e mora em Brasília (DF), de onde comanda, há mais de 20 anos, o programa de entrevistas Autores e Livros, da Rádio Senado Federal 91,7 FM. Mestre e doutora em Literatura Francesa, lecionou por 28 anos no Departamento de Letras da Universidade de Brasília (UnB). Com 29 livros publicados, é membro da Academia Brasiliense de Letras desde 1990.

Desatadora dos nós

A obra Desatadora Dos Nós – História da construção da Capela de Búzios (Ed. MM, São Paulo, 2020) é mais do que um testemunho de fé de sua autora Isis Penido. Trata-se de uma narrativa de perseverança e lealdade, o retrato sincero do alcance de um propósito realizado. O leitor tem em mãos o relato da idealização de um sonho de infância: a construção de uma capela dedicada à Nossa Senhora. É nessa vertente, inesgotável em revelações que se pautam na obstinação, na perseverança e na generosidade, que Isis Penido vai tecendo o relato histórico da materialização da Capela de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, nos jardins da Igreja de Santa Rita de Cássia, em Búzios, na região dos Lagos do Rio, que já recebeu mais de dois milhões de peregrinos ao longo de sua existência. A obra é dividida em 23 capítulos, que vão delineando uma construção onde converge o poder da fé. No prefácio, o saudoso bispo emérito de Nova Friburgo, Dom Rafael Llano Cifuentes (1933-2017), ressalta a importância dos esforços da autora na difusão da devoção à Nossa Senhora. Isis Penido é advogada, juíza de paz e Lugar Tenente da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém, no Rio de Janeiro. Construiu com recursos próprios a Capela de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, em 2001.

Os escritos de meu prior

Os Escritos de meu Prior (Ed. Promidia, 2020), organizado pelo jornalista mineiro Dauro Machado, reúne 100 textos e reflexões do monsenhor André Sampaio de Oliveira, Comendador da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém. Na apresentação do jornalista da Rádio Vaticano Silvonei Protz, a afirmação de que o pensamento do monsenhor se alinha aos ensinamentos e questionamentos da Igreja: “Cada leitor poderá reconhecer claramente o grande amor que ele tem para com a Igreja, elemento central de sua reflexão a cada linha, mesmo quando o foco do discurso parece ser outro.” A obra ganhou prefácio do cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, que reflete sobre o nosso potencial de mudança através da boa leitura: “Não basta apenas crermos que Deus está conosco se não fizermos a nossa parte na caminhada da vida.” Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, integrante do Conselho Diretor do Pró-Saúde, pároco da Igreja Our Lady of Mercy, em Botafogo, formado na Escola Diplomática na Santa Sé, no Vaticano, fluente em vários idiomas, monsenhor André Sampaio de Oliveira é incardinado na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, atuando como assessor de Relações Internacionais e Institucionais do cardeal Dom Orani João Tempesta.

Inventário de esperanças

As transformações impostas pela pandemia dão o tom da obra Inventário de Esperanças e Outros Poemas (Ed. 7 Letras, 2021), quarto livro do poeta Christovam de Chevalier, onde as palavras surgem como potência de superação. A coletânea é dividida em quatro partes. A primeira delas tem o título de Nos Confins do Início de Tudo e traz textos de inspiração bíblica. A segunda, No Circo sem Teto de um País, é formada por 11 poemas sobre artistas circenses. O título é uma alusão ao livro No Circo sem Teto da Amazônia, do escritor Valmiki Ramayana, seu avô. Os dez poemas que compõem Instantâneos de um Lugar, a terceira parte, olham para um país profundo, como Luís Turiba especifica na apresentação. No Inventário de Esperanças, quarta e última parte, estão poemas provocados pelas transformações causadas pela pandemia. O livro surpreende pela escrita ao mesmo tempo humana e lírica, que nos toca com a intimidade própria dos poetas. A voz que nos fala vem de dentro de cada palavra selecionada, sem máscaras, com apuro técnico e lucidez. Christovam de Chevalier é autor de Um Livro sem Título (1998), No Escuro da Noite Em Claro (2016) e Marulhos, Outros Barulhos e Alguns Silêncios (2019). Tem poemas publicados nas revistas Rua da Unicamp, e da Biblioteca Nacional, além da coletânea Agora como Nunca, organizada por Adriana Calcanhotto e editada no Brasil (Cia das Letras, 2017) e em Portugal (Cotovia).

Elas

A coletânea Elas (Editora Jordem, 2021), coordenada por Neusa Jordem, reúne textos de dezessete autores, ao longo de 73 páginas. Terceiro volume da “Coleção Mulher”, os escritos apresentam-se em forma de prosa e verso, trazendo como elo de ligação a perspectiva feminina do mundo, seja na estrutura, na sintaxe, na semântica ou no ritmo. Na orelha da obra, a produtora cultural Neusa Jordem explica a busca do método como expressão pessoal, oferecendo, nos textos, a presença de uma força extra: “Isso é fundamental, pois transitando entre a ficção e a realidade, conjugando o passado, o presente e o futuro que se interpenetram e se confundem, manifestamos o desejo imperativo de dialogar com o leitor e lhe fazer um convite para que ele se lance à aventura e partilhe nosso mundo, que ele alie-se ao nosso sonho.” A coletânea reúne textos dos autores Amélia Zager, Brendda Neves, Carlos Augusto Furtado Moreira, Fabíola Vasconcellos Patta Sampaio, Hortencia Gomes, Igor dos Santos Caldeira, Isaura Calliari, Lucení de Sousa Fonseca, Manoela Ferrari, Maria das Graças Gozzer, Maria José Menezes, Maysa dos Santos, Orly Klippel, Patrícia Soares Teixeira Costa, Regina Menezes Loureiro, Sandra Valladão e Valéria Rusa Corradi.

O Andarilho das Américas

Em Romanceiro de Cabeza de Vaca – O Andarilho das Américas (Ibis Libris, 2020), Raquel Naveira se inspira na história do espanhol Don Álvar Nuñez Cabeza de Vaca, primeiro europeu a cruzar as Cataratas do Iguaçu, a caminho de Assunção, capital da colônia espanhola, em 1540. A passagem do espanhol pelo Pantanal motivou estudos regionais e a escritora sul-mato-grossense foi desafiada a escrever poemas sobre ele, resultando nesse romanceiro. A obra é composta por 20 poemas, distribuídos ao longo de 68 páginas, ilustradas com elegância pelo Acervo Roma Design. No prefácio, a historiadora Yara Penteado antecipa a beleza e o encantamento que o leitor tem em mãos: “Raquel Naveira escreve lindamente. E com erudição, faz poetagem da melhor. Sua poética é sonora, rítmica, rica. Chega aos ouvidos e à alma. E encanta. Ressoa pelo intelecto e nas emoções, com forte apelo. Tem o dom da escritura, da narrativa fluente e cheia de sabedoria e conhecimento. Não basta poetar. Tem que saber.” Raquel Naveira é escritora, professora universitária, crítica literária, mestre em Comunicação e Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP). Autora de vários livros de poemas, ensaios, romances e infantojuvenis, é membro da Academia sul-mato-grossense de Letras, da Academia Cristã de Letras de SP e ao PEN Clube do Brasil.