Abril - 2021 - Edição 266

Memórias do Vale do Café

Memórias do Vale do Café (Editora CRV, Curitiba, 2020), livro que tem como organizadores Bayard Do Coutto Boiteux e Marcelo Tesserolli é uma bela iniciativa do Instituto Preservale, visando a divulgação de uma das regiões históricas mais importantes do país.
O Vale do Café fluminense é um guardião de nossa história, onde restaram construções belíssimas de fazendas produtivas do século XIX que marcaram a cultura brasileira. A coletânea reúne18 textos diversos, com textos que apontam um denominador comum: a paixão pelo Vale do Café. Trata-se de um resgate da memória afetiva com um conjunto de gatilhos positivos e mensagens otimistas.
Na introdução, os organizadores acrescentam:
“A construção do livro nasceu de uma vontade grande de deixar marcado, para sempre, como cada experiência cultural, natural, gastronômica nos levou a caminhos diferentes, mas com o mesmo respeito à natureza, à diversidade, à democracia e à ética.” Marcelo Tesserolli e Bayard Do Couto Boiteux são Embaixadores de Turismo do Rio de Janeiro e Professores universitários, com vários livros publicados.

100º aniversário da AEL

Os 100 anos da Academia Espírito-santense de Letras, este ano, serão marcados, entre outras comemorações, com a caprichada publicação de sua tradicional Revista Literária.
Segunda entidade cultural mais antiga do Espírito Santo – só antecedida pelo IHGES (de 1916), a AEL foi fundada em 4 de setembro de 1921, tendo como finalidade o cultivo da língua nacional e das Belas Artes.
A peridiocidade da Revista Literária tem sido mantida há 23 anos. A coletânea comemorativa ao centenário reúne, em 141 páginas, textos de 20 acadêmicos, entre eles: Adilson Vilaça, Álvaro José Silva, Anaximandro Amorim, Fernando Antônio Achiamé, Franscisco Aurélio Ribeiro, Getúlio Pereira Neves, Hermógenes Lima Fonseca, Humberto Del Mastro, Jô Drumond, José Roberto Santos Neves, Kátia Bobbio, Manoela Ferrari, Marcos Tavares, Maria das Graças Silva Neves, Oscar Gama Filho, Pedro Sevylla de Juana, Santiago Montobbio e Wanda Alckmin, além da apresentação e de dois artigos da presidente Ester Abreu Vieira de Oliveira

Ninguém pode com Nara Leão

Na biografia Ninguém Pode com Nara Leão (Ed. Planeta, 2021), Tom Cardoso resgata, com maestria no texto e na riqueza nos detalhes, a intimidade da cantora, cuja importância na cultura não se restringe à música brasileira. No prefácio, Tárik de Souza adianta o encantamento que envolve a artista e sua multifacetada carreira fonográfica: “A intimidada ‘Caramujo’ e ‘Jacarezinho do Pântano (dois apelidos de Nara) surpreenderia o país e o mundo transformando-se em uma das mais influentes e produtivas intérpretes da MPB dos agitados anos 1960 aos 1980.”
A narrativa de Cardoso começa em 1967, no ano dos protestos à guitarra elétrica, levantando a rivalidade entre Nara e Elis Regina. Com sagacidade e domínio da história, o autor aciona fatos e personagens do passado, sempre atento ao entrelaçar dos relatos, sem reservas ao desvendar as reminiscências das memórias.
Autor, entre outras obras, das biografias do jornalista Tarso de Castro, do jogador Sócrates e de Sérgio Cabral, o jornalista carioca Tom Cardoso foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2012, com o livro-reportagem O Cofre do Dr. Rui.

João Cabral de ponta a ponta

João Cabral de ponta a ponta (Cepe Editora, 2020) reúne, em edição revista, o conjunto de textos que, ao longo de quatro décadas, o acadêmico Antonio Carlos Secchin dedicou ao escritor pernambucano, analisando a produção integral do autor de Morte e Vida Severina. Ao longo de 568 páginas, o leitor descobre um ensaio sobre Cabral e Carlos Drummond de Andrade; uma importante entrevista de Cabral concedida a Secchin em 1980; a última palestra do poeta em ambiente acadêmico (na Faculdade de Letras da UFRJ, em 1993); e valiosas imagens com reprodução de dedicatórias importantes e de capas raríssimas de obras do autor. O livro conta ainda com todo o material analítico dos 20 títulos de João Cabral, expostos cronologicamente de acordo com as datas das publicações. Sem falar nos cinco ensaios sobre temas transversais da poesia do autor e de suas relações com outros escritores.
Considerado pelo próprio João Cabral como o principal especialista em sua obra, as diversas falas do ensaísta e poeta Antonio Carlos Secchin, professor emérito de Literatura Brasileira da UFRJ e doutor em Letras, vocalizam a densidade do seu compromisso com a pesquisa, reunindo nessa obra seu imensurável talento, exercido com a competência renovada de um intelectual no esplendor de sua ação.

Vivências

A obra Vivências (Editora Kelps, 2020), de José Carlos Gentili, reúne fotos, caricaturas e 45 textos diversificados, que transitam por vários gêneros literários. Em comum, os artigos exibem a densidade do conteúdo memorialístico, interligando história e literatura de forma exemplar.
Na orelha, o acadêmico Valmir Campelo, ministro emérito e ex-presidente do Tribunal de Contas da União, não economiza adjetivos, recomendando, fortemente, a leitura.
José Carlos Gentili é porto-alegrense, nascido a 30 de maio de 1940. Pioneiro de Brasília, advogado, jornalista, empresário, historiador, romancista, conferencista e poeta, tem mais de trinta obras publicadas, entre as quais: Tempos de Versos (1983); Galo do Apocalipse (1985); Lagoa dos Cavalos (2012); Universo do Verso (2015) e A Infernização do Hífen (2015). Presidente de Honra Perpétuo da Academia de Letras de Brasília, integra, entre outras, a Academia das Ciências de Lisboa, como correspondente brasileiro; é membro patrono da Associação Internacional dos Colóquios de Lusofonia, com sede em São Miguel, nos Açores; e faz parte do Conselho-Geral do Museu da Língua Portuguesa de Bragança.

A plataforma

O romance A Plataforma (Ibis, Libris, 2020), de André Amado, é o oitavo livro do premiado escritor e diplomata. Apesar de o início da narrativa levar o leitor ao cemitério, o romance, repleto de citações, reflete sobre o sentido da vida. Dividido em 15 capítulos, com 200 páginas, muitos são os autores citados, de Milton Nascimento, Adriana Calcanhoto, Cartola, passando por Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Antonio Carlos Secchin, José Guilherme Merquior, Flaubert e até passagens bíblicas. Na página 195, explica a questão das citações, através de Umberto Eco: “Só se fazem livros sobre livros e em torno de outros livros. Toda história conta uma história já contada.”
André Amado nasceu no Rio de Janeiro, em 1946. Cursou a Faculdade de Sociologia, PUC-Rio, e formou-se no Instituto Rio Branco. Foi diretor do Instituto Rio Branco (1995-2001), embaixador em Lima (2001-2005), Tóquio (2005-2008) e Bruxelas (2011-2016). Livros publicados: Desde os Tempos da Esquina (Record, 1989); A Casa de Dona Iolanda (Maltese, 1992); Exílio Nacional (Topbooks, 2001 – Prêmio Nacional de Literatura Luiza Claudio de Souza de 2002); Clube dos Injustiçados (Record, 2013); Por Dentro do Itamaraty: impressões de um diplomata (FUNAG, 2013); Ao Lado da Lei (Lisboa: Chiado, 2014); O Corpo (Verve, 2016) e A História de Detetives e a Ficção de Luiz Alfredo Garcia-Roza (Ibis Libris, 2020).