Janeiro - 2020 - Edição 263
Jovens em Tempos Digitais
O livro Jovens em Tempos Digitais (2020), de Sandra Niskier Flanzer,
dá lugar a um questionamento importante para o nosso tempo. Ao
longo de 144 páginas, com um texto firme e teoricamente muito
bem fundamentado, a autora levanta as principais observações
que vem extraindo dos trabalhos realizados com jovens e suas equipes, em todo o Brasil.
O livro faz parte de um conjunto de obras publicadas pela Edições
Consultor, em parceria com a UNICIEE/SP, oferecendo um espaço
de reflexão imprescindível, tocando em questões éticas raras e profundamente necessárias nas quais o trabalho do CIEE está pautado.
No prefácio, o chanceler da Universidade Corporativa CIEE-SP,
Humberto Casagrande, ressalta a importância de se acompanhar
atentamente as mudanças provocadas pelos novos tempos: “Temos
assistido às mudanças substanciais no comportamento dos jovens, como consequência, entre
outros fatores, do uso excessivo das ferramentas tecnológicas.
O uso sem limites das ferramentas
virtuais tem provocado uma inversão de valores. Aos poucos, o que despontou como chance de
inclusão tem enveredado para um mecanismo ainda mais potente de exclusão – o isolamento do
próprio sujeito, ou de sua relação com a cultura onde vive, de seus laços sociais.”
As questões levantadas ao longo dos 19 capítulos dessa bela obra trazem à tona um debate
fundamental para a nossa cultura, irreversivelmente marcada por esses novos tempos digitais.
A escritora Sandra Niskier Flanzer é psicanalista desde 1991. Mestre, doutora e pós-doutora
em Teoria psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é especialista em
Psicanálise pelo Centro de ensino, Pesquisa e Clínica em Psicanálise (CEPCOP). Membro do
Tempo Freudiano Associação Psicanalítica (fundado em 1991), supervisiona equipes de educadores em escolas da rede pública e particular. É autora de 5 livros de literatura: A Pa-lavra
(Contra Capa, 2010); Por Um, Segundo (Contra Capa, 2012); Re/talhos (7 Letras, 2015); Do Quarto
(7 Letras, 2017) e O Quinto(dos Infernos (7 Letras, 2015).
Coleção Mulher Feminina
A antologia Feminina, da Coleção Mulher (Ed. Jordem, 2020),
reúne textos de 22 autores expoentes da literatura capixaba,
em torno de um tema comum. De acordo com a organizadora Neusa Jordem, da Academia Feminina Espírito-santense de
Letras, escrever é protestar contra uma falta que temos dentro
de nós: “Buscamos na ficção o que não temos.
Com os textos
desta Coleção Mulher, podemos dizer que a vida, como está, não
é o bastante e que deveria ser melhor. Escrevemos para viver, de
alguma maneira, as muitas vidas que gostaríamos de ter, quando
dispomos de uma só. A literatura é uma representação da vida
e nos ajuda a entendê-la melhor. Seguindo assim, sonhando e
escrevendo, buscamos descobrir o porquê da condição humana.”
Com esse espírito do ofício da escrita, de “tornar-
-se um estrangeiro em relação a si mesmo, conforme afirmava Deleuze, encontramos versos como “Painel da angústia”, da presidente da Academia Espíritosantense de Letras, Ester Vieira de Oliveira: “Os dedos querem...?/A mente determina...?/A arte embeleza a parede.//E na vida?/Quantos excluídos do saber há no livro.”
Ou reflexões como o belo texto Casamento Cortês, de Jô Drumond, ou poesias de Brendda Neves
(“Mulher, feminina e mãe II”: “Sou Mãe da Palavra!/Não gero em meu ventre/Não tenho neste
mundo um rebento,/Eu gero na imaginação!”), Maria José Menezes (“Amor eterno”: “Nossos
corpos se uniram/Num contato sensual./Nossos corpos se amaram,/Numa entrega total.”) e até
participação masculina, como as dos escritores Albércio Nunes (“Mulher perfeita”: “Lembre que
Deus te fez com perfeição!/Teus olhos Ele fez com muita luz./ Incríveis, cor de mel, uma paixão,/
Teus lábios, puro encanto que seduz.”) Orly Klippel (“Eterna dúvida”: “Crises do ser/Modos de
viver/Voa liberdade!”), Roberto Vasco (“Dia de luta”: “Mulher,/em teu seio há o signo do amor.”)
e Romero Siqueira (“Viagem da vida”: ”Mulher, na viagem da tua vida,/Nunca percas a esperança
e fé.”), para citar apenas alguns.
20 Contos sobre a Pandemia de 2020
20 Contos sobre a Pandemia 2020 (Ed. Autêntica, 2020) reúne textos
de 20 autores mineiros, reunidos pela sensibilidade do presidente
da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares, numa sensível contribuição cultural da instituição para enfrentar o momento
de incerteza trazido pela pandemia do novo coronavírus, persistente em sua agenda destrutiva.
A seleção dos nomes consagrou o princípio da diversidade, em
toda a sua extensão heterogênea. Abrigando representantes de
trajetórias e estilos bem distintos, o time reúne Afonso Henriques
Neto, Ana Cecília Carvalho, Ana Elisa Ribeiro, Carla Madeira, Carlos
de Brito e Mello, Carlos Herculano Lopes, Cidinha da Silva, Cris
Guerra, Cristina Agostinho, Eliana Cardoso, Francisco de Moraes
Mendes, Frei Betto, Ivan Angelo, Jacques Fux, Jacyntho Lins Brandão, Laura Cohen Rabelo, Luís
Giffoni, Olavo Romano, Paula Pimenta e Stella Maris Rezende.
A intenção foi montar um rico
painel a respeito da pandemia, como explica Rogério Faria Tavares, na introdução: “Consciente
da força da produção literária como estratégia de abordagem do Real e do Imaginário, como
testemunha da História e espaço da Memória, animei-me de convidar um grupo de vinte contistas mineiros para que fabulassem ‘a quente’ sobre a peste, na temperatura do momento, sem
direito à visão serenada que talvez o futuro feneça.” Na orelha da obra, José Eduardo Gonçalves
recomenda a leitura: “Na noite escura em que nos metemos, cada livro vem ao mundo como um
fiapo de luz. Parece pouco, mas basta para iluminar o próximo passo.”
Nós, que Nem ao Menos Somos Deuses
A obra Nós, que Nem ao Menos Somos
Deuses (Editora Pontes, 2020) reúne 35
contos de Cecília Prada, ao longo de 370 páginas.
No prefácio, Ana Maria Melo Negrão destaca a intensidade narrativa da autora, aos 92 anos de vida, que se mantém ativa do alto de
uma trajetória onde se enumeram 18 livros publicados: “Uma prosa
intimista, estética e escritos peculiares, introspecção, sentimentos e
emoções de personagens criados, ficcional ou tenuamente, advindos
de sua trajetória de vida.”
A excelência dos escritos de Cecília Prada levou a Academia
Campinense de Letras, junto com a Academia Campineira de Letras
e Artes e o IHGGC – Instituto Histórico e Geográfico de Campinas,
a sugerir o nome dela à Academia Sueca como candidata ao Prêmio Nobel de Literatura, que
acabou sendo atribuído à norte-americana Louise Glück.
Cecilia Prada, escritora, jornalista,
tradutora, crítica literária, dramaturga e diplomata foi a primeira mulher a conquistar o Prêmio
Esso de Jornalismo (1980). Ao longo da carreira, foi também agraciada com prêmios literários
de relevância. Tradutora de mais de 40 livros em inglês, francês, italiano e espanhol nas áreas de
literatura, artes, ciências humanas, participou do movimento de vanguarda teatral de Nova York,
no grupo The Open Theater. Escreveu sete peças em português e em inglês. A linguagem coloquial e a fluência narrativa de pensamento, numa linguagem de agradável e sofisticada leitura, a
situam como uma feminista firme, porém sem a arrogância das posições extremadas, que mais
prejudicam que contribuem para eliminar preconceitos.
Plantas Medicinais
Plantas Medicinais – cultivo: de grão em grão nasce uma plantação
(Editora Tix, 2020) foi escrito de forma objetiva e didática, para quem
quer dedicar-se ao cultivo de plantas medicinais.
A obra coroa os 30 anos de dedicação de Yara Oliveira de Britto ao
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde atuou de 1988 a 2019; ela
integra hoje câmara técnica em fitoterápicos. Junto à engenheira
agrônoma Midori Katsumoto e ao biólogo Sérgio Eduardo Pereira, o
livro elenca, com objetividade, cada uma das etapas necessárias para
quem quer dedicar-se ao cultivo desses insumos, tendo êxito tanto
para o consumo próprio, quanto para o cultivo numa escala maior.
O livro é dividido em sete capítulos, as 192 páginas são ricamente
ilustradas por uma equipe coordenada por Ana Borelli. Os cinco
primeiros capítulos abarcam as etapas necessárias ao ciclo do cultivo
das plantas medicinais. A partir do capítulo seis, o leitor encontra um inventário de 20 espécimes
medicinais. A obra abre espaço também para o leitor fazer suas observações, fazendo dela uma
espécie de coautor. No sétimo e último capítulo, estão modelos de listas, ficheiros e tabelas às
quais é recomendado seguir.
Yara Oliveira de Britto possui Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal
da Bahia (UFBA, 1975). Especializações em Botânica, área de concentração Fisiologia Vegetal
(UFBA, 1979). Professora de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia (UFBA, 1980 – 1985), entre
outras atividades.
Midori Katsumoto é Engenheira Agrônoma, UFV (1999), com participação, entre outras, no
grupo de estudo no setor coleção de plantas medicinais do Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ (2016-2018).
Sérgio Eduardo Pereira é Bacharel em Ciências Biológicas na modalidade Ecologia, pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ – 1980). Possui, entre outras, especialização em
Análise e Avaliação Ambiental pela PUC-RIO (1992).
O Teatro se Subjuga ao Poder?
A obra O Teatro se Subjuga ao Poder? – ideias esquartejadas sempre
renascem (Ed. Gráfica São Francisco, 2011) é o resultado da pesquisa
“A Imprensa e o teatro em Vitória e no eixo Rio de Janeiro-São Paulo:
da ditadura à democracia”, inserida em duas linhas de análise. A primeira, a mundialização do século XXI, buscando cânones jurídicos,
culturais, lingüísticos, psíquicos e sociais em suas relações com o
outro.
A segunda linha de pesquisa é a “Poética da Modernidade e da Pósmodernidade”, que procura estudar em textos narrativos, líricos e teatrais, considerando os novos procedimentos discursivos de construção de sujeitos, os processos de autorreferencialidade da linguagem
literária e de hibridismo.
O teatro, desde a sua criação na Grécia antiga, vem manifestando a
voz popular e, por essa razão, não deixou de apresentar arbitrariedades dos militares em parte da produção teatral da década de 1970. Assim, apesar de todas
as dificuldades impostas pela repressão, como cortes dos censores em obras ou proibições de
representações do Departamento de Ordem Política (Dops), os artistas procuraram mostrar as
suas insatisfações contra o governo militar.
Ester Abreu Vieira de Oliveira percorreu todas as escalas do magistério. Foi professora primária,
secundária e de cursos superiores. Professora Emérita da UFES, é Doutora em Letras Neolatinas
(UFRJ), Pós-doutora em Filologia Espanhola (UNED-Madri), mestre em Letras-Português (PUCParaná). Com mais de 50 livros publicados, recebeu diversos prêmios acadêmicos. Além de ser a
atual presidente da Academia Espírito-santense de Letras, é membro, entre outras instituições,
da Academia Feminina Espírito-santense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do ES