Maio - 2020 - Edição 255

Noca da Portela

O volume 3 do Acervo Universitário do Samba, projeto de extensão vinculado ao Departamento Cultural e à Subreitoria de Extensão e Cultura da UERJ, é dedicado ao célebre compositor Noca da Portela. A obra é resultado de um caprichado trabalho de 496 páginas, escrito pelo biógrafo Marcelo Braz, com apresentação de Luis Antonio Simas, prefácio de Roberto Medronho e contracapa de Paulinho da Viola. Para contar a história deste ex-feirante que abriu caminho na cena musical e se tornou, inclusive, secretário de Cultura Estadual, Braz realizou entrevistas com o artista, amigos e familiares, além de diversas figuras do mundo do samba. Sambista mineiro que se instalou cedo no Rio, transitando entre a Zona Sul, a Zona Norte (com larga passagem na Paraíso do Tuiuti) e o subúrbio (onde se batizou na Portela), filho de um violonista militante das causas sociais, Noca aliou à carreira musical uma notável atuação na vida pública nacional, criando obras de raro sucesso e associando-se a episódios chaves da nossa história, como a campanha das Diretas Já! – cujo hino “Virada”, imortalizado na voz de Beth Carvalho, é de sua autoria e de Gilper. A obra reconstitui o percurso de Noca desde a saída da família de Leopoldina (MG), a adolescência no Catete e em Botafogo e os anos no Morro do Tuiuti, onde o casal Osvaldo e Conceição perdeu quase tudo em 1966, após o temporal que expôs as chagas da questão urbana na cidade. De cortiços, cabeças de porco e favelas, surge então o músico (co)autor de sambas antológicos, como Caciqueando e É Preciso Muito Amor, além de clássicos da Portela, como Gosto que me Enrosco (1995) e ImagináRIO (2015). Ao final, retrata-se ainda sua fecunda participação em vários blocos cariocas (Cacique de Ramos, Simpatia é quase Amor e Barbas), além das condecorações recebidas, como a Ordem do Rio Branco (Itamaraty, 2006) e a Ordem do Mérito Cultural (MinC, 2009).

Os Mineiros

A obra Os Mineiros – modernistas, sucessores & avulsos (Editora Gryphos, 2018) traz uma coletânea de textos de Wilson Figueiredo, publicados em jornais, revistas e livros, entre 1952 e 2010. No prefácio, o escritor Humberto Werneck afirma: “Alguns dos textos aqui reunidos haverão de acender no leitor um apetite por mais, mais e mais.” Na orelha da obra, o acadêmico Cícero Sandroni compara o estilo do autor ao dos cronistas Rubem Braga e Carlinhos Oliveira, colegas nas redações e conterrâneos. No ensaio que abre a obra Mineiro do litoral, Wilson traça o roteiro de sua “mineiridade” – a dos nascidos fora de Minas Gerais –, categoria atribuída a San Tiago Dantas. Os demais textos foram divididos em quatro partes, dando sequência e profundidade à história. Wilson Figueiredo nasceu em 29 de julho de 1924, em Castelo (ES), mudando-se para Minas Gerais antes de completar um ano de idade. Estreou no jornalismo, em 1944, pelas mãos de Carlos Castello Branco, que chefiava a redação do Estado de Minas. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, em 1957, e, no ano seguinte, Odylo Costa Filho o integrou ao Jornal do Brasil. Foi redator, editorialista e somou 45 anos na casa. Há 14 anos, é colaborador da FSB Comunicação.

Energia nuclear

Bomba Atômica! Pra quê? Brasil e Energia Nuclear (Editora Lacre, 2018), da jornalista Tania Malheiros, atualiza a história secreta do enriquecimento de urânio no Centro Experimental de Aramar, da Marinha, e os negócios com Iraque e China. A autora avança nas informações e documentos reunidos em suas duas primeiras publicações sobre o tema: Brasil, a Bomba Oculta (1993) e Histórias Secretas do Brasil Nuclear (1996). A tecnologia do enriquecimento – dominada por seletos países e que levou o Brasil a ingressar no restrito Clube do Átomo – foi repassada à estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Com 380 páginas e vários documentos oficiais, o livro versa também sobre o domínio do reprocessamento de urânio, que leva à produção de plutônio – outra opção de combustível para alimentar a bomba atômica. Tania Malheiros escreve sobre energia nuclear desde 1986. No jornal O Estado de S. Paulo, foram seis anos com reportagens exclusivas, entre elas, denúncias de altos índices de radiação, na Usam. No Rio, trabalhou em O Globo e na Agência Estado/ Broadcast. No Jornal do Brasil, em janeiro de 1996, revelou acidentes com radiação no Centro Experimental Aramar, o que lhe valeu o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria “Científica, Tecnológica e Ecológica”, em 1997. Atualmente, escreve para oseu blog (https://taniamalheiros-jornalista.blogspot.com).

A Coluna Prestes na Paraiba

A obra A Coluna Prestes na Paraíba: noventa e dois anos depois (Editora da UFPB, 2018), do professor José Octávio de Arruda Mello, reúne, em sua maioria, artigos sobre diferentes temáticas, versando sobre a importância da Coluna Prestes para a história social e política do nosso país. Destacam-se, entre outros, a passagem da coluna na Paraíba, com o combate das tropas legalistas contra os “revoltosos, ocorrido entre os dias 8 e 9 de fevereiro de 1926, na cidade de Piancó, que vitimou 28 pessoas, entre elas, o chefe político da cidade – o padre Aristides Ferreira da Cruz. No prefácio, o historiador Jean Patrício Silva, membro do IHGP, aponta o livro como um “símbolo de luta”: “Aqui reside outra contribuição, agora no campo da preservação do Patrimônio Histórico. Na qualidade de historiador e de ex-dirigente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, enxergo no acadêmico José Octávio um batalhador da preservação de nossa memória.” Mestre pela UFPE, Doutor em História Social pela USP e Pós-Doutor pelo IEB/SP, o professor, historiador e jornalista José Octávio de Arruda Mello tem vasta produção de artigos, coletâneas e livros publicados, entre eles Terra, Revisionismo e Cultura em Euclides da Cunha (2009), História do Direito e da Política (2008) e Os italianos na Paraíba: da capital ao interior (2017). Ingressou na Academia Paraibana de Letras no ano de 1974.

A Queda

O livro A Queda (MPR Edições, 2017), de Marcelo Pereira Rodrigues, incorpora referências filosóficas importantes no enredo, inserindo personagens comuns numa verdadeira carpintaria na estrutura do romance. A narrativa, de 362 páginas, é densa e plural, num existencialismo aflorado, com a narrativa trabalhando em cima de microensaios sobre um ou outro escritor de renome, como uma obra cult que valoriza a filosofia, acima de todas as coisas. Marcelo Pereira Rodrigues, 44 anos, é escritor (cronista, romancista e biógrafo), filósofo e palestrante, consolidando uma carreira literária e universalizando seus temas, dialogando com os maiores nomes da literatura universal através de ficções bem afiadas. Publicou, em Portugal, o aclamado Corda sobre o Abismo, o Elogio da Desesperança. É editor-chefe da revista Conhece-te, periódico mensal que persiste de forma ininterrupta por 18 anos. Escreveu, entre outros livros: Muito Humano Demais (crônicas, 2002); Nós (crônicas, 2003); 23 Horas: 59 Minutos – reminiscências do que está por vir (romance, 2004); Um Café com Sartre (romance, 2006); Pimenta, Sal & Alho (crônicas, 2007); Minhas Mulheres (romance, 2009); O Filósofo Idiota: o livro proibido na UFSJ (romance, 2011); Corda sobre o Abismo ou O Elogio da Desesperança (romance, 2015, lançado também em Portugal, Angola e Cabo Verde). Perfume de Mulher (crônicas, artigos e ensaios, 2015). A Queda está sendo traduzido para o inglês e o espanhol.

O Lagarto Amedrontado

A edição bilíngue (português e espanhol) de O Lagarto Amedrontado do Jardim, de Ester Abreu Vieira de Oliveira, foi lançado pela Editora Opção, em 2018. Na introdução, a autora expõe o propósito da obra: “Para o leitor infantil, um mundo de amor e cores.” É exatamente o que o leitor mirim vai encontrar ao longo das 16 caprichadas páginas da história. De cunho educativo, a narrativa é reforçada em igual qualidade pelas ilustrações de Lucas Toscano. O texto encanta pela prosa direta, simples, lúdica e bem construída, levando as crianças a refletirem sobre a importância de cuidar bem dos animais, embutindo uma lição de respeito à natureza. Atual presidente da Academia Espírito-santense de Letras, a professora Ester Abreu Vieira de Oliveira é graduada em Letras Neolatinas pela Universidade Federal do Espírito Santo (1960), com especialização em Filologia Espanhola em Madri (1968), Mestrado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1983), Doutorado em Letras Neolatinas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994) e Pós-Doutorado em Filologia Espanhola: Teatro Contemporâneo, UNED – Madri (2003). Professora Emérita da Ufes, é membro, entre outras instituições, da Academia Feminina Espírito-santense de Letras, da Academia Espírito-santense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do ES.