Abril - 2020 - Edição 254

Maria I

Em D. Maria I (Editora Benvirá, 2019), de Mary del Priore, a historiadora investiga a fundo a trajetória daquela que ficou conhecida como a rainha louca de Portugal. A obra, ao longo de 224 páginas, reconta a vida da avó de D. Pedro I de uma perspectiva inédita, relevando que seu estado mental era, provavelmente, fruto de todas as tristezas e perdas que vivenciou, em uma época em que depressão e melancolia eram confundidas com insanidade. Mary del Priore lançou uma nova luz sobre essa figura tão importante da nossa história, trazendo uma perspectiva inédita de sua trajetória, desde a infância, em Portugal, passando por sua devoção ao catolicismo, sua coroação como a primeira rainha portuguesa, as desavenças com o marquês de Pombal, os primeiros sintomas de sua doença, até sua morte, no Brasil, para onde se mudaram em 1808. Mary del Priore é historiadora, duas vezes pós-graduada pela École des Hautes Études de Paris. Ex-professora dos Departamentos de História da USP e da PUC-RJ. Autora de mais de 40 livros, recebeu mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, entre eles três Jabutis, dois Casa Grande & Senzala, o Prêmio do Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo da França e da Organização dos Estados Americanos (OEA) para as Américas (1992) e o Ars Latina (2008) por ensaísmo em História. Membro do P.E.N. Club do Brasil, da Academia Carioca de Letras e do Conselho Consultivo da Confederação Nacional do Comércio; sócia do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto Histórico e Geográfico/RJ, entre outras instituições.

Literatura mineira: 300 anos

A obra Literatura mineira: trezentos anos, organizada por Jacyntho Brandão, foi editada pelo BDMG Cultural, por iniciativa de seu ex-presidente, Rogério Faria Tavares, a que deu continuidade a presidente atual, Gabriela Moulin. O livro divide-se em duas partes. Na parte inicial, dedicada a aspectos variados da literatura mineira, onde encontram-se 16 estudos temáticos, de natureza panorâmica. Na segunda parte, dedicada a autores mineiros, estudam-se as obras de Conceição Evaristo, Lúcio Cardoso, Cláudio Manuel da Costa, Alphonsus de Guimaraens, Pedro Nava, Murilo Rubião, Adélia Prado, Bernardo Guimarães, Henriqueta Lisboa, Júlio Ribeiro, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Herculano Lopes e Murilo Mendes. O organizador da obra, Jacyntho Lins Brandão, é doutor em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo e professor de grego na Universidade Federal de Minas Gerais, onde foi diretor da Faculdade de Letras e Vice-Reitor. Na orelha, o elogio do acadêmico Antonio Carlos Secchin: “Podese afirmar, com segurança, que jamais a literatura mineira foi objeto de tão consistente investigação, seja no aspecto quantitativo, seja, especialmente, pelo alto padrão de qualidade dos trabalhos aqui reunidos.” Na introdução, o presidente da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares, destaca a “aventura irrecusável” que é ler a produção dos mineiros: “Produto de interesse público, este livro foi feito para habitar as salas de aula, as bibliotecas, os centros comunitários e os clubes de leitura de todos os cantos do Brasil. O seu destino é ganhar a estrada, sem limites, e inspirar a reflexão, a crítica e as discussões entre alunos, professores e leitores – sejam quem forem, estejam onde estiverem – sobre esse impressionante patrimônio de trezentos anos.”

Memórias de um triste futuro

Em Memórias de um Triste Futuro (Editora Patuá, 2020), William Soares dos Santos se afasta do lirismo habitual de suas poesias e se insere nos anos da ditadura civil-militar que governou o Brasil de 1964 a 1985, para nos lembrar de que, como escreveu Bertold Brecht, o preço da democracia é a eterna vigilância. Através de um texto que alinhava diferentes histórias de personagens sem nome, o livro apresenta situações de violência e desumanização. Dividido em 13 capítulos, com 151 páginas, a organização do sumário é apenas uma sugestão do autor, que avisa, na introdução, que se pode ler os capítulos na ordem que desejar. William Soares dos Santos tem graduação em Letras (Português/Italiano, 1997) e mestrado em Linguística Aplicada (2002), ambos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e doutorado em Letras (Estudos da Linguagem) pela PUC-Rio (2007). É professor Adjunto da Faculdade de Educação da UFRJ, onde atua como professor de Prática de Ensino de Português e Italiano. É, também, professor do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PIPGLA), da Faculdade de Letras da UFRJ. O seu livro Poemas da Meia-noite (e do Meio-dia), publicado pela Editora Moinhos, em 2017, foi ganhador do prêmio literário PEN Clube do Brasil de 2018 e um dos dez finalistas do Prêmio Rio de Janeiro de Literatura de 2018. A Editora Patuá publicou o seu livro de poemas Três Sóis, em 2019. É também autor de Raro (poemas de Eros), editado pela Urutau, em 2018.

Industrialização e Nacionalização

O livro Industrialização e Nacionalização – Como se forja uma nação ou as Perdas Internacionais, de autoria de Vivaldo Barbosa, ex-deputado constituinte e ex-secretário de Justiça do governo Leonel Brizola, tem o selo da Gráfica Firjan. A obra descreve o processo de industrialização no Brasil fincando suas bases na Revolução de 1930, que o autor descreve como uma luta “nacionalista, uma luta para afirmar a Nação. Uma luta heroica, de muitos atores”. Segundo a apresentação, “inclui, não apenas as figuras símbolos de Mauá e Delmiro Gouveia, mas os que batalharam na frente de luta, como Serzedelo Correia, Barata Ribeiro, Jorge Street, Vieira Souto e tantos outros, acima de tudo Roberto Simonsen e Evaldo Lodi”. Na introdução, o autor afirma que uma das grandes lacunas da política brasileira é o sentimento de “Nação”, de “Pátria”, a “visão do interesse nacional”. Dividido em duas partes, com 386 páginas, a obra trata desde os exemplos de fora, com notas sobre como a Inglaterra preparou a Revolução Industrial, passando pela proteção à indústria dos Estados Unidos, a derrota do Japão na Guerra, a alta tecnologia da Coreia, a crítica de Marx, até a luta pela industrialização e pela nacionalização no Brasil. Trata-se de leitura indispensável à compreensão do processo de industrialização nacional, fundamental para afirmação do Brasil como Nação independente e soberana. Nascido em 23 de fevereiro de 1942, no município de Manhumirim, Minas Gerais, Vivaldo Barbosa é advogado formado pela UERJ, com mestrado e doutorado na Universidade de Harvard. Professor aposentado da UNIRIO escreveu diversos artigos em jornais e livros. Foi Constituinte e deputado federal por mais duas legislaturas.

Direito Empresarial

A obra Direito Empresarial – estudos jurídicos em homenagem a Maria Salgado (Editora Lumen Juris, 2019), foi organizada pela TMA (Turnaround Management Association) Brasil, uma prestigiada associação, fundada nos EUA, em 1988. Presente em 56 países, conta com mais de 8.300 associados. Nas palavras introdutórias do livro, o advogado Sergio Bermudes elogiou o espírito combativo e a curiosidade intelectual da colega: “Advogada, trabalhou continuamente e arrojadamente, no desempenho dos seus misteres, que a faziam tratar de cada caso e de cada causa como se únicos. Cuidava de rever as leis, os princípios, a doutrina e a jurisprudência pertinentes a cada assunto. Com gosto, revia e atualizava os seus conhecimentos.” No prefácio, Fabiana Balducci e Sérgio Duque Estrada procuram transmitir aos leitores a força inspiradora de Maria Salgado: “Suas excepcionais qualidades como advogada estão bem expressas nos temas que seus colegas e amigos selecionaram dentre o variado leque de sua experiência, para a composição desta coletânia de artigos que escreveram em sua homenagem.” Entre os colaboradores da coletânea, estão Luciana Santos Celidonio, Luiz Gustavo Bacelar, Renata Martins de Oliveira Amado, André Chateaubriand Martins, Bruno Poppa, Daltro Borges, Eric Pestre, Fábio Rosas, Frederico Ferreira, Gabriel Orleans e Bragança, Luis Tomás Alves de Andrade, Luiz Gustavo Bacelar, Luiza Bartollo, Marcelo Carpenter, Marcio Vieira Souto Costa Ferreira, Natália Lipiec, Rafaella Fucci, Renata Martins de Oliveira Amado Ricardo, Loretti Henrici, Ricardo Tepedino, Simone Barros, Thais Salgado, Thaís Vasconcellos de Sá e Washington Dias Pimentel Junior. Literatura

O Banco de Jardim

Romance escrito por Felicidade Albertino Méia, O Banco de Jardim (AFLES, 2014) é ambientado em Minas Gerais, em setembro de 1939. Num ambiente rural, o livro fala de amores, amizades, traições, entre o início e o desenlace da Segunda Guerra Mundial. A simplicidade da vida é mostrada ao longo de uma narrativa simples e delicada, em que a autora expressa toda a sua sensibilidade. Organizado por Ester Abreu Vieira de Oliveira e Silvana Soares Sampaio, a publicação é fruto do incentivo da Prefeitura Municipal de Vitória à Cultura, no Espírito Santo, por meio da Lei Rubem Braga. No prefácio, a professora Karina Fleury, mestre em Estudos Literários, ressalta as qualidades literárias da escritora capixaba: “Com um estilo de escrita que nos faz lembrar Garcia Marquez com sua narrativa em terceira pessoa, marcada por capítulos e parágrafos longos e descritivos, Felicidade Méia opta pela quebra da estrutura normalmente usada para indicar diálogos, pela hibridização de gêneros textuais (são poemas, cartas, recortes de diário), além de romper a linearidade do texto para intercalar memórias.” Felicidade Albertino Méia nasceu em São Miguel, município de Guarapari, no Espírito Santo, em 08 de dezembro de 1924. Membro da Academia Feminina Espírito-santense de Letras, é autora, entre outras obras, de Joquetes do Destino; Meu Filho, Meu Juiz; Se o Silêncio Falasse; Monólogo do Sol; O Grito dos Excluídos; Sonho do Otimista.