Bom ou mau? Bem ou mal?

O que nos anima e faz seguir em frente é que nem tudo é só ruim e as boas coisas temperam a nossa vida e nos dão esperança. Nada pode ser pior do que a censura, principalmente quando realizada de maneira que alguém consiga cinco minutos de fama. A denúncia leviana contra O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório (Cia das Letras), demonstrou falta de conhecimento e preconceito. Os professores da escola escolheram a obra dentre as indicadas pelo PNLD/MEC e a diretora parece que não sabia. Triste! Em seguida, veio a demissão de Henrique Rodrigues, alma dos eventos literários do SESC, e críticas à obra Outono de Carne Estranha, do paraense Airton Souza (Record). Participei do júri do Prêmio Rio de Literatura (Cesgranrio e Secretaria Estadual de Cultura do Rio de Janeiro) desde a sua criação. Em momento algum fomos induzidos a retirar este ou aquele texto e a diversidade esteve presente em todas as obras premiadas, do autor consagrado aos iniciantes. E assim deve ser. As coisas boas que colorem os meus dias são os livros de literatura infantil, cada vez mais interessantes, inteligentes e atraentes. Se nossas crianças tiverem acesso a eles, se os pais e professores estimularem o contato com bons livros e, principalmente, se a interpretação de textos for valorizada, com certeza vamos ter, no futuro, adultos mais preparados e abertos à criação literária. Que alegria reencontrar a obra de Bartolomeu Campos de Queirós cuidadosamente reeditada pela Global. Este ano comemoramos os 80 anos desse autor querido.

Correspondência (Global) – Bartolomeu Campos de Queirós apresenta um interessante jogo de palavras que, aos poucos, seguem distribuídas em várias cartas e nos ajudam a chegar a uma “carta” maior: a nossa Constituição! A delicadeza dos traços de Lelis embelezam o caminho com imagens repletas de brasilidade!

Estátua! (Companhia das Letrinhas) – Todo mundo gosta de brincar de “estátua”, principalmente quando você é o “pegador”! Mas, tenho a impressão que a garotada não vai gostar de participar da brincadeira com a Bárbara! Por que será? O autor e artista Renato Moriconi venceu o prêmio de melhor livro para bebês na Feira do livro infantil de Bolonha 2024, Itália (Dia de Lua – Jujuba).



Mergulho (Editora do Brasil) – O querido Volnei Canônica pode ter uma parte da sua vida dividida em antes e depois do Arthur, seu sobrinho e afilhado querido. Com a participação da amiga de sempre, Mariana Massarani, o autor entra no mundo mágico do menino, descobrindo sentimentos, dúvidas e medos. Uma linda homenagem a alguém tão especial.

Histórias Africanas para Contar e Recontar (Editora do Brasil) – Edição atualizada e ampliada do mestre das histórias e lendas africanas Rogério Andrade Barbosa, as cores vibrantes das ilustrações de Graça Lima enriquecem as páginas e me lembrei de um contador de histórias antigo – do tempo do rádio –, que sempre dizia quando contava histórias “do tempo em que os bichos falavam”. É só conferir!

Quando Você Sai (Pequena Zahar) – Texto e ilustrações de Gastón Hauviller, tradução de Ana Tavares. Quais os sentimentos que afligem uma criança pequena quando a mãe sai de casa? Além da angustia pela ausência, tem a demora, a incerteza da volta... Mas nada disso acontece com o personagem desta história. Será? As impressionantes ilustrações permitem várias interpretações das situações apresentadas. Genial!

Quem Foi?! (BrinqueBook) – Ana Palmero Cáceres, ilustrações de Alejandra Acosta e tradução de Nina Rizzi. Em toda família tem sempre alguém que diz: “não fui eu”, mesmo que todos saibam quem fez a coisa errada! Sempre metido em trapalhadas, perturbando os outros e sempre desmentindo a culpa, nosso pequeno personagem apronta com todos, e sempre mantém a calma e a afirmativa de não ter culpa de nada. Até que... alguém também resolve aprontar com ele! Um bom tema para debater com os que não assumem as travessuras!

Nem Sonhando! (Companhia das Letrinhas) – Passei a admirar Beatrice Alemagna ao conhecer Os Corvos de Pearblosson, de Aldous Huxley (Record). Posteriormente, visitei a exposição de suas obras em Bolonha (Itália), sua cidade natal. Agora a autora e artista apresenta uma história deliciosa de uma morceguinha com medo de ir à escola. Mas, como em uma mágica, seus pais ficam pequeninos e ela os leva junto. Mas são tantas trapalhadas que a morceguinha Catarina resolve que ir novamente com eles não, nem sonhando! A tradução é de Joyce Almeida.