À espera de tempos melhores

Passamos um ano terrível com o mundo atordoado por uma doença estranha e maligna. De forma devastadora, cada um de nós, com certeza, teve um parente, um amigo querido ou alguém que admirávamos levado abruptamente do nosso convívio. Sem falar no distanciamento e na saudade de parentes e amigos para evitarmos o contágio. Mas, os amigos, a solidariedade, os encontros virtuais e, principalmente, a Literatura ocuparam nossos dias com encontros, leituras e descobertas. Com o início de um novo ano, reuni aqui alguns desses amigos queridos que dividiram seu tempo conosco e multiplicaram afetos. Participam especialmente desta nossa página. Com eles reiniciamos a jornada, sem alegrias, sem comemorações, mas com esperança e ânimo para pensarmos um ano melhor!

Seria bom se conseguíssemos entrar em 2021 com esperança e poesia. Deixando para trás o que Camões chamou de “A grande dor das cousas que passaram”. E sendo capazes de descobrir o segredo de responder às perguntas de Drummond: “Como acordar sem sofrimento?/ Recomeçar sem horror?”
Ana Maria Machado

Quarentena

Em que ano estamos?
Para onde foi o meu futuro?
Onde é que mora Deus?
Não era uma vez
O trem da história.
Na sombra do mundo perdido,
Faz escuro mas eu canto.
Leo Cunha, das lombadas dos livros da sua estante.

Janeiro: tempo de recomeçar, tempo de caminhar, tempo de esperançar...
Amir Piedade

A delicadeza

Dentro do silêncio dorme
Pétalas de amor.
Roseana Murray

Que para todos, o Ano Novo que se inicia seja melhor que o Ano Novo que se foi (e que já foi tarde!)!
Marisa Lajolo

Abrir um livro é como abrir uma porta em nossa casa: às vezes a gente abre a porta da frente, para deixar entrar uma visita inesperada; às vezes a gente abre a dos fundos, para deixar sair quem nos incomoda. E, às vezes, a gente abre a porta lateral (aquela que ninguém espera que se abra), para fugir, porque não aguenta mais ficar dentro de casa... Na verdade, tanto faz se o livro vai nos apresentar gente, nos livrar de incômodos, ou nos ajudar a escapar para outras plagas. O caso é que, sempre, em todas as ocasiões, ele é porta para algo; é abertura.
Rosana Rios

Estamos todos aguardando a vacina para o corpo, mas para a cabeça já existe uma ótima. O livro é a melhor vacina para estimular a criatividade, proporcionar conhecimento, inspirar novas ideias e provocar reflexões, além de ser indolor e muito divertido.
Vacine-se!
Alexandre de Castro Gomes

Na manhã que vem, menos presentes inúteis, menos lembranças vazias:
O que fazer com este ouro?
Onde acender este incenso?
Tudo o que buscas agora é mirra para teu sofrimento – humano.
Enquanto, em panos, só Ele vela – divino.
Eliana Yunes