Abril - 2022 - Edição 278

Ecos do passado

Épico espacial repleto de intrigas políticas interplanetárias, de romance e de personagens inesquecíveis, o brilhante e envolvente Órbita de Inverso (Suma Editora), livro de estreia de Everina Maxwell, é best-seller do Sunday Times e tem tradução de Vitor Martins (autor de Quinze Dias e Um Milhão de Finais Felizes). Príncipe Kiem, neto da Imperadora de Iskat, é um jovem que nunca precisou provar seu valor. Agora, no entanto, ele é intimado a fazer algo de útil: casar-se com conde Jainan, representante de Thea, para impedir que o planeta vassalo inicie uma rebelião contra o Império. A situação, porém, não é tão simples quanto parece. Jainan já havia se casado antes, com o primo de Kiem, o que garantiu por um tempo o elo entre Thea e Iskat, mas algo deu errado: seu marido morreu em um trágico acidente. Kiem não quer se casar. Jainan não quer um novo marido. Mas, uma vez juntos, eles terão de enfrentar as intrigas da corte, as maquinações da guerra e os ecos do passado, em uma conspiração que pode acabar com tudo o que acreditam. O par improvável entrará em uma jornada épica para salvar o império – e a si mesmos. Everina Maxwell cresceu em Sussex, no Reino Unido, perto de uma biblioteca, onde passava todo o seu tempo livre devorando obras de ficção científica e fantasia. Atualmente, ela mora e trabalha em Yorkshire, na Inglaterra. Órbita de inverno é seu livro de estreia. Siga a autora nas redes sociais: @av_stories (Twitter) | @everina_maxwell (Instagram)

Herança

Na fronteira entre a autobiografia e a ficção, esse quase-romance O espelho e a mesa (Editora Objetiva), narra histórias de família relembradas por meio de objetos herdados por Roberto Pompeu de Toledo. Em um saboroso e refinado texto, acompanhamos a formação do jornalista e suas reflexões sobre o que sobrevive ao tempo. Um relato afetuoso que ressoa em nossas próprias memórias. Quando adolescente, anotava num caderno as frases e poemas que mais o impactavam. Hoje, registra aqui suas lembranças e reflexões. Um espelho, um piano, uma águia de bronze, uma escrivaninha, fotografias, bilhetes e cartas – por meio desses tantos objetos que guardou consigo, o autor dribla o inexorável fluxo do tempo, revivendo histórias de pais, tias e tios, avós, amigos, professores. Em sua prosa fina, eventos políticos e sociais vão se desenrolando como pano de fundo dessas inúmeras trajetórias. Aqui, realidade e imaginação andam de braços dados. Se a memória ou o incansável trabalho de pesquisa falham, Roberto Pompeu completa as lacunas imaginando os anseios, expectativas e motivações de seus personagens. Em busca dos vestígios de um tempo que não mais retornará, mas que ainda espreita e se revela a quem se dispõe a recuperá-lo, Roberto Pompeu compõe uma obra tocante. Roberto Pompeu de Toledo trabalhou nas revistas IstoÉ e Veja e nos jornais: Jornal da Tarde e Jornal do Brasil. Entre seus livros publicados estão: A capital da solidão (2003) e A capital da vertigem (2015).

Romance e traição

Prazeres Violentos (Alta Novel) de Chloe Gong, com tradução de Rafael Surgek, traz uma criativa releitura de Romeu e Julieta na Xangai de 1920, com gangues rivais e um monstro nas profundezas do Rio Huangpu. O ano é 1926, e Xangai responde à melodia da devassidão. Uma disputa sangrenta entre duas gangues tinge as ruas de vermelho, deixando a cidade totalmente indefesa, nas mãos do caos. No coração disso tudo está Juliette Cai, uma jovem de dezoito anos e ex-melindrosa que voltou para assumir seu posto como a orgulhosa herdeira da Sociedade Escarlate – uma organização criminosa muito acima da lei. Seus únicos rivais à altura são os Rosas Brancas, que combateram os Escarlates por gerações. Por trás de cada uma de suas ações está seu herdeiro, Roma Montagov, o primeiro amor de Juliette... e seu primeiro traidor. Entretanto, quando gangsteres de ambos os lados dão sinais de instabilidade, culminando no ato de dilacerar o próprio pescoço, as pessoas começam a murmurar. Sobre uma epidemia, um surto. Sobre um monstro nas sombras. À medida que as mortes aumentam, Juliette e Roma precisam deixar suas armas – e seus rancores – de lado e trabalhar juntos. Afinal, se não puderem impedir essa catástrofe, não sobrará cidade alguma para dominarem. Chloe Gong é a autora mais jovem a ter o seu romance de estreia, Prazeres Violentos, na lista de best-sellers do New York Times por mais de vinte semanas consecutivas. A sequência da trilogia, Our Violent Ends está finalizada, e, além disso, há mais uma obra a caminho.

Sobrevivência

Com o estilo apaixonante de Kristin Hannah e tradução de Claudio Carina, Os Quatro Ventos (Editora Arqueiro) é uma história sobre resiliência e a força do espírito humano para sobreviver à adversidade, vista pelos olhos de uma mulher cujo sacrifício e cuja coragem representam toda uma geração. Texas, 1921. Passada a Grande Guerra, uma nova era de abundância parece surgir no horizonte. Mas, para Elsa Wolcott, considerada velha demais para se casar numa época em que o matrimônio é a única opção das mulheres, o futuro parece sombrio. Até a noite em que conhece Rafe Martinelli e decide mudar o rumo de sua vida. Treze anos depois, o mundo é bem diferente: milhões estão desempregados devido à Grande Depressão e à seca que devasta as Grandes Planícies, dizimando plantações e provocando tempestades de areia. Tudo está morrendo na fazenda Martinelli, inclusive o casamento de Elsa e Rafe, e cada novo dia é uma batalha pela sobrevivência. Nesse momento incerto e perigoso, ela deve fazer uma escolha angustiante: lutar pela terra que tanto ama ou deixar tudo para trás e partir para o Oeste, rumo ao desconhecido, em busca de uma vida melhor para sua família. Kristin Hannah é autora de mais de 20 livros, que foram traduzidos para 43 idiomas e venderam mais de 15 milhões de exemplares no mundo. Ela largou a advocacia para se dedicar à sua grande paixão: escrever. Pela Editora Arqueiro, já publicou também Tempo de Regresso, A Grande Solidão, As Coisas que Fazemos por Amor, As Cores da Vida, O Caminho para Casa e Quando Você Voltar.

Escolhas

Luzes do Norte (Galera Record) é o livro de estreia de Giulianna Domingues, uma aventura intensa e cheia de reviravoltas, com uma protagonista que se recusa a jogar pelas regras dos outros. Entre ursos assustadores, florestas nevadas, mistérios e intrigas, Dimitria tem uma única missão: proteger Aurora van Vintermer. Custe o que custar. Dimitria Coromandel é uma caçadora excepcional, a melhor da região, e, após a morte dos seus pais, se tornou a base para o sustento de sua pequena família. Para ela, o peso da responsabilidade e a necessidade de conseguir dinheiro são os impulsos de sua movimentada rotina, e, no inclemente inverno de Nurensalem, ela precisa caçar durante o dia se quiser trazer comida para a casa à noite. No entanto, quando fisga a atenção de Bóris van Vintermer, patriarca da família mais rica do local, sua realidade começa aos poucos a se transformar. Requisitada para desempenhar funções de chefe da guarda de Aurora, primogênita da abastada família Van Vintermer, Dimitria tem seu dia a dia significativamente alterado: agora, ela precisa acompanhar Aurora em suas obrigações e, acima de tudo, protegê-la de todo e qualquer contratempo. Seria perfeito: atribuições simples em troca de um farto pagamento. A novidade cai como uma luva também para Gui, seu irmão e apaixonado em segredo por Aurora desde a mais tenra infância. Para ele, o estreito contato entre elas pode representar uma chance de ser notado pela herdeira e, talvez, uma oportunidade de conquistar seu coração.

Desastre

No dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28, a B1, barragem desativada da Mina do Córrego do Feijão, explorada pela mineradora Vale na cidade de Brumadinho, Minas Gerais, rompeu. Seus rastros de casas de extração de lama estendem-se por mais de 300 milhas, torres de transmissão, trens de carga, pontes, árvores, levando animais e, na contagem oficial da tragédia, a vida de 270 pessoas (ou 272), considerando como gestantes entre os mortos). Jornalista investigativa premiada, a mineira Daniela Arbex foi a campo para reconstituir em detalhes as primeiras 96 horas da tragédia. Ela entrevistou sobreviventes, familiares das vítimas, bombeiros, médicos-legistas, moradores e moradores das áreas atingidas. Arbex retornou para a região para acompanhar os impactos institucionais para retorno à região dos danos materiais. Além da escrita da autora, que reconstitui a trajetória das vítimas e dos trabalhos de resgate com toda a brutalidade da tragédia, mas ao mesmo tempo com extrema delicadeza, Arrastados (Editora Intrínseca) traz fotografias que ajudam a dimensionar e humanizar a tragédia. Novamente, Daniela Arbex constrói memória e impede que mais uma catástrofe brasileira se perca em meio à banalidade do noticiário cotidiano. Daniela Arbex é autora do best-seller Holocausto Brasileiro (2019), Cova 312 (2015) e é seu também Todo Dia a Mesma Noite, livro de 2018 que narra a história não contada da boate Kiss