Março - 2021 - Edição 277

Revisitando 22

Em A Revista Verde, de Cataguases: Contribuição à história do Modernismo (Autêntica Editora), Luiz Ruffato apresenta uma importante contribuição para a compreensão do desenvolvimento e consolidação das ideias modernistas no Brasil, por meio de uma abordagem sobre o movimento vanguardista ocorrido em Cataguases (MG). A Revista Verde, lançada em 1927, reuniu em suas páginas o que de melhor e mais ousado havia em termos de produção literária naquele momento, com explícito incentivo, moral e financeiro, de nomes como Mário de Andrade, Alcântara Machado, Prudente de Morais Neto e Oswald de Andrade, entre outros. Ao contrário do que até hoje a historiografia aborda como “fenômeno inexplicável”, Ruffato demonstra, de maneira cabal, que o surgimento desse movimento numa localidade do interior de Minas Gerais deveu-se a uma convergência de fatores econômicos, sociais e culturais. Na época, a aristocracia cafeeira de Cataguases estava se transformando em burguesia industrial e a sede do município, um núcleo urbano consolidado, agregava uma população em torno de 16 mil pessoas – Belo Horizonte, capital do Estado, tinha cerca de 100 mil habitantes. Além disso, a cidade contava com ótimo sistema educacional e uma geração intelectual ávida por novidades, tanto na literatura (Rosário Fusco, Ascânio Lopes, Guilhermino César, Francisco Inácio Peixoto), quanto no cinema (Humberto Mauro). De certa forma, o movimento Verde marca o início do fim da fase heroica e radical do modernismo

On-line

Um grande sucesso com mais de 12 milhões de páginas lidas nas plataformas digitais, Teseu está de volta em sua melhor versão, no livro Teseu: Sombras do passado (Editora Nacional), de Sara Fidelis, com cenas extras inéditas. Não procrastinar, não se atrasar e não se intrometer. Essas sãos as três regras que o empresário Teseu Demetriou estabelece aos seus funcionários. Quando, por um golpe do destino, Lívia passa a trabalhar na Pic-Pega, sua loja de brinquedos preferida desde a infância, logo fica intrigada pelo jeito reservado, discreto e até mesmo frio do CEO. Por conta da distância que Teseu insiste em colocar entre ele e seus colaboradores, seu passado é um mistério para todos. No entanto, Lívia acredita que ele tem um bom coração. Enquanto isso, no Lar Santa Inês, abrigo onde Lívia cresceu e agora atua como voluntária, os irmãos Davi e Martina mal chegaram e já correm o risco de serem separados na adoção. Traumatizada por ter vivido uma situação semelhante com o próprio irmão, Lívia busca desesperadamente um jeito de evitar que o mesmo aconteça a essas crianças. Mesmo que, para isso, tenha que quebrar as regras. Sara Fidélis nasceu em Alfenas-MG, cidade em que vive com o marido e seus dois filhos. Leitora voraz desde criança, escreveu seu primeiro romance aos sete anos. A paixão pela escrita motivou seu ingresso no curso de Letras, na Universidade Federal de Alfenas, onde concluiu os primeiros semestres até tomar a decisão de se dedicar integralmente a escrita. Desde então, já publicou dez romances e atingiu a marca de mais de quarenta milhões de leituras on-line.

Decepções

Isabel Allende, autora best-seller do New York Times, apresenta, em Violeta (Bertrand Brasil Editora), com tradução de Ivone Benedetti, a épica história da centenária Violeta Del Valle, uma mulher que testemunhou toda a efervescência do século XX. Violeta veio ao mundo em um dia tempestuoso de 1920, a primeira menina em uma família com cinco filhos. Desde o início, sua vida foi marcada por acontecimentos extraordinários: ainda era possível sentir os efeitos da Grande Guerra quando a gripe espanhola chegou ao seu país, pouco antes do seu nascimento. A família saiu ilesa dessa crise, mas não conseguiu enfrentar a seguinte. A Grande Depressão transformou totalmente a vida urbana que Violeta conhecia. Sua família perdeu tudo e foi forçada a se mudar para uma parte mais remota do país. Lá, ela cresceu e terá seu primeiro pretendente. Violeta narra sua história em uma carta a pessoa que mais ama nessa vida, contando decepções e casos amorosos, momentos de pobreza e riqueza, terríveis perdas e imensas alegrias, sempre permeando grandes eventos da história: a luta pelos direitos das mulheres, a ascensão e queda de tiranos e, em última análise, não uma, mas duas pandemias. Contada pelos olhos de uma mulher apaixonada, determinada e com senso de humor, Isabel Allende – autora de A Casa dos Espíritos; Muito Além do Inverno; Longa Pétala de Mar, entre outros – nos conduz por uma vida

Galinho de Quintino

Após exaustivas e complexas pesquisas nacionais e internacionais, os autores contam a história de Arthur Antunes Coimbra, o Zico, com o futebol, saboreando cada gol marcado pelo “Galinho de Quintino” como se estivessem a beber um bom vinho. Nesse caso, taças, com ou sem trocadilho, certamente não faltarão. Das peladas de rua ao título de um dos maiores artilheiros da história do Brasil e um dos maiores símbolos do futebol mundial, o craque que marcou gerações tem sua carreira relembrada nessa obra que enumera os gols feitos na escolinha, no juvenil e no profissional, com datas, locais e adversários mencionados em ordem cronológica. Cada capítulo é um ano da história da vida profissional do jogador e, para o deleite do leitor, além da relação de gols, os autores apresentam, também, estatísticas, rankings, curiosidades e afins. Com prefácios do jornalista e escritor Marcos Eduardo Neves, George Helal e do Maestro Junior, o livro tem imagens belíssimas e uma narrativa empolgante, capaz de nos transportar a campo ao descrever a destreza de Zico ao colocar a bola nas redes: de falta, rolando, pênaltis, cabeça, calcanhar, de letra e até de bunda, sem querer. Toda essa habilidade é, sem dúvida, fruto, primeiro, do seu dom em jogar futebol com o objetivo sempre de marcar gol, a razão do jogo. Talento, técnica, determinação e obsessão pela perfeição conquistaram uma nação e mudaram, para melhor, o cenário futebolístico nacional e internacional. A História de Todos os Gols do Zico sai pela égide da Tinta Negra Bazar Editorial.

Triste realidade

As Costureiras de Auschwitz (Critica Editora), de Lucy Adlington, com tradução de Renato Marques, conta como costureiras aprisionadas nos campos de concentrações nazistas faziam vestidos para as mulheres dos oficiais nazistas. A história real de mulheres judias que, para sobreviver, costuravam em uma oficina de moda dentro de Auschwitz, instalada pela esposa do comandante do campo de concentração. No auge do Holocausto, 25 jovens presidiárias do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau foram selecionadas para desenhar, cortar e costurar roupas de luxo para as mulheres de guardas e oficiais nazistas. O trabalho era feito em uma oficina de costura instalada dentro de um dos maiores campos de extermínio da Segunda Guerra Mundial. O ateliê foi fundado por Hedwig Höss, a esposa do comandante de Auschwitz. Com base em diversas fontes, incluindo entrevistas com a última costureira sobrevivente, As Costureiras de Auschwitz revela o trabalho e o destino dessas mulheres que cerziam na esperança de serem salvas das câmaras de gás. Lucy Adlington investiga a vida de “costureiras que desafiaram as tentativas nazistas de desumanizá-las e degradá-las, formando os mais incríveis laços de amizade e lealdade”. Esses laços não apenas as ajudaram a suportar a perseguição, mas, também, a desempenhar um papel na resistência no campo. Assim, a autora oferece um novo olhar sobre um capítulo pouco conhecido da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto.

Vencendo os medos

Sabe aquele tipo de livro que nos transporta instantaneamente à nossa adolescência? Fat Chance: A vez de Charlie Vega (Editora Gutemberg), o romance de estreia de Crystal Maldonado acompanha a vida de Charlie Vega, de 16 anos, uma garota gorda de descendência porto-riquenha que vive em um subúrbio predominantemente branco de Connecticut, nos Estados Unidos, durante seus anos de Ensino Médio. Ter uma protagonista com tais características não deveria ser algo revolucionário, mas a verdade é que quase não vemos personagens gordos no centro de um romance. “Eles geralmente são os que desejam e não os desejados”, explica Crystal, que subverteu isso ao escrever um livro que celebra e valida identidades e experiências raramente exploradas na ficção. Crystal Maldonado é uma jovem autora cheia de sentimentos. Fat Chance: A vez de Charlie Vega, seu romance de estreia, foi vencedor do prêmio New England Book em 2021 e eleito pela revista Cosmopolitan e pela POPSUGAR como o Melhor livro Jovem Adulto de 2020. Durante o dia, Crystal é profissional de marketing e, durante a noite, torna-se uma escritora que adora tietar a Beyoncé, fazer compras e passar o tempo rindo bastante com os amigos no telefone. Suas histórias também já foram publicadas na revista Latina, no Buzz Feed e no Hartford Courant. Crystal vive em Massachusetts com o marido, a filha e o cachorro.