Novembro - 2021 - Edição 273
Guerreira
Dandara e a Falange Feminina de Palmares (Editora Nemo), de Leonardo Chalub com xilogravuras de Luís Matuto, nos trás a luta de Dandara, esposa de Zumbi dos Palmares, uma das lideranças da falange feminina do exército negro do Quilombo dos Palmares. Em 1670, enfrentando o preconceito e a desconfiança dos homens, Dandara luta para se tornar capitã de uma das guarnições de Subupira, o mocambo mais militarizado de Palmares. Em uma disputa mortal, na qual era a única mulher, a jovem arrisca a vida para reivindicar a liderança do primeiro agrupamento de mulheres guerreiras do quilombo. A brava lutadora há muito se destaca nas batalhas travadas contra a Coroa Portuguesa e senhores de engenho da região, valendo-se de suas altas habilidades no combate corporal e com o arco e flecha para libertar pessoas escravizadas em toda a redondeza. Sob ordens do Rei Ganga Zumba – filho da princesa Aqualtune e tio de Zumbi – Dandara parte em uma missão tão honrosa quanto difícil: recuperar a coroa e o cetro do Rei do Congo (pai de Aqualtune), morto durante uma batalha contra as tropas portuguesas. Os objetos, porém, se encontram a milhares de quilômetros e a um oceano de distância: expostos em uma capela católica adjacente a uma base militar da Coroa Portuguesa em Luanda, Angola. Com a preciosa ajuda de guerreiras indígenas e a companhia de um estranho casal português, a falange feminina de Palmares irá enfrentar ataques de feras selvagens e a ira de um general lusitano; mas os cuidados e a inspiração de uma bruxa misteriosa, bem como a lealdade de suas comandadas, serão trunfos determinantes na missão mais difícil da vida de Dandara.
Recordações
Neste fascinante livro de memórias, Quarentena Outonos (Editora Verus), Nina Willner, ex-oficial da inteligência militar norte-americana conta a história real de sua família – cinco mulheres separadas pela Cortina de Ferro por mais de quarenta anos e seu reencontro quase milagroso após a queda do Muro de Berlim. Em 1948, aos 20 anos, Hanna fugiu da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental. Mas o preço da liberdade – deixar para trás seus pais e os oito irmãos – partiu seu coração. Sem raízes, Hanna acabou se mudando para os Estados Unidos, onde formou uma família. Criada perto de Washington, D.C., Nina Willner, a filha de Hanna, se tornou a primeira mulher oficial de inteligência do exército dos EUA a liderar operações secretas em Berlim Oriental no auge da Guerra Fria. Embora apenas alguns quilômetros separassem Nina de suas parentes alemãs, uma guerra política acirrada as mantinha afastadas. Nina conta a história de sua família – vidas comuns atingidas por circunstâncias fora de seu controle. E também nos leva ao mundo tumultuoso da Alemanha Oriental sob o domínio comunista, revelando a realidade cruel que seus parentes enfrentavam e suas próprias experiências como oficial de inteligência, executando operações secretas atrás do Muro de Berlim, que punham sua vida em risco. Um olhar pessoal sobre uma era explosiva que dividiu uma cidade e uma nação, Quarenta outonos é uma história íntima e belamente escrita de coragem, resiliência e amor – de cinco mulheres que lutaram para preservar o que mais importa: a famíli
Idênticos
O Terceiro Gêmeo (Editora Arqueiro), de Ken Follet, com tradução de Bruno Fiuza e Roberta Clapp, é um suspense sobre a manipulação genética de embriões humanos. Jeannie Ferrami é uma geneticista que pesquisa as semelhanças de comportamento entre gêmeos idênticos criados separadamente. Usando uma base de dados confidencial do FBI, ela faz uma descoberta impensável: dois jovens que parecem ser gêmeos idênticos, mas nasceram em dias diferentes, de mães diferentes, com perfis psicológicos totalmente distintos. Dennis Pinker é um psicopata e assassino condenado. Steve Logan é um estudante de Direito honesto, sensível e sociável. Por isso, quando a assistente de Jeannie sofre uma agressão sexual e a polícia identifica Steve como o culpado, todas as convicções da pesquisadora são abaladas. Ainda que os dois tenham o mesmo DNA, ela não consegue acreditar que o gêmeo bom seja um criminoso e decide provar isso, mesmo que precise questionar suas crenças e pôr em risco sua carreira. Conforme sua investigação avança, Jeannie se vê no meio de uma conspiração, envolvendo experiências genéticas perturbadoras e alguns dos homens mais poderosos dos Estados Unidos – pessoas que farão de tudo para proteger seus segredos. Ken Follett despontou como escritor aos 27 anos, com o premiado O Buraco da Agulha, publicado pela Editora Arqueiro. Depois, surpreendeu a todos com Os Pilares da Terra, um romance que, mais de 30 anos após seu lançamento, continua encantando o público mundo afora.
Coronavirus
No início de 2020, o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta enfrentou um dos maiores desafios de sua carreira: conter o avanço da Covid-19 no Brasil. Sua defesa dos protocolos científicos no combate à pandemia e a transparência na comunicação com a sociedade acabaram desencadeando uma crise no governo federal. No mesmo estilo objetivo com que conduzia as coletivas de imprensa do ministério durante sua gestão, Luiz Henrique Mandetta relata, semana a semana, em Um Paciente Chamado Brasil – os bastidores da luta contra o coronavírus (Editora Objetiva) os cerca de cem dias em que esteve à frente da pasta, até sua exoneração, em 16 de abril de 2020. Revela bastidores do seu dia a dia – muitos até então desconhecidos do grande público, e que lançam uma nova luz sobre as movimentações políticas no Palácio do Planalto durante esse período. Como ocorreu a formação de sua equipe técnica; a relação do Executivo com os outros poderes; as movimentações e articulações políticas dentro do Planalto; os meandros do funcionamento dos sistemas de saúde de estados e municípios e suas conexões com a esfera federal; o diálogo com entidades e organizações nacionais e estrangeiras; a questão da cloroquina e do isolamento social; o negacionismo do presidente da República; e os caminhos da compra e distribuição de insumos para profissionais da saúde e hospitais são alguns dos temas abordados neste livro. Um testemunho de um dos momentos mais difíceis da história do Brasil atual.
Língua viva
Dez anos após o lançamento do Dicionário YorùbáPortuguês, José Beniste faz o caminho inverso e oferece uma obra complementar e revolucionária. Diferente de línguas mortas como o latim e o grego arcaico, o yorùbá é uma língua viva, falada na Nigéria, no Sul da República do Benin, nas repúblicas do Togo e de Gana, por cerca de 30 milhões de pessoas. No Brasil, conseguiu ser mantido de forma expressiva por meio da liturgia dos candomblés procedentes daquelas regiões, tornando-se um dos depositários mais fiéis dessas tradições. Neste Dicionário Português-Yorùbá (Editora Bertrand Brasil), José Beniste dá sequência a um estudo detalhado do idioma yorùbá, iniciado com o Dicionário Yorùbá-Português (2011), que poderá ser consultado para facilitar a organização de frases e textos. O autor apresenta mais de 18 mil verbetes, mais de 15 mil exemplos de frases traduzidas, explicações das palavras fundamentais, a categoria gramatical das palavras para orientação na formação de frases e regras gramaticais. Além disso, a obra inclui uma seção com orientações básicas sobre o idioma yorùbá, incluindo alfabeto, pronúncia, sistema tonal, vogais alongadas, elisão e assimilação, plural das palavras, gênero gramatical, frases interrogativas, substantivos, adjetivos, verbos, advérbios, preposições, conjunções, numerais e observações gerais. Mais que apenas um dicionário, o Dicionário Português-Yorubá funciona também como uma gramática do yorùbá.
Freud revisitado
Sigmund Freud é um dos poucos pensadores e cientistas com forte presença nas manifestações culturais, inclusive nas mais populares. Pudera: suas descobertas colocaram o ser humano diante do universo de mistérios do seu inconsciente – a parte da mente sobre a qual não temos nenhum controle, mas que determina os nossos comportamentos, ansiedades, escolhas e os caminhos da nossa sexualidade. Mas a obra de Freud acabou sendo, também, uma das preferidas do papo amador, aquele que acaba frequentando “as mesas dos botequins”, produzindo um verdadeiro “telefone sem fio”, ao misturar, sem muito discernimento, conceitos como: “reprimidos”, “negação”, “inveja do pênis”. Mas, a confusão acaba aqui. O jornalista Alexandre Carvalho mergulhou profundamente na obra de Sigmund Freud, através de Freud sem Traumas (Editora Leya Brasil) para descomplicar suas principais teorias, apresentando-as de forma clara. Ao explicar postulados como a pulsão de morte, nosso mal-estar diante das exigências do convívio social e os conflitos psicológicos que definem quem somos, o autor faz uma jornada sobre autoconhecimento – e, de quebra, elucida muitas das questões da sociedade atual. Um conjunto de reflexões urgentes nestes tempos de ataques à autoestima (via redes sociais) e de ódio a opiniões que não sejam idênticas às nossas. Freud ajudou milhões a entenderem a própria personalidade. Este livro vai ajudar você a entender de vez – com um texto tão acessível