Agoto - 2020 - Edição 270

Áfricas diversas

Em A África e os Africanos na História e nos Mitos, Alberto da Costa e Silva, cujos 90 anos comemoramos em 2021, mais uma vez empresta seu vasto conhecimento aos leitores que queiram entrar em contato com a história daquele continente e de seu povo. Esta é uma viagem às várias Áfricas que coexistem, motivada pelo prazer intelectual e pela alegria das descobertas, pela possibilidade de estabelecer aproximações, perceber diferenças, descortinar múltiplos enfoques de determinado tema. Para tanto, Costa e Silva reuniu fragmentos de histórias orais, transcrições de época, tradições e relatos de povos, líderes, linguistas, viajantes e estudiosos, tudo muito bem urdido e narrado com tantas cores que nos sentimos transportados no tempo e no espaço. Alberto da Costa e Silva presidiu a Academia Brasileira de Letras entre 2002 e 2003. Foi membro do Conselho Nacional de Direito Autoral, entre 1984 e 1985; do Comitê Científico do Programa Rota do Escravo, da UNESCO, de 1997 a 2005 e do Júri do Prêmio Camões em 2001 e 2003. Foi Doutor Honoris Causa em História pela Universidade Federal Fluminense, em 2009, e pela Universidade Federal da Bahia, em 2012. Recebeu o Prêmio Juca Pato – Intelectual do Ano de 2003, da União Brasileira de Escritores e Folha de S. Paulo. É membro do PEN Clube do Brasil, sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa da História.

Recolta

Pensadora da crise e do recomeço, Hannah Arendt (1906- 1975) produziu uma obra incomparável sobre os acontecimentos do século XX e suas repercussões. Os textos reunidos em Pensar sem Corrimão (Ed. Bazar do Tempo) atestam a sua capacidade em avaliar com rigor teórico e compromisso ético as principais questões de seu tempo, criando diagnósticos que se tornaram referência nos mais diversos campos das ciências humanas. Produzidos entre os anos 1950 e 1970, esses escritos, em grande parte inéditos, atravessam o período em que a Arendt escreveu suas obras mais importantes. Dessa forma, é visível o diálogo estabelecido entre as reflexões presentes nesta edição – em ensaios, aulas, estudos e entrevistas – e trabalhos como Origens do totalitarismo, Sobre a revolução e A condição humana. Na coletânea, estão mais de quarenta textos com propósitos e estilos diferentes: projetos de pesquisa como o que a autora dedica a Marx, uma série de estudos sobre o significado das revoluções modernas, discursos como o de agradecimento pelo recebimento da Medalha Emerson-Thoreau, importante prêmio literário concedido pelo Academia Americana de Artes e Ciências, homenagens a amigos, como o filósofo Martin Heidegger e o poeta W. H. Auden, cartas e entrevistas que trazem detalhes da vida e a obra da autora. O pensamento de Hannah Arendt, de atualidade surpreendente e sempre atento aos sentidos da vida pública e do bem comum, continua sendo chave fundamental para a leitura do mundo contemporâneo, das configurações políticas e possibilidades de futuro

Amantes de thrillers

Kate Marshall era uma jovem e promissora detetive quando prendeu o serial killer que assombrou o bairro de Nine Elms, na região sul da cidade de Londres. Mas, devido a uma série de circunstâncias inesperadas, sua maior vitória de repente se transformou em um pesadelo. Traumatizada, traída e publicamente humilhada, Kate foi obrigada a se afastar e a abandonar sua carreira. Após quinze anos, ainda que atormentada pelos traumas de sua experiência na polícia, Kate tenta seguir sua vida em uma pacata cidade da costa inglesa. Mas, um dia, ela recebe uma carta que a leva imediatamente para o passado: pistas que se assemelham demais àquelas que foram decisivas anos antes. Kate se vê, então, envolvida nos meandros de um caso que só ela poderá resolver. Com um raro talento para desvendar mentes criminosas, Kate recorre ao seu instinto e às suas admiráveis competências de investigadora para enfrentar um caso cujo sucesso promete sua redenção. Mas há muito em jogo: não é só Kate que deseja capturar o assassino… Ele também vai fazer de tudo para encontrá-la. O Canibal de Nine Elms (Editora Gutemberg) é o primeiro livro de uma nova série do aclamado autor Robert Bryndza, com tradução de Marcelo Hauck. A combinação perfeita entre uma história instigante, uma escrita consistente e uma leitura prazerosa para os amantes de thrillers.

Nova teoria

Por uma nova Sociologia Clássica de Alain Caille e Frederic Vandenberghe saí sob a égide da Editora Vozes. Este texto para discussão reivindica uma nova aliança teórica capaz de superar tanto a fragmentação como a especialização e a profissionalização excessivas, além de seus resultados nocivos, no interior das ciências sociais. Como alternativa ao utilitarismo e à colonização das ciências sociais por modelos da ação racional, o texto e a discussão que segue com onze sociólogos de renome mundial propõem uma nova articulação entre teoria social, os chamados Studies, e as filosofias política e moral. Amparado na antropologia inspirada pelo ensaio clássico de Marcel Mauss sobre a dádiva, ele recomenda um retorno à teoria social clássica, reconsidera o legado de Marx, além de explorar articulações envolvendo as teorias da reciprocidade, do care e do reconhecimento. Com contribuições de Frank Adloff, Jeffrey Alexander, Francis Chateauraynaud, Raewynn Connell, François Dubet, Phil Gorski, Nathalie Heinich, Qu Jindong, Mike Savage, Mike Singleton e Philippe Steiner. Alain Caillé é professor emérito da Universidade de Nanterre em Paris, França. Publicou cerca de 30 livros e mais de 500 artigos sobre teoria social. Frédéric Vandenberghe é professor de Sociologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde também dirige o Sociófilo, o Laboratório de Teoria Social. Ele tem publicado amplamente sobre a história das ideias e vários aspectos da teoria social em inglês, francês e português.

Mudar o mundo

Esta é a história inesquecível de uma menina que deseja estudar para poder encontrar sua voz e falar por si mesma. A Garota que Não se Calou (Editora Verus) é uma narrativa comovente e triunfante sobre o poder de lutar pelos seus sonhos. Adunni nasceu e cresceu em uma aldeia rural na Nigéria. Aos catorze anos, ela é uma mercadoria, uma esposa, uma serva. Mas, acima de tudo, ela é inteligente, engraçada e curiosa, com uma energia contagiante. A mãe de Adunni lhe disse que a educação é a única maneira de não se calar de não perder a capacidade de falar por si mesma e decidir o próprio destino. Depois da morte da mãe, o pai da garota a vende para ser a terceira esposa de um homem que está ansioso para ter um herdeiro. Adunni consegue fugir do casamento arranjado, apenas para ser vendida para uma família rica, à qual deverá servir. Mas, ao contrário de tantas outras garotas forçadas a uma vida de servidão, Adunni não será silenciada. Apesar dos obstáculos aparentemente intransponíveis em seu caminho, Adunni nunca perde de vista o objetivo de escapar da vida em que nasceu para poder construir o futuro que escolheu para si ― e ajudar outras meninas como ela a fazer o mesmo. Em A Garota que Não se Calou, a determinação de Adunni de encontrar alegria e esperança mesmo nas circunstâncias mais difíceis nos inspira a ir atrás dos nossos sonhos... e talvez até a mudar o mundo. Abi Daré nasceu em Lagos, na Nigéria, e mora no Reino Unido há 18 anos.

Lembranças

Grande declaração de amor aos livros e à leitura, Encaixotando minha Biblioteca (Cia das Letras Editora) fala sobre a importância dos livros em nossa vida e como são fundamentais para o desenvolvimento da sociedade. No verão de 2015, Alberto Manguel se preparou para mais uma mudança: ele sairia de sua casa medieval no Loire, na França, e passaria a morar em um apartamento em Nova York. Sua biblioteca pessoal, com cerca de 35 mil volumes, teria que ser guardada. Nesse momento, o escritor começa a relembrar sua relação com os livros e as bibliotecas (públicas e privadas) que já passaram por sua vida, apresentando aos leitores uma elegia apaixonada. As reflexões de Manguel variam amplamente, desde as adoráveis idiossincrasias dos bibliófilos a análises mais profundas de eventos históricos, como o incêndio da antiga Biblioteca de Alexandria. Com perspicácia e carinho, o autor ressalta a importância dos livros e seu papel único para uma sociedade democrática e engajada. Alberto Manguel nasceu em 1948, em Buenos Aires. Passou a infância em Israel, onde seu pai era embaixador argentino, e estudou na Argentina. Morou em diversos países, como Espanha, França, Inglaterra e Itália, sempre rodeado por livros. Além de publicar obras de ficção e não ficção, ele também contribui regularmente para jornais e revistas do mundo inteiro