Abril - 2020 - Edição 254

Machado revivido

Em 2008, a Academia Brasileira de Letras publicou o primeiro volume da Correspondência de Machado de Assis. Ao longo dos anos seguintes, a Academia deu continuidade ao projeto, lançando mais 4 volumes e integrando assim a totalidade da correspondência ativa e passiva de Machado produzida entre os anos de 1860 e 1908, ano do falecimento do escritor. Em Correspondência de Machado de Assis (Global Editora), os cinco volumes estão agora reeditados pela Global em parceria com a Academia, disponibilizando pela primeira vez de forma conjunta o acesso à rica correspondência do “bruxo do Cosme Velho”. O minucioso trabalho conduzido por Sergio Paulo Rouanet, Irene Moutinho e Sílvia Eleutério nos possibilita captar dimensões surpreendentes acerca da vida e da obra de nosso escritor maior. Na intensa troca de cartas de Machado com figuras de destaque da literatura e cultura brasileiras como Joaquim Nabuco, José de Alencar, Capistrano de Abreu e Oliveira Lima, estão presentes seus juízos surpreendentes sobre os acontecimentos de seu tempo e a exposição de seus anseios pessoais e profissionais. Sem sombra de dúvidas, este valioso conjunto de cartas lança novas luzes para a compreensão do fenômeno da enorme presença da literatura de Machado de Assis entre nós. Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. É considerado um dos maiores escritores da língua portuguesa. Foi romancista, contista, cronista, poeta, teatrólogo, crítico literário e jornalista. Faleceu no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908.

Navegações

A descoberta de um conjunto de gravuras do século XVIII, praticamente ignorado pela historiografia, levou o pesquisador Carlos Francisco Moura à conclusão de se tratar de material iconográfico que resume a tipologia dos navios de guerra construídos no século XVIII nos estaleiros de Portugal e do Brasil. Ele manteve o título arbitrado pela catalogação, Naus e Fragatas, uma edição do Liceu Literário Português/Real Gabinete Português de Leitura, que, na realidade, é o resumo esquemático de gravuras com dimensões, número e calibre de peças de artilharia e guarnição de 6 naus (de 120, 90, 80, 74, 64 e 50 peças), e de uma fragata (de 36 peças). Segundo o autor, as gravuras soltas, encadernadas para facilitar a consulta e a preservação, destinavam-se ao ensino da Academia Real dos Guardas-Marinhas, instituição criada em 1782, e que em 1807/1808 foi transferida com a Corte para o Rio de Janeiro, dando início ao ensino da marinha de guerra no Brasil. As gravuras que servem de base ao estudo pertenciam à Real Biblioteca/Casa do Infantado, e foram incorporadas ao acervo da Biblioteca Nacional. Além da transcrição dos textos na ortografia atual, o trabalho inclui resumos sobre a criação da Real Academia dos Guardas-Marinhas, sobre desenho e arquitetura naval, e sobre gravadores em Portugal no século XVIII, índice dos termos manuscritos, bibliografia utilizada e relação de estudos do autor sobre temas navais, de navegações e viagens. Trata-se da primeira edição das gravuras em formato livro.

Desafio econômico

Um livro do lendário ex-presidente do Fed e do aclamado historiador e jornalista da Economist. A história épica e completa da evolução dos Estados Unidos: de uma pequena colcha de retalhos de colônias maltrapilhas até se tornar a mais poderosa máquina de riqueza e inovação que o mundo já viu. Em Capitalismo na América: uma história (Editora Record), Alan Greenspan (ex-presidente do Conselho do Federal Reserve) e Adrian Wooldridge (célebre historiador e jornalista da Economist) analisam o desenvolvimento do capitalismo norte-americano. Com um texto acessível, a história contada por eles envolve as vastas paisagens do país, figuras titânicas, descobertas triunfantes, sucessos impensáveis e terríveis falhas morais de grandes líderes. O que há de mais crucial no debate sobre a evolução dos Estados Unidos está neste Capitalismo na América: do papel da escravidão na economia sul-americana pré-guerra, passando pelo impacto real do New Deal de Roosevelt até as maiores mudanças ocorridas no país ao se abrir para o comércio global. No momento atual, em que o crescimento da produtividade parou novamente, provocando as fúrias populistas, resta saber se os Estados Unidos preservarão sua preeminência ou se verão sua liderança passar para outros poderes, inevitavelmente menos democráticos. Parece ser, portanto, o melhor momento para aplicar as lições da história a fim de compreender os desafios a serem enfrentados.

Revivendo o passado

Valerie tinha três anos de idade quando foi levada de Paris para Londres, durante a Segunda Guerra Mundial. Agora, aos vinte anos e sozinha no mundo, ela se candidata, com nome falso, a uma vaga de emprego na livraria do avô, Vincent Dupont. Ele é seu único parente vivo e a única pessoa que sabe o que realmente aconteceu com seus pais biológicos. À medida que passa a conhecer melhor o ranzinza e reservado Dupont, Valerie vai puxando o fio da própria história. Mas essa história não se completa: qual seria o segredo devastador que Vincent estava disposto a tudo para esconder? Esta é uma comovente história de amor, medo e coragem em tempos de guerra. O Segredo da Livraria de Paris (Gutemberg Editora), de Lily Graham, vai levar você para essa icônica cidade dos anos 1940 e 1960. Você vai chorar de emoção, rir, se admirar e perder o fôlego em diversos momentos dessa leitura impossível de ser interrompida. Lily Graham cresceu na África do Sul e era jornalista. Quando criança, sonhava em ser escritora e tinha manuscritos inacabados que enchiam as gavetas de sua escrivaninha. Mas foi só aos 30 anos que finalmente terminou um deles. Começou escrevendo livros infantis, mas, quando sua mãe foi diagnosticada com câncer, ela escreveu uma história para lidar com o medo e a dor pela qual estava passando – esse se tornou seu primeiro romance de ficção para mulheres, publicado em 2016. Desde então, escreveu seis romances.

Anne Frank

Publicado anteriormente no Brasil pela editora Gutenberg com o título Recordando Anne Frank, esta trajetória é narrada em primeira pessoa no livro Eu, Miep, Escondi a Família de Anne Frank, (Vestigio Editora) da autora Alison Leslie Gold com tradução de Íris Figueiredo. Todos conhecem a história da jovem Anne Frank, que documentou em seu diário os dias de confinamento no Anexo Secreto junto de sua família e outros sete judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Mas uma história igualmente importante é bem menos conhecida: a de Miep Gies, secretária e contadora austríaca que arriscou tudo para ajudá-los. Nele, Miep conta desde as suas lembranças mais antigas de infância como refugiada da Primeira Guerra Mundial até o momento em que virou guardiã do famoso diário de Anne Frank, episódio importante para que este registro se tornasse, hoje, conhecido por todos nós. Alison Leslie Gold é uma autora americana. Seus livros incluem Anne Frank Remembered, The Clairvoyant, The Devil’s Mistress e Memories of Anne Frank. Ela escreveu ficção literária e livros para jovens sobre uma ampla variedade de assuntos, incluindo intervenção alcoólica e o Holocausto, como vivido pelos jovens. Gold nasceu em 13 de julho de 1945 no Brooklyn , Nova York, e cresceu na cidade de Nova York. Ela foi educada na Universidade da Carolina do Norte, na Faculdade da Cidade do México e na Nova Escola de Pesquisa Social da cidade de Nova York. Atualmente, ela divide seu tempo entre a cidade de Nova York e uma pequena ilha na Grécia.

Em busca da liberdade

O fascinante novo romance de Isabel Allende, Longa Pétala de Mar (Bertrand Brasil), narra encontros e desencontros de chilenos em plena Guerra Civil Espanhola, quando o jovem médico Víctor Dalmau e sua amiga, a pianista Roser Bruguera, são obrigados a abandonar Barcelona, exilar-se e atravessar os Pirineus rumo à França. A bordo do Winnipeg, navio fretado pelo poeta Pablo Neruda, que levou mais de dois mil espanhóis para Valparaíso, eles embarcaram em busca da paz e da Liberdade que não tiveram em seu país. Recebidos como heróis no Chile, essa longa pétala de mar e neve, nas palavras do poeta chileno, os dois se integrarão na vida social do país durante várias décadas, até o golpe de Estado que derrubou Salvador Allende, com quem Víctor estava ligado por laços de amizade, graças à paixão pelo xadrez. Víctor e Roser se verão novamente desterrados, mas, como diz a autora: (quando se vive o suficiente, todos os círculos se fecham. Uma viagem pela história do século XX, de mãos dadas com alguns personagens inesquecíveis que descobriram que, numa única vida, cabem muitas outras, e às vezes o difícil não é fugir, mas voltar. Isabel Allende nasceu em 1943, no Peru, onde seu pai era diplomata. Viveu no Chile entre 1945 e 1975, na Venezuela até 1988 e, a partir de então, na Califórnia. Começou a carreira literária como jornalista. Seus livros já foram traduzidos para 35 idiomas. Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura, em 2010, no Chile, e o Prêmio Hans Christian Andersen, em 2012, pela série As aventuras da águia e do jaguar.