Março, 2022 - Edição 277

A alma da língua portuguesa

“Uma língua é uma alma feita de milhões de almas, pela qual se ama, se sofre, se cria, se chora, se ri, se pensa, se escreve, se fala”, bem definiu o presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa, na ocasião da reinauguração do Museu da Língua Portuguesa (MLP), em São Paulo, quando condecorou a instituição com a Ordem de Camões.

Instalado na histórica Estação da Luz, no coração da cidade de São Paulo, o Museu, reinaugurado há oito meses, voltou a encantar o público, com requintada curadoria de Isa Grinspum Ferraz e Hugo Barreto. Com boa parte do conteúdo renovado, a instituição passou a refletir criticamente sobre a sociedade e suas diversas perspectivas, traduzidas em experiências inovadoras. A língua é o que nos faz humanos. O Museu da Língua Portuguesa explora a língua falada por 260 milhões de pessoas no mundo em sua história, suas influências e em como é elemento fundamental da nossa identidade cultural.
Depois de nove anos de grande sucesso, o Museu fechou as portas por cinco anos. O prédio sofreu um incêndio de grandes proporções, no dia 21 de dezembro de 2015, e teve que ser completamente reformado. Do nascimento ao fogo, havia somado 3,9 milhões de visitantes, 30 exposições temporárias e 12 prêmios.

Estima-se um investimento em torno de R$ 85 milhões nas obras de reconstrução, acompanhadas pelos órgãos federais, estaduais e municipais de proteção do patrimônio histórico e artístico.
Além do conteúdo das exposições, que foi revisto e ampliado, o Museu agora conta com um novo terraço, com vista para o Jardim da Luz e a torre do relógio. Durante o período em obras, a equipe responsável aproveitou para reconstruir o acervo e repensar novidades para as exposições. De maneira itinerante, muita pesquisa foi feita para atualizar o panorama da língua portuguesa.


Patrimônio imaterial



Por ter como tema um patrimônio imaterial, a instituição faz uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar o acervo. Falar sobre a língua portuguesa é falar sobre mudanças, sobre como ela é viva. A grande contribuição do museu é mostrar a língua como cultura e como ela é reinventada.


Exposições



A reabertura do museu foi marcada por novas instalações entre as exposições de longa duração, dispostas no segundo e no terceiro andar do prédio. Entre as novidades, está a Línguas do mundo, onde mastros se espalham pelo hall, com áudios em 23 diferentes idiomas. Foram escolhidas línguas, entre as mais de 7 mil existentes, que tenham relação com o Brasil, incluindo expressões originárias, como yorubá, quimbundo, quéchua e guarani-mbyá.

Os sotaques e as expressões do português no Brasil ganham espaço na instalação Falares. E os Nós da Língua Portuguesa mostram os laços e a diversidade cultural entre os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). O idioma é falado em cinco continentes por 261 milhões de pessoas.

Continuam a ser exibidas, assim como nos quase 10 anos em que o museu esteve ativo, a instalação Palavras Cruzadas, que mostra influências históricas no português falado no Brasil e a Praça da Língua, que homenageia a língua falada, escrita e cantada, com um espetáculo de som e luz. A praça, uma espécie de planetário, traz poemas e músicas interpretados por nomes como Maria Bethânia e Matheus Nachtergaele.
Em sua exposição principal, o MLP continua convidando o visitante a aprender sobre a língua portuguesa por meio de instalações interativas e lúdicas. O Beco das Palavras e a Praça da Língua, duas das experiências mais queridas do público, foram mantidas – e renovadas com nova tecnologia.



“Sonhei em Português!”



Até o dia 12 de junho, o público poderá ver a mostra temporária Sonhei em Português!, no primeiro andar do Museu. A migração como um direito humano é a premissa da exposição, que tem como um de seus núcleos principais a experiência de imigrantes de várias nacionalidades em São Paulo – uma cidade cuja história e cujo presente são indissociáveis da imigração.
A mostra apresenta depoimentos de 13 imigrantes de várias nacionalidades estabelecidos em São Paulo – e de 6 brasileiros que vivem no exterior. O título vem de um dos depoimentos exibidos e alude ao momento simbólico em que o imigrante concretiza sua ligação pessoal com a terra que o recebeu.
Ao abordar a imigração do século XXI, a mostra faz um importante complemento ao que o Museu da Língua Portuguesa apresenta em sua exposição principal, uma abordagem histórica dos fluxos migratórios anteriores na construção do português falado no Brasil.


Serviço
Horários
De terça a domingo.
Das 9h às 16h30 (permanência permitida até 18h).
Recomendamos a compra antecipada do ingresso pelo Sympla.

Fechamento
O museu fecha às segundas-feiras.
Fechado também no dia 01/01.

Auditório e Praça da Língua – 3º andar
Essas experiências funcionam com uma quantidade limitada de visitantes por vez e, por isso, a compra de ingresso não garante automaticamente o acesso a esses espaços. A fim de organizar o volume de público, os interessados devem retirar uma senha com a equipe de orientação em frente ao Auditório.

Ingressos
Inteira – R$ 20,00
Meia-entrada – R$ 10,00
Grátis aos sábados*
Crianças até 7 anos não pagam*. Veja outras gratuidades.
*Pessoas com direito a gratuidade também podem adquirir suas entradas antecipadamente pela internet. Caso agende sua visita com um grupo de amigos ou família, as pessoas desse grupo com direito à gratuidade também devem ter os ingressos emitidos para garantir sua entrada no mesmo horário.

Por Manoela Ferrari