Março - 2024 - Edição 299
No centenário de Guy Williams, a despedida de Walmir Amaral
Zorro, o herói mascarado, é um ícone dos
fãs de seriados de televisão e histórias em quadrinhos, especialmente para
os jovens que já passaram dos 60 anos. O mais famoso Zorro já encenado, chegou ao Brasil em meados
dos anos 1960, consagrando o ator Guy Williams. Na época, Armando Joseph
Catalano – seu nome de batismo, era um novato, com participações secundárias em alguns filmes e trabalhos realizados como modelo publicitário.
Mesmo sem se destacar em seu início
como ator, Guy Williams teve aparições relâmpagos em filmes importantes, como nos primeiros minutos de O Dia em que a Terra parou
(The Day the Earth Stood Still), de 1951. Alto, bonito e habilidoso na
arte da esgrima – esporte que já havia praticado antes de sonhar em
empunhar a espada do justiceiro – foram pontos favoráveis para ser
escolhido para o papel, aliás, escolha sob o olhar cirúrgico do próprio
Walt Disney. O seriado foi ao ar pelo canal ABC em 28 de setembro de
1959. Apesar do enorme sucesso, os custos da produção e empecilhos
contratuais com a emissora resumiram a série em duas temporadas
de 78 episódios e mais 4 especiais (estes, praticamente inéditos nas
emissoras de televisão aberta no Brasil).
Com o fim do seriado, Guy Williams ainda manteve contrato com a Disney por mais algum tempo, fazendo aparições na
Disneylândia e em eventos da empresa, mas logo
seguiu seu caminho tentando dar continuidade
à sua carreira de ator. Guy apareceu em algumas
produções cinematográficas, quase sempre em
filmes de aventura, e surgiu em participações
especiais em outros seriados, como o western
Bonanza. Em 1965, volta a ser protagonista na
TV num dos maiores sucessos criados por Irwin
Allen: Perdidos no Espaço (Lost in Space), obra
que durou 3 temporadas, com 84 episódios.
Mas Guy Williams estava mesmo fadado a ser o
Zorro, quando, numa viagem à Argentina, em
1972, o ator foi recebido como ídolo, por
conta do sucesso do
herói mascarado
na América Latina.
Surpreso com a fama
que tinha fora de seu
país, “Don Diego de La
Vega” mudou-se para
Buenos Aires, participou de programas
de televisão, apresentou-se em eventos e
chegou a manter uma
churrascaria no país.
Passou seus últimos
anos sendo idolatrado pelos argentinos,
até que faleceu em 6 de maio de 1989 em seu apartamento, em Buenos
Aires, no bairro de La Recoleta.
Nascido no dia 14 de janeiro de 1924, em Washington Heights, Nova Iorque, Guy Williams tem sido lembrado por seus fãs por conta do centenário de seu nascimento. No Brasil, é impossível não recordar das muitas histórias em quadrinhos lançadas pela editora Abril com as aventuras do Zorro. Boa parte desse material já vinha pronto do exterior, especialmente as belas páginas ilustradas pelo genial Alex Toth (na edição de outubro de 2022, esta coluna publicou nota sobre o álbum de quadrinhos Zorro, de Toth, lançado pela editora JBraga), mas a competente equipe de desenhistas brasileiros que a editora mantinha em seus quadros criou algumas páginas, capas e pôsteres que fizeram História. Algumas dessas peças, especialmente os pôsteres, hoje, são itens raros de coleção muito disputados pelos aficionados que caçam raridades pelos leilões e sebos.
Rodolfo Zalla, Moacyr Rodrigues e Walmir Amaral estão entre esses gênios do traço que deram vida ao Zorro inspirado na imagem de Guy Williams. Zalla talvez tenha sido o mais frequente entre seus colegas, mas algumas capas e pôsteres foram magistralmente desenhados pelas mãos talentosas de Walmir Amaral (na foto em preto e branco, num registro do Nei Lima, quando trabalharam juntos no CCAA, no final dos anos 1990).
No final do ano passado, enquanto preparávamos este pequeno registro, para ter certeza da autoria das artes publicadas pela Abril, que não traziam as assinaturas dos desenhistas, mantivemos contato com o Walmir pelo WhatsApp. Nas mensagens, o fabuloso desenhista confirmou pelo menos 3 capas e um pôster como sendo criações suas. Infelizmente, Walmir Amaral faleceu no dia 10 de janeiro passado, quatro dias antes do centenário do ator americano. Em sua homenagem, vamos exibir alguns de seus desenhos inspirados em Guy Williams para a apreciação do leitor do Jornal de Letras.
Saúde e Arte!