Jornal de Letras

Santos Dumont atemporal

A conquista da dirigibilidade, feito histórico de Alberto Santos Dumont, realizado a 13 de julho de 1901, imortalizou o inventor brasileiro e o transformou numa das maiores celebridades de seu tempo. A imagem de seu dirigível nº 5 contornando a Torre Eiffel, em Paris, percorreu o mundo e é, até hoje, uma das marcas do aviador brasileiro. Santos Dumont não parou por aí, nos anos seguintes, se manteve na mídia e na moda e, em 12 de novembro de 1906, realizou também outro feito marcante voando no seu famoso avião, o 14 Bis. Depois, veio também o Demoiselle, possivelmente seu invento mais perfeito, e uma série de aparições que deixou seu nome gravado em centenas de matérias jornalísticas, uma enorme coleção de livros biográficos e versões de seus feitos em Histórias em Quadrinhos. Sua chancela nunca mais deixou de ser mencionada pela imprensa como o maior visionário brasileiro da História. Mesmo após sua morte prematura, em 23 de julho de 1932, o inventor brasileiro sempre ressurge em algum artigo, livro ou projeto cultural interessante.

Recentemente, por conta dos 150 anos de seu nascimento (Monsieur Santô nasceu em 20 de julho de 1873), a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou belíssimo bloco de 3 selos comemorando a importante data. A peça filatélica é composta com interessante ilustração criada pelo talentoso Cordeiro de Sá, onde vemos três cenas do homenageado. Numa criativa arte desenvolvida em técnicas digitais, o desenhista estampou um Santos Dumont de braços abertos e com raro sorriso, detalhe que só os fãs do inventor brasileiro perceberam. São raríssimos os registros fotográficos em que Santos Dumont foi flagrado sorridente. Quase sempre o aviador era fotografado muito sério e, até certo ponto, sisudo e com olhar melancólico, até mesmo em seus melhores momentos comemorando suas conquistas. No bloco lançado pelos Correios, além da bela imagem de Dumont sorrindo com os braços abertos e cercado de suas máquinas voadoras, vemos mais duas cenas na base do conjunto que exibe o menino Alberto brincando e correndo como se estivesse se preparando para voar e, na outra, o 14 Bis num voo fictício nos céus de Petrópolis tendo sua famosa casa, a Encantada, como cenário. Nestas duas imagens, as frases, escritas com fonte muito semelhante à caligrafia do consagrado brasileiro, “Homem voa” e “As coisas são mais belas vistas de cima”, acompanham as ótimas ilustrações, num conjunto perfeito e de muito bom gosto.