Janeiro - 2023 - Edição 287

O talentoso caricaturista Fernandes Surgido na imprensa em 1979, o caricaturista Fernandes é um dos desenhistas brasileiros mais premiados da atualidade. Seu currículo é surpreendente e carrega uma farta e quase inacreditável lista de prêmios recebidos, a partir de 1997. Se apenas quiséssemos apresentar a lista completa de troféus que o artista recebeu nos últimos anos, praticamente ocuparíamos uma edição inteira da coluna Desenharte.

De fato, Fernandes é um dos mais talentosos artistas que temos no atual humor gráfico brasileiro, e tem sido muito bem-sucedido em suas participações em eventos de cartum e caricatura, sendo regularmente premiado. Até o fechamento desta edição, Fernandes recebeu mais de 70 prêmios, e teve cerca de 40 participações em exposições coletivas e individuais.

Dos prêmios, o desenhista tem indicações de 1ª colocação em 20 concursos e importantes salões de humor brasileiros e estrangeiros, como o Salão Internacional de Humor de Piracicaba, pelo qual foi agraciado em 2001 e 2018, com belíssimas caricaturas do argentino Jorge Luis Borges e Pablo Picasso, respectivamente. Foi ainda laureado diversas vezes em 2º e 3º lugares, e recebeu igualmente uma série de Menções Honrosas em concursos variados. Foi também agraciado com o troféu HQ Mix, o principal prêmio das artes gráficas do Brasil, por duas vezes, em 1997 e 2009, a primeira por conta das ilustrações da coleção Castelo Rá-Tim-Bum, da Cia das Letrinhas, e a segunda vez quando foi escolhido como o melhor caricaturista do Brasil naquele ano. Em 2017, graças à uma caricatura do cubano Fidel Castro, consagrou-se ao conquistar o 1º lugar nesta categoria, no World Press Cartoon, em Portugal, evento anual que celebra os melhores desenhos vinculados em publicações de todo o mundo, com centenas de artes humorísticas que retratam e criticam os acontecimentos, representadas pela imprensa de 54 países. Mas nem tudo são flores e risos na trajetória do genial caricaturista.

Em 2019, quando comemorava 40 anos de atividades, o artista teve duas de suas artes roubadas da mostra individual “Caminhos” – uma delas, a caricatura de Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, era original, enquanto outra, uma arte com Ferreira Gullar, era um fac-símile. Na maior cara de pau, o ladrão invadiu a Cafeteria Nacional, na Casa da Palavra, Centro de Santo André, e surrupiou os dois desenhos da mostra que, infelizmente, nunca foram recuperados.

Nascido no município de Avaré, interior de São Paulo, no dia 05 de outubro de 1959, Luiz Carlos Fernandes é autodidata e começou a se interessar por arte ainda na juventude, quando criava esculturas com argila que seu pai retirava da beira de um riacho. Porém, o artista acabou enveredando para o desenho, tornou-se caricaturista, e publicou pela primeira vez em 1979, no jornal O Estábulo, de sua cidade de origem. Depois, em 1982, aproveitando que recebeu uma bolsa de estudos da Escola Pan Americana de Artes, mudou-se para o Grande ABC, mas não concluiu o curso, e começou a desenhar para o Jornal do Planalto, de Diadema e, no mesmo ano, passou a colaborar no jornal Diário do Grande ABC. Em 1986, foi convidado para trabalhar na Gazeta Mercantil, quando a ideia inicial era substituir Laerte nos quadros da equipe de artes, mas não chegou a ocupar o posto, já que o diretor do setor estava se transferindo para o jornal Retrato do Brasil (que depois virou revista), e acabou levando-o para formar sua equipe com os também geniais Elifas Andreato e Jayme Leão.



Durante algum tempo, o desenhista também colaborou com diversas publicações alternativas, entre elas as revistas Brasil Transporte e Revista Transporte Moderno, o informativo Hoje São Paulo (do antigo MDB de SP), além de atender algumas agências que terceirizavam suas artes. Em 1989, retornou para o Diário do Grande ABC e, ao mesmo tempo, passou a atuar no Diadema Jornal. Em parceria com o ilustrador Ricardo Girotto, com quem manteve a empresa Traço Studio por cerca de 4 anos, a dupla foi a responsável por ilustrar centenas de obras literárias, entre elas, duas coleções, a já citada com 12 livros do Castelo Rá-Tim-Bum, e a coletânea A Turma do Gerson, do saudoso Gérson de Abreu (apresentador do programa X–Tudo, da TV Cultura), publicada pela Atual Editora. Em fevereiro passado, Fernandes apresentou 16 caricaturas inéditas retratando artistas ligados ao movimento modernista no Brasil, especialmente por conta do Centenário da Semana de 22. A mostra foi planejada sob a curadoria do cartunista Jal, o José Alberto Lovetro, e foi montada com reproduções gigantes nas pilastras do Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Inteligentemente intitulada “Pilares de 22”, a exposição exibiu caricaturas de Anita Malfatti, Antonieta Santos Feio, Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Guiomar Novaes, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade, Pagu, Plínio Salgado, Tarsila do Amaral, Villa-Lobos e Victor Brecheret.

Entre uma caricatura desenhada e outra, Fernandes também cria esculturas humorísticas, fazendo valer seu talento de juventude, chegando, inclusive, a receber prêmios importantes com essa linguagem. Recentemente, no 49º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, o artista foi convidado a participar de uma exposição paralela, justamente apresentando esculturas inéditas de sua autoria, no caso representando 12 escultores que fizeram História nas artes no mundo, como Tomie Ohtake, Francisco Brennand, Lygia Pape, Michelangelo, Honoré Daumier entre outros.

Marcando presença na Internet, Fernandes pode ter suas artes apreciadas pelos leitores do Jornal de Letras no blog caricaturasfernandes.blogspot.com/; no Instagram, no perfil @_caricaturistafernandes_, e no Facebook, no endereço facebook.com/luizcarlos.fernandes.583 Saúde e Arte!

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