Maio - 2022 - Edição 279
Gilberto Gil
Gilberto Passos Gil Moreira (Salvador, 26 de junho de 1942), é cantor, compositor, multi-instrumentista, produtor musical e político brasileiro, vencedor de prêmios Grammy Awards, Grammy Latino e galardoado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito (1997). Em 1999, foi nomeado “Artista pela Paz”, pela UNESCO. Em 2021, foi eleito para a cadeira de número 20 da Academia Brasileira de Letras. Influenciado pelo som da caatinga, sabia tocar sanfona aos 9 anos e, mais velho, começou a compor bossa nova. Em 1963, cursando Administração na Universidade da Bahia conheceu Caetano Veloso e sua irmã, Maria Bethânia. Pela participação em Festivais da Canção com Domingo no Parque, a Tropicália, o movimento, composto por Gil, Caetano, Os Mutantes e Tom Zé, foi responsável por trazer novas sonoridades para a música brasileira. Em 1969, depois de serem brevemente presos, os dois amigos fugiram para a Inglaterra. Em 1972, o músico voltou para o Brasil com a sua família, que incluía sua esposa Sandra e seus filhos Pedro, Preta e Maria. Foi Sandra que inspirou a lindíssima Drão, escrita quando os dois se separavam. Gil voltou para o Brasil após a queda da ditadura e pôde lançar seus trabalhos sem o medo da censura. Participou do Festival Mundial de Arte Negra, em 1976. Hoje, com mais de 30 discos lançados, recebeu honras internacionais e até teve carreira política: foi pré-candidato à prefeitura de Salvador, vereador da cidade, embaixador da ONU e ministro da Cultura no Brasil.
Basílio da Gama
José Basílio da Gama, poeta, nasceu em São José do Rio das Mortes, depois São José del Rei, hoje Tiradentes, MG, em 22 de julho de 1740, e faleceu em Lisboa, Portugal, em 31 de julho de 1795. É o patrono da cadeira número 4 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Aluísio Azevedo. A morte do pai, ocorrida na sua primeira infância, acarretou situação difícil. Teve um tutor, o brigadeiro Alpoim, que o encaminhou ao Rio de Janeiro, onde iniciou os estudos no Colégio dos Jesuítas. Lá faria o noviciado para professar na Companhia de Jesus. Viajou depois pela Itália e Portugal, de 1760 a 1767. Em 30 de junho de 1768, estava de viagem para Lisboa, a bordo da nau Senhora da Penha de França, com o objetivo de matricular-se na Universidade de Coimbra. Lá chegando, foi preso e condenado ao degredo para Angola, como suspeito de ser partidário dos jesuítas. Do desterro a que estava sentenciado, salvou-o o Epitalâmio que escreveu às núpcias de D. Maria Amália, filha de Pombal. Este simpatizou com o poeta, perdoou-o e, depois de lhe conceder carta de nobreza e fidalguia, deu-lhe o lugar de oficial da Secretaria do Reino. Basílio, no fim da vida, foi admitido na Academia das Ciências de Lisboa e publicou o poema Quitúbia (1791). O poema épico O Uraguai trata da expedição mista de portugueses e espanhóis contra as missões jesuíticas do Rio Grande, para executar as cláusulas do Tratado de Madri, em 1756
Valentim Magalhães
Antônio Valentim da Costa Magalhães, jornalista, contista, romancista e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de janeiro de 1859 e faleceu, na mesma cidade, em 17 de maio de 1903. Foi estudar Direito em São Paulo, e aí teve início sua vida agitada de escritor, boêmio e jornalista. Colega de Silva Jardim, Raimundo Correia, Raul Pompeia, Luís Murat e Luís Gama, cedo começou a escrever poesia. Publicou seu primeiro livro, Cantos e Lutas, ainda em São Paulo. De volta ao Rio, já formado, ingressou no jornalismo. Dirigiu A Semana, que se tornou o baluarte literário dos jovens de então. Além de literatura, esse periódico fazia propaganda da Abolição e da República. Quase todos os que, mais tarde, teriam algum papel nas letras brasileiras – e que então começavam – colaboraram em A Semana. Dedicando-se à poesia, ao conto, à crônica, ao romance, ao teatro, o que fez, de fato, foi divulgar os novos pelo país. Muito atacado, e muito defendido também, participou de inúmeras polêmicas, o que, em geral, prejudicou sua própria produção literária. Instituiu, em A Semana, uma “Galeria de Elogio Mútuo”, em que amigos escreviam uns sobre os outros. A Biblioteca da Academia iniciou o seu acervo com a doação, em janeiro de 1897, por Valentim Magalhães, de um exemplar do seu romance Flor de Sangue, que José Veríssimo qualificou de literatura apressada. Cem anos depois, essa obra só é lembrada pela circunstância de ter sido o marco inicial da Biblioteca da Academia.