Fevereiro - 2022 - Edição 276

António José Forte

(Vila Franca de Xira, Póvoa de Santa Iria, 6 de Fevereiro de 1931 – Lisboa, 15 de Dezembro de 1988) Poeta ligado ao movimento surrealista, integrou o chamado Grupo do Café Gelo. Trabalhou também como funcionário da Fundação Calouste Gulbenkian, onde durante mais de 20 anos desempenhou as funções de Encarregado das Bibliotecas Itinerantes. Foi casado com Amélia Bento, farmacêutica, e, depois, com a pintora Aldina. Deixou uma obra breve, mas que claramente o afirma como um consumado poeta. Com colaboração na revista Pirâmide e em vários jornais (A Rabeca, Notícias de Chaves, O Templário, Diário de Lisboa, A Batalha, Jornal de Letras, Artes e Ideias), publicou o seu primeiro livro, 40 Noites de Insônia de Fogo de Dentes numa Girândola Implacável e Outros Poemas, em 1958. Representado em inúmeras antologias poéticas, é também autor do livro de poesia infantojuvenil Uma Rosa na Tromba de um Elefante dedicado à sua filha Gisela. Sua poesia carreia uma certa perversão do discurso poético e a utopia ideológica, anarquizante e ainda claramente surrealista; é, com uma intenção nitidamente bretoniana. A sua poesia está reunida em Uma Faca nos Dentes, Algumas obras: 40 Noites de Insônia de Fogo de Dentes numa Girândola Implacável e Outros Poemas (1958); Uma Rosa na Tromba de um Elefante (1971); Teses sobre a Visita do Papa (1982); Uma Faca nos Dentes (1983), com prefácio de Herberto Hélder; Caligrafia Ardente (1987); Poemas de Amor (2006); Uma Faca nos Dentes (2017), com prefacio de (Herberto Helder); Un Couteau entre les dents (Ab irato, 2007).

George Agostinho Baptista da Silva

(Porto, 13 de fevereiro de 1906 – Lisboa, 3 de abril de 1994) Filósofo, poeta, ensaísta, professor, filólogo, pedagogo e tradutor português. Em 1931, foi para Paris, onde estudou na Sorbonne e no Collège de France. Criou o Núcleo Pedagógico Antero de Quental em 1939, e, em 1940, publicou Iniciação: cadernos de informação cultural. Em 1947, instalou-se definitivamente no Brasil, onde viveu até 1969. Em 1948, começou a trabalhar no Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, estudando entomologia, e ensinando na Faculdade Fluminense de Filosofia. De 1952 a 1954, ensinou na Universidade Federal da Paraíba e também em Pernambuco. Em 1954, organizou a Exposição do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo. Um dos fundadores da Universidade Federal de Santa Catarina em Florianópolis, criou o Centro de Estudos Afro-Orientais e ensinou Filosofia do Teatro na Universidade Federal da Bahia. Participou da criação da Universidade de Brasília e do seu Centro Brasileiro de Estudos Portugueses no ano de 1962 e idealizou o Museu do Atlântico Sul em Salvador. Regressou a Portugal em 1969, após a doença e morte de Salazar. Em 1987, foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Faleceu no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, no ano de 1994. Em 2004, a Alfândega Filmes lançou um documentária sobre a vida do filosofo. Agostinho da Silva é referenciado como um dos principais intelectuais portugueses do século XX. Da sua extensa bibliografia, destacam-se o livro Sete Cartas a um Jovem Filósofo, publicado em 1945.

Fernando Echevarría Ferreira

(Cabezón de la Sal, 26 de fevereiro de 1929 – Porto, 4 de outubro de 2021) Em 1940, entrou no Colégio Cristo Rei, dos padres Redentoristas, onde permaneceu até 1946, seguindo para Espanha, onde concluiu os estudos de Filosofia e Teologia. Publicou seu livro de estreia, Entre Dois Anjos em1956. Em 1961, emigrou para Paris, França. Aderiu ao Movimento de Acção Revolucionária (MAR) e ficou próximo do grupo de Argel. Aderiu à Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), o que o levou a instalar-se na Argélia em 1963. É um dos fundadores da LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária), criada em Paris. Colaborou em várias revistas, como Graal, Eros, Colóquio/Letras e Limiar. Com uma extensa obra poética, depois de Entre Dois Anjos, vieram os livros Tréguas para o Amor (1958), Sobre as Horas (1963), Ritmo Real (1971), A Base e o Timbre (1974), Media Vita (1979), Introdução à Filosofia (1981) e Fenomenologia (1984). É um premiado escritor português, tendo-lhe sido outorgados o Prêmio de Poesia do Pen Club de 1982 por Introdução à Filosofia; o Grande Prêmio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 1991 por Sobre os Mortos; em 1998 o Prêmio Luís Miguel Nava por Geórgicas; também por Geórgicas, a primeira edição do Prêmio Nacional de Poesia António Ramos Rosa em 1999, atribuído pela Câmara Municipal de Faro; ainda por Geórgicas, repetiu o Prêmio de Poesia do Pen Club de 1999; o Prêmio Teixeira de Pascoaes, em 2002. Internado durante alguns dias, acabou por morrer, aos 92 anos, no dia 4 de outubro de 2021, na cidade do Porto, onde residia.