Outubro - 2021 - Edição 272
Florbela Espanca
(Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 – Matosinhos, 8 de dezembro de 1930). Nascida Florbela da Alma da Conceição, foi uma poetisa portuguesa. Foi uma das primeiras feministas de Portugal. Era filha de Antônia da Conceição Lobo e de João Maria Espanca, que era casado com Mariana do Carmo Toscano, mas não tinha filhos. Florbela só foi batizada no dia 20 de junho de 1895, como filha de Antônia da Conceição Lobo e de pai incógnito, que só a reconheceu como filha depois de sua morte. Em 1903, começou a escrever seus primeiros textos e assinar “Flor d’Alma da Conceição”. Estudou no Liceu Nacional de Évora, onde permaneceu até 1912. Em 1913, casou-se com Alberto Moutinho. Em 1914, o casal muda-se para o Alentejo, onde abrem uma escola e Florbela passa a lecionar. Foi colaboradora do jornal Notícias de Évora. Em 1917, ingressa no curso de Direito da Universidade de Lisboa. Em 1921, divorcia-se de Alberto, passa a viver com Antônio Guimarães e sente o preconceito da sociedade. De volta a Lisboa, em 1923, publica Livro de Sóror Saudade. Nesse ano, sofre novo aborto e separa-se do marido. Em 1925, casa-se com Mário Laje. Em 1927, sua vida é marcada pela morte do irmão, fato que a levou a tentar o suicídio. A morte precoce do irmão lhe inspirou a escrever As Máscaras do Destino. Florbela Espanca suicidou-se com o uso de barbitúricos, no dia de seu aniversário, às vésperas da publicação de sua obra prima, Charneca em Flor, que só foi publicada em janeiro de 1931
Júlio Dantas
(Lagos, 19 de Maio de 1876 – Lisboa, 25 de maio de 1962). Formado em Medicina, dedicou-se à literatura, à diplomacia, ao jornalismo e ao ensino. Foi deputado, ministro da Instrução Pública e ministro dos Negócios Estrangeiros (1921- 1922 e 1923), terminando a sua carreira pública como embaixador de Portugal no Brasil (1941-1949). Considerado retrógado por alguns, como Almada Negreiros, que escreveu o Manifesto Anti-Dantas, muito polêmico, conseguiu granjear durante a vida grande prestígio social e literário, prestígio que decaiu após a sua morte. Foi eleito sócio da Academia de Ciências de Lisboa (1908), instituição que presidiu a partir de 1922. Publicou o seu primeiro artigo em 1893 no jornal Novidades, e o seu primeiro livro de versos em 1897. Do ponto de vista estilístico, a sua obra situa-se entre o romantismo e o parnasianismo, predominando nas obras de teatro e nas novelas os temas históricos. Contudo, as melhores obras de Júlio Dantas, nomeadamente Paço de Veiros (1903) e o O Reposteiro Verde (1921), têm um claro pendor para o naturalismo. Foi durante décadas um dos autores portugueses mais apreciados no estrangeiro. Contrariando o estereótipo de conservadorismo ligado à sua imagem pública, quebrou com a tradição e, não sendo crente, resistiu à pressão social da época: casou civilmente, a 30 de Maio de 1942, com Maria Isabel Penedo Cardoso e Silva, da qual não teve descendência, e recusou um funeral católico, mantendo-se fiel às suas convicções laicas.
Veronica Stigger
(Porto Alegre, 1973) Escritora, jornalista, professora e crítica de arte brasileira. Formouse em Jornalismo, mas dedica-se à pesquisa universitária. É doutora em teoria e crítica da arte pela Universidade de São Paulo. Desde 2001, vive em São Paulo com o poeta, ensaísta e crítico Eduardo Sterzi. O Trágico e Outras Comédias, seu livro de estreia, foi publicado primeiramente em Portugal, em 2003, pela editora Angelus Novus. Em abril de 2004, foi lançado em versão brasileira pela 7Letras. Em 2007, participou da V Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), ao lado de Cecília Giannetti e Fabrício Corsaletti, entre outros. Em novembro de 2010, montou a exposição, com cartazes afixados nos tapumes da obra do SESC 24 de Maio de São Paulo. Depois de três livros de contos, lançou em 2013 seu primeiro romance, Opisanie Swiata (“Descrição do mundo”, em polonês), que ganhou o Prêmio Machado de Assis (melhor romance) da Biblioteca Nacional de 2013, o Prêmio São Paulo de 2014, na categoria “melhor estreante acima de 40 anos”, e o Prêmio Açorianos de narrativa longa, também em 2014. Como curadora de artes plásticas, organizou, em 2013, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a exposição Maria Martins: Metamorfoses, que ganhou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em 2015, organizou, com Eduardo Sterzi, a exposição de fotografias do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, Variações do corpo selvagem, em São Paulo, no SESC Ipiranga.