Dezembro - 2020 - Edição 262

Artur Jaceguai

Artur Silveira de Mota, Barão de Jaceguai, almirante e historiador, nasceu em São Paulo, SP, em 26 de maio de 1843, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de junho de 1914. Aos 15 anos, era aspirante a guarda-marinha na Escola Naval do Rio de Janeiro, concluindo o curso em 1860. Em 1861, visitou a Inglaterra, a França, a Espanha, a costa da África e os Estados Unidos. Em 1862, foi promovido a Segundo-tenente, e logo foi promovido ao posto de Primeiro-tenente. Aos 26 anos, já era Capitão-de-mar-e-guerra. Era partidário do sistema Armstrong, que se opunha ao Whitworth, e, em conferências públicas, algumas das quais com a presença de D. Pedro II, defendeu o seu ponto de vista. Feitas experiências sobre o assunto, de acordo com as indicações de Jaceguai, a Marinha brasileira passou a usar o sistema Armstrong. Em 1897, foi nomeado diretor da Biblioteca da Marinha, Museu e Arquivo, e para redator da Revista Marítima Brasileira. Em 1900, foi nomeado diretor da Escola Naval, onde realizou um grande programa de administração. Jaceguai relutou em se candidatar à Academia. Incentivado por Joaquim Nabuco, dentro da ideia de que a Academia deveria representar, nos seus quadros, toda a vida mental brasileira e não apenas os aspectos da atividade literária nacional. Segundo ocupante da cadeira nº 6, foi eleito em 28 de setembro de 1907, na sucessão de Teixeira de Melo, e recebido pelo acadêmico Afonso Arinos, em 9 de novembro de 1907.

Cruz e Sousa

João da Cruz e Sousa (Nossa Senhora do Desterro, 24 de novembro de 1861 – Curral Novo, 19 de março de 1898) foi um poeta brasileiro. Com a alcunha de Dante Negro ou Cisne Negro, foi precursor do simbolismo no Brasil. Desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o marechal Guilherme Xavier de Sousa. Aprendeu francês, latim e grego, além de Matemática e Ciências Naturais. Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna por ser negro. Em 1885, lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias, em parceria com Virgílio Várzea. Em 1890, foi para o Rio de Janeiro, onde colaborou com diversos jornais. Em 1893, publicou Missal (prosa poética baudelairiana) e Broquéis (poesia), dando início ao simbolismo no Brasil. Em 1922 casou-se com Gavita Gonçalves, teve quatro filhos, todos mortos por tuberculose, levando-a à loucura. É patrono da Academia Catarinense de Letras. Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações), pelo individualismo, pelo sensualismo etc. Em Florianópolis, onde Cruz e Sousa nasceu, o antigo Palácio do Governo recebeu o nome do poeta: é o Palácio Cruz e Souza. Em Lages, existe o Clube Cruz e Souza, preservando sua história e promovendo a cultura negra. Joel Rufino dos Santos publicou em 2012 o romance Claros Sussurros de Celestes Ventos, em que figuram como personagens tanto o poeta quanto a Núbia, que dá nome a um poema em Broquéis.

Maria Firmina dos Reis

(São Luís, Maranhão, 11 de março de 1822 – Guimarães, 11 de novembro de 1917) Considerada a primeira romancista negra brasileira, foi batizada somente a 21 de dezembro de 1825. Tanto o registro de batismo como a certidão de 1847 são omissas em relação ao nome do pai de Maria Firmina, o qual apenas é declarado no seu registro de óbito, datado de 17 de novembro de 1917, com o nome de João Pedro Esteves. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução Primária nessa localidade e, sendo aprovada, ali mesmo exerceu a profissão, como professora de primeiras letras, de 1847 a 1881. Em 1859, publicou o romance Úrsula. Em 1887, publicou na Revista Maranhense o conto A Escrava, no qual se descreve uma participante ativa da causa abolicionista. Aos 54 anos de idade, perto da aposentadoria, fundou uma aula mista e gratuita para alunos que não podiam pagar. Essa ação vai ao encontro das lutas do final do século XIX, que desejavam a igualdade de ensino para meninas. Maria Firmina dos Reis participou da vida intelectual maranhense: colaborou na imprensa local, publicou livros, participou de antologias, e, além disso, também foi musicista e compositora. Maria Firmina dos Reis morreu cega e pobre, aos 95 anos, na casa de uma ex-escrava, Mariazinha, mãe de um dos seus filhos de criação. É a única mulher dentre os bustos da Praça do Pantheon, que homenageiam importantes escritores maranhenses, em São Luís.