Julho, 2025 - Edição 307
Rio, capital mundial do livro

O Rio de Janeiro é a primeira cidade de língua portuguesa a receber da Unesco o título de Capital Mundial do Livro, um reconhecimento
em virtude da excelência de seus programas de promoção da leitura. O
município assumiu esse papel a partir de 23 de abril deste ano, quando é
celebrado o Dia Mundial do Livro. A nova Capital Mundial do Livro entra
para uma rede de cooperação internacional com as cidades dos anos anteriores. A cidade contará com uma ampla agenda de eventos e iniciativas
voltadas à formulação de novas políticas públicas para o livro e a leitura.
A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, celebrou
o início oficial da programação do Rio Capital Mundial do Livro 2025, com
um espetáculo musical no Teatro Carlos Gomes. No espetáculo, Jeanne
Barseghian, prefeita de Estrasburgo, Capital Mundial do Livro de 2024, fez
a entrega simbólica do título ao prefeito Eduardo Paes. A cidade francesa é reconhecida como um dos principais polos de literatura infantil da
Europa.
O prefeito do Rio ressaltou
a importância do
compromisso assumido pela cidade
com o título recebido: “O que a gente
tem de ter claro é
que uma cidade de
leitores, onde as
pessoas têm o hábito da leitura, é uma
cidade mais desenvolvida, com mais
conhecimento, de
mais respeito ao
próximo. Tem um
legado grande para deixarmos ao longo do ano. Vai ter muita coisa acontecendo celebrando a leitura, os livros e o Rio de Janeiro.”
Paes destacou, ainda, a importância simbólica do título: “É muito
importante esse título, tem um valor simbólico imenso.
O Rio é a primeira
cidade de língua portuguesa a assumir esse papel. Tem toda uma história
de o Rio ter sido capital da Colônia e do Império. A cidade tem o Real
Gabinete Português, um tesouro do Rio, a Biblioteca Nacional, a Academia
Brasileira de Letras, os grandes escritores brasileiros baseados aqui. É um
ano para celebrar a leitura, para se criar mais o hábito da leitura. Vamos ter
a Bienal do Livro, pela primeira vez o Prêmio Jabuti na cidade, ao longo do
ano nas estações do BRT as pessoas vão poder pegar livros deixando outro
fazendo a troca, além das políticas públicas da Secretaria de Educação
para toda rede municipal de ensino. Então é um ano especial, o Rio já foi
capital do G20 ano passado e será do Brics este ano”, afirmou.
O evento também contou com a presença da
coordenadora de Cultura da Unesco,
Isabel de Paula, representando a
diretora e representante da Unesco
no Brasil, Marlova Jovchelovitch
Noleto, do presidente da Academia
Brasileira de Letras,
Merval Pereira, e do
secretário municipal de Cultura, Lucas Padilha.
Produzido e dirigido por Edson Erdmann, o espetáculo musical
foi concebido como um livro, com capa, prefácio, dedicatória e capítulos
que contaram a história da língua portuguesa, da importância do Rio de
Janeiro como centro difusor da literatura e reuniu citações e referências de
mais de 70 grandes romancistas e poetas brasileiros.
O evento também revelou as obras da Caixa Literária da Língua
Portuguesa, formada no evento Rios da Palavra, na Academia das Ciências
de Lisboa, que marcou o início oficial da agenda do Rio Capital Mundial do
Livro. A Caixa Literária contém um acervo com obras clássicas e contemporâneas selecionadas por países de língua portuguesa como Portugal,
Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e
Timor-Leste. Entre as obras dentro da caixa estavam Pura Matéria de
Sonho, de Fernando Pessoa; Os Lusíadas, de Luís de Camões; e Os Maias,
de Eça de Queiroz.
A iniciativa simboliza o apoio da comunidade lusófona ao Rio
como Capital Mundial do Livro. Ao longo do ano, novas obras brasileiras
serão integradas ao acervo por meio de concursos, festivais e premiações. A proposta é incorporar essa ação à programação oficial das futuras
Capitais Mundiais do Livro da Unesco, com o Rio de Janeiro assumindo
um papel de liderança na promoção da literatura em língua portuguesa.
Programação Rio Capital Mundial do
Livro 2025
A programação do Rio Capital Mundial do Livro 2025 também
inclui ações voltadas ao desenvolvimento econômico do setor e à valorização da cadeia produtiva do livro. Desde agosto de 2024, a Prefeitura já
investiu cerca de R$ 5, 1 milhões em editais voltados à realização de feiras
literárias, capacitação de escritores, promoção da literatura brasileira e
incentivo a autores cariocas.
O Rio de Janeiro ja é sede de eventos fundamentais para a literatura,
como a Bienal Internacional do Livro no Rio, Feira Literária das Periferias
(FLUP), LER – Festival do Leitor e Festival Paixão de Ler. A cidade também é
sede de instituições de destaque nacional e internacional, o Real Gabinete
Português de Leitura, Biblioteca Nacional, Academia Brasileira de Letras,
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Casa Rui Barbosa, Arquivo
Geral da Cidade, Casa Escrevivências (Conceição Evaristo). Também estão
no Rio importantes agentes do mercado editorial e algumas das maiores
editoras do país.
O título de Capital Mundial do Livro é concedido anualmente a
uma cidade que tenha demonstrado excelência em suas iniciativas de
promoção literária. Guadalajara (2022), Acra (2023) e Estrasburgo (2024)
já foram agraciadas. O objetivo dessa iniciativa é garantir e democratizar o
acesso à leitura, com um foco especial em jovens e em comunidades mais
vulneráveis. Isso será alcançado por meio de uma série de programas e
atividades que promovam o livro e a leitura.