Julho, 2025 - Edição 307
Morre Sebastião Salgado, ícone da fotografia

Sebastião Salgado, ícone da fotografia, morreu
aos 81 anos. Ícone da fotografia, fotógrafo mais renomado
do Brasil e um dos mais importantes do mundo,
Sebastião Salgado morreu no dia 23 de maio, aos
81 anos. O fotógrafo, que vivia em Paris, enfrentava problemas decorrentes
de uma malária adquirida em 1990, quando estava na Indonésia. Por conta da
doença, ele vivia com algumas sequelas sanguíneas, o que foi determinante para
sua aposentadoria, como ele mesmo disse em entrevista ao The Guardian, no
ano passado. Na ocasião, ele declarou que o corpo estava sentindo “os impactos de anos de trabalho em ambientes hostis e desafiadores”, e que era a hora
de parar. “Eu sei que não viverei muito mais tempo. Mas não quero viver muito
mais. Já vivi muito e já vi muitas coisas”, acrescentou.
Salgado viajou por mais de 120 países para seus projetos fotográficos.
A maioria deles apareceu em inúmeras publicações de imprensa e livros.
Exposições itinerantes de seu trabalho foram apresentadas em todo o mundo.
As suas fotos a preto e branco representam a dignidade fundamental
das pessoas e são testemunhos contra a guerra, pobreza e outras injustiças sociais. Nascido em Aimorés, Minas Gerais, graduou-se em Economia
pela Universidade Federal do Espírito Santo (1964-1967). Fez mestrado na
Universidade de São Paulo e doutorado na Universidade de Paris, ambos também em Economia.
A mudança para Paris,
em 1969, foi em função do asilo político na
época da ditadura militar brasileira
Multi-premiado, Salgado foi embaixador da Boa Vontade da UNICEF. Seu
primeiro livro, Outras Américas, sobre os
pobres na América Latina, foi publicado
em 1986. Na sequência, publicou Sahel:
O Homem em Pânico (1986), resultado de
uma longa colaboração de doze meses com
a organização não governamental Médicos
sem Fronteiras, cobrindo a seca no Norte da
África. Entre 1986 e 1992, concentrou-se na
documentação do trabalho manual em todo
o mundo, publicada e exibida sob o nome
Trabalhadores, um feito monumental que
confirmou sua reputação como foto documentarista de primeira linha.
Em setembro de 2000, com o apoio
das Nações Unidas e do UNICEF, montou
uma exposição no Escritório das Nações
Unidas em Nova Iorque, com 90 retratos de
crianças desalojadas extraídos de sua obra
Retratos de Crianças do Êxodo. Essas fotografias prestam testemunho a 30 milhões
de pessoas em todo o mundo, a maioria
delas crianças e mulheres sem residência
fixa. Seus últimos livros são focados em
temas como a Pólio, desigualdade, África e
ambiente.