Maio, 2025 - Edição 306
Adeus ao saudoso Marcos Vilaça

Ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) nos
biênios 2006-2007 e 2010-2011, o acadêmico Marcos Vilaça, falecido no dia 29 de março, deixou saudosos seus colegas na instituição,
onde ocupava a cadeira 26 desde que foi eleito, em 1985, na sucessão de Mauro Mota.
Na Academia Pernambucana de Letras, foi o primeiro ocupante da cadeira 35, tendo sido eleito em 30 de outubro de 1965,
e tomado posse em 18 de novembro do mesmo ano. Era o mais
antigo membro. Foi seu presidente no biênio 1970-1972.
Filho único de Antônio e Evalda Vilaça, o professor, advogado, jornalista, ensaísta e poeta Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça
nasceu em Nazaré da Mata (PE), em 30 de junho de 1939. Foi casado com Maria do Carmo Duarte Vilaça (já falecida), com quem teve
três filhos: o marchand Marcantônio (falecido em 2000), Rodrigo
Otaviano e Taciana Cecília.
Com uma trajetória marcante na cultura e na vida pública brasileira, Vilaça esteve à frente do Conselho Consultivo do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da
Fundação Nacional de Artes (Funarte). Foi ministro do Tribunal de
Contas da União (TCU) por mais de 20 anos; e secretário de Cultura
no Ministério da Educação e Cultura, quando foi responsável pelo
tombamento de Olinda, Pernambuco, e São Miguel das Missões,
no Rio Grande do Sul, como patrimônios da humanidade. Bem
como a Mata do Iguaçu, reconhecida como patrimônio natural da
humanidade, em 1986; e o Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
Entre suas
obras, destacam-
-se Nordeste: Secos
& Molhados (1972),
O Tempo e o Sonho
(1984), Recife Azul,
Líquido do Céu
(1972) e Por uma
Política Nacional
de Cultura (1984).
Sua produção literária começou
ainda na juventude,
com obras como A
Escola e Limoeiro
(1958) e Em Torno
da Sociologia
do Caminhão
(1961), premiada pela Academia
Pernambucana de
Letras. Junto com Roberto Cavalcanti, escreveu Coronel, Coronéis:
Apogeu e declínio do coronelismo no nordeste, considerado um clássico sobre as estruturas de poder na região dominada por coronéis.
Ligado ao ex-presidente José Sarney, que o nomeou para
o Tribunal de Contas da União e o recebeu na ABL, Vilaça ocupou diversos cargos na área cultural. Foi professor de Direito
Internacional na Universidade Católica de Pernambuco, diretor da
Caixa Econômica Federal e secretário de cultura no Ministério da
Educação e Cultura, entre outras ocupações de relevo.
Vítima de falência múltipla de órgãos, o advogado, jornalista
e escritor pernambucano faleceu em Recife, aos 85 anos. Com forte
contribuição política, cultural e social, seu legado será para sempre
lembrado.