Maio, 2025 - Edição 306

A Mulher Viva da saudosa Heloisa Teixeira

Uma das principais pensadoras do feminismo do país, a acadêmica Heloisa Teixeira, que morreu no dia 28 de março, deixou um projeto inédito. Trata-se da curadoria do texto de abertura do livro Mulher Viva, do fotógrafo Gustavo Malheiros. Com design e co-curadoria de Gringo Cardia, a obra, lançada pela Arte Ensaio Editora, traz entrevistas da jornalista Maria Fortuna com 25 mulheres numa espécie de manifesto contra a violência e o feminicídio. A edição impressa conta com uma tiragem de dois mil exemplares. A metade foi doada para o Consórcio Maria da Penha.

Professora, pesquisadora e autora de obras essenciais sobre literatura e gênero, Heloisa foi a décima mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL), abrindo ainda mais espaço para a participação feminina em uma das instituições culturais mais tradicionais do país. Uma das intelectuais mais influentes da crítica literária brasileira, eleita para a ABL em 2023, ocupava a cadeira nº 30, sucedendo Nélida Piñon. Atuou também no Conselho Curador da Fundação Roberto Marinho entre 2021 e 2023.

Nascida em Ribeirão Preto (SP), em 26 de julho de 1939, Heloisa formou-se em Letras Clássicas pela PUC-Rio, com mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFRJ e pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. Escritora, professora emérita da Escola de Comunicação da UFRJ, membro efetivo e perpétuo da Academia Brasileira de Letras do RJ e coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde dirigiu o Laboratório de Tecnologias Sociais Universidade das Quebradas.

Entre suas obras, estão: Macunaíma, da Literatura ao Cinema; 26 Poetas Hoje; Impressões de Viagem; Cultura e Participação nos Anos 60; PósModernismo e Política; O Feminismo como Crítica da Cultura; Guia Poético do Rio de Janeiro; Asdrúbal Trouxe o Trombone: Memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70; Enter – Antologia Digital; Escolhas, uma Autobiografia Intelectual e Explosão Feminista. Morreu no Rio de Janeiro, vítima de complicações de uma pneumonia e insuficiência respiratória aguda.

Por Manoela Ferrari