Julho, 2024 - Edição 301
O protagonismo do Rio em exposição inédita na Casa Roberto Marinho
O público tem até o dia 21 de julho para
apreciar a exposição inédita Rio:
desejo de uma cidade | 1904-2024, na Casa
Roberto Marinho, no Cosme Velho.
Trata-se de uma verdadeira ode à cidade, com obras de artistas de diferentes
gerações e vertentes, tendo o Rio como protagonista. As fotografias e pinturas
de 75 artistas brasileiros e estrangeiros em diálogo narram as complexidades
e a diversidade cultural da capital fluminense nos últimos 120 anos.
Sob a curadoria de Lauro Cavalcanti, Marcia Mello e Victor Burton,
com consultoria do executivo Jorge Nóbrega (ex-presidente do Grupo
Globo), do colecionador Luiz Chrysostomo e do arquiteto Pedro Mendes da
Rocha, a mostra antecipa as celebrações dos 460 anos de fundação da cidade.
Partindo da data de nascimento do jornalista e empresário Roberto
Marinho (1904-2003), que faria 120 anos em 2024, a coletiva exibe 139 peças
e outras 46 obras ampliadas e plotadas nas paredes do instituto.
Há também desenhos, esculturas, vídeos, maquetes, peças de design,
cartazes e publicações apresentados em oito núcleos expositivos que expressam a complexidade e a diversidade cultural da Cidade Maravilhosa. Corpo,
Morar, Festejar, Concentrar, Aeroporto, Projetar, Construir e Lembrar são os
eixos temáticos propostos pela curadoria, que ajudam a percorrer essa trajetória tão rica em manifestações e memórias.
Já no hall de entrada, o visitante ouve os versos da canção Outono no
Rio, de Ed Motta: “Há um lugar para ser feliz, além de abril em Paris, outono,
outono no Rio.” Na primeira sala está a pintura Jardim de pedras (1993), de
Cristina Canale, diante da fotografia Perfil do Rio visto do Parque da Cidade
(2006), de Renan Cepeda, acompanhada de uma citação de Quintana:
“Os túneis são meus lugares favoritos no Rio. Neles posso descansar
de tanta beleza.” (Mário Quintana).
Obedecendo ao arco temporal proposto, a história desse território é narrada por meio de imagens e personagens. Como o padroeiro São
Sebastião, que aparece na segunda sala, na pintura de Glauco Rodrigues, de
1983, exibida em diálogo com a escultura em ferro Ofá de Oxóssi (2024), do
artista pernambucano Diogum.
Toda entremeada por textos informativos, a mostra – que reúne obras
das Coleções Roberto Marinho, do Museu de Arte do Rio, do Museu Nacional
de Belas Artes, Instituto Moreira Salles, Projeto Hélio Oiticica, Fundação
Casa de Rui Barbosa, Cinemateca Brasileira e de colecionadores particulares – revela curiosidades históricas ao público. Em 1512, chegaram aqui os
primeiros portugueses que, acreditando ser a Baía de Guanabara o estuário
de um curso de água doce, chamaram-na de Ria, designação geográfica para
tais lugares. Desse modo, o primeiro nome do local foi uma conjugação do
verbo rir.
A exposição contempla, ainda, uma sala exclusivamente dedicada à
produção do compositor e pintor carioca
Heitor dos Prazeres (1898-1966), que retratou como poucos o cotidiano do Rio, com
cinco telas que pertencem ao acervo da
Casa.
A literatura também está presente.
Seja através do quadro pintado por Clarice
Lispector ou dos poemas que acompanham
algumas obras. Entre eles, Copacabana, de
Vinicius de Moraes; Os inocentes do Leblon,
de Carlos Drummond de Andrade; Noite
carioca, de Ana Cristina Cesar; e Botafogo,
de Murilo Mendes. A crônica De Cascadura
ao Garnier, escrita em 1922 por Lima
Barreto, e o texto A
alma encantadora das ruas (1908),
de João do Rio, nos
ajudam a compreender o espírito
da cidade.
Entre outras
curiosidades que o
visitante encontrará estão partituras
de Heitor VillaLobos, croquis de
Oscar Niemeyer,
um autorretrato de
Noel Rosa, de 1937, e fotografias de expoentes como Cartola, Chiquinha
Gonzaga e Grande Otelo. Trabalhos do carioca Allan Weber, que resultam da
pesquisa do artista sobre as lonas usadas nos bailes funks do Rio, expressam
a força estética da cultura produzida na periferia. A seleção inclui, ainda,
duas obras dos contemporâneos Marcos Chaves e Victor Arruda, criadas
especialmente para a ocasião.
No núcleo Corpo, a curadoria reservou uma surpresa entre as pinturas
e fotografias: uma TV exibirá imagens do finado Canal 100, o cinejornal fundado em 1957 pelo produtor Carlos Niemeyer. Quem frequentou as salas de
cinema cariocas entre as décadas de 1950 e 1980 sabe que, antes dos filmes,
passava um cinejornal com visão documental, que apresentava imagens em
câmera lenta dos principais jogos da rodada.
Como atividade paralela, uma mostra temática sobre o Rio estará
em cartaz tanto no cinema da Casa Roberto Marinho quanto na plataforma Globoplay, aberta gratuitamente a não assinantes. Em clássicos como
Memórias do cárcere e Rio 40º graus, de Nelson Pereira dos Santos; Central
do Brasil, de Walter Salles; Quando o carnaval chegar, de Cacá Diegues; e O
mistério do samba, de Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor, são apresentadas diferentes perspectivas sobre a cidade.
Completa a exposição multimídia uma cronologia ilustrada por charges e publicações de jornais, que ocupa a última sala. Resultará do programa
expositivo um catálogo organizado pela equipe da Casa Roberto Marinho,
com a colaboração do curador literário Augusto Guimaraens Cavalcanti. A
publicação, em português e inglês, incluirá reproduções de obras e textos
inéditos da curadoria.
A direção do instituto informa que, às quartas-feiras, a entrada é
gratuita para todos os públicos. Aos domingos, a Casa pratica o “ingresso
família” (R$ 10) para grupos de quatro pessoas.
SERVIÇO:
Rio: desejo de uma cidade | 1904-2024
Abertura: 11 de maio de 2024, das 12h às 18h
Encerramento: 21 de julho de 2024
Instituto Casa Roberto Marinho
Rua Cosme Velho, nº 1105 – Rio de Janeiro | RJ Tel: (21) 3298-9449
Visitação:
terça a domingo,
das 12h às 18h
(Aos sábados,
domingos e feriados, a Casa Roberto
Marinho abre a área
verde e a cafeteria a
partir das 9h.)
Ingressos à venda
exclusivamente na
bilheteria:
R$ 10 (inteira) / R$
5 (meia entrada)