Outubro, 2023 - Edição 296

Um homem de vidro

Na rua vi um homem.
Parecia frágil, fino, transparente.
O homem tinha roupas largas,
Desproporcionais.
Se o vento batia forte,
O homem quebrava.
Se a terra tremia,
O homem rachava.
Se era demitido,
O homem despedaçava.
O homem tinha uma lata,
Mas não era para comida.
Era para moedas com as quais
Implorava por nutrição.
Pessoas não lhes davam ouvidos.
Elas o ignoravam por receio.
Era um homem invisível.
Dinheiro possui muitas formas.
Assim como a morte.
Nesse caso, foi como vidro.
O homem morreu frio, frágil,
Transparente.

Por Luisa Perpétuo