Setembro, 2023 - Edição 295
Adeus ao acadêmico José Murilo de Carvalho
Considerado
um dos maiores
intelectuais brasileiros, o acadêmico,
historiador e cientista político José
Murilo de Carvalho
morreu aos 83 anos,
em consequência da
Covid-19.
Um dos
grandes intérpretes do Brasil, José
Murilo era membro da Academia
Brasileira de Letras
(ABL). desde 2004,
quando foi eleitopara a cadeira número 5, aberta com a morte de Rachel de Queiroz. Era
também integrante da Academia Brasileira de Ciências.
Diversos intelectuais se manifestaram sobre a morte dele. O presidente da ABL, Merval Pereira, destacou que José Murilo de Carvalho
explicou o passado do Brasil desde o Império e, a partir desse conhecimento, “analisava a política brasileira recente com requintes históricos
que ajudavam a antever o futuro, do qual se desiludiu nos últimos anos. É
uma perda não apenas para a ABL, onde tinha sob seus cuidados nossos
arquivos, mas para a cultura brasileira”.
Em nota, a Associação Brasileira de Ciência Política lamentou
a morte do historiador, apontando os quase 20 anos de atuação de
José Murilo como professor no antigo Iuperj (Instituto Universitário de
Pesquisas do Rio de Janeiro), “onde teve papel fundamental na formação
de pesquisadores e na modelagem na área de pesquisa do pensamento
político brasileiro”.
Mineiro, José Murilo é bacharel em sociologia e política pela UFMG
e mestre em ciência política pela Universidade de Stanford, na California,
onde defendeu tese sobre o Império Brasileiro. Foi professor e pesquisador visitante nas universidades de Oxford, Leiden, Stanford, Irvine,
Londres, Notre Dame, no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, e
na Fundação Ortega y Gasset, em Madrid.
No Brasil, foi professor emérito da Universidade Federal do Rio de
Janeiro e pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico. Escreveu 19 livros, entre eles A Formação das
Almas – O Imaginário da República do Brasil (Prêmio Jabuti 1991), Os
Bestializados (melhor livro de 1988 da Associação de Pós-graduação em
Ciências Sociais e D. Pedro II (Prêmio Jabuti 2008), todos considerados
fundamentais para a interpretação do Brasil.
José Murilo de Carvalho deixou um filho, Jonas Lousada de Carvalho
e uma legião de fãs.