Junho, 2023 - Edição 292

Colaboradora do Jornal de Letras recebe a Medalha da Inconfidência

Depois de três anos suspensa em função da pandemia, a tradicional solenidade de entrega da Medalha da Inconfidência, no feriado de Tiradentes, em Ouro Preto (MG), voltou ao seu formato tradicional. Com a presença de autoridades, artistas, políticos e intelectuais de todo o país, o governo de Minas Gerais caprichou na realização da 71ª cerimônia de premiação.

O ex-presidente Michel Temer (MDB), o senador Sergio Moro (União Brasil), o deputado federal Luciano Bivar (União Brasil), Fabio de Sousa Coutinho, (presidente da Associação Nacional de Escritores), José Carlos Serufo (presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais), Bernardo Teles de Carvalho (diretor-geral do Grupo Band Minas), Gustavo Werneck da Cunha (diretor presidente e CEO da Gerdau), assim como nossa colaboradora Manoela Ferrari (da Academia Espírito-santense de Letras), estão entre os homenageados de 2023.



A Medalha da Inconfidência é concedida, anualmente, no dia da morte de Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes. A data marca a Inconfidência Mineira, movimento considerado um marco na luta pela independência do Brasil, lembrado como um símbolo de resistência à opressão colonial e de luta por liberdade e autonomia política que teve como epicentro a cidade de Ouro Preto, no século XVIII. Todos os anos, a capital de Minas Gerais é, simbolicamente, transferida para aquele município, durante a celebração.

Criada em 1952 pelo então governador Juscelino Kubitschek, a condecoração é a maior comenda do Estado. Os ideais de democracia, liberdade e civilidade são enaltecidos. A distinção homenageia pessoas que se distinguem “pela notoriedade de seu saber, cultura e relevantes serviços à coletividade, contribuindo para a projeção e valorização de Minas Gerais”. O Conselho Permanente da Medalha, conduzido pelo presidente da Assembleia Legislativa de MG, deputado Tadeu Martins Leite (MDB), é formado por dirigentes de órgãos dos três Poderes estaduais, de universidade e outras instituições culturais, entre elas, a Academia Mineira de Letras, presidida por Rogério Faria Tavares. O Grande Colar condecora, exclusivamente, chefes de estado, de governo e dos demais poderes da União. As outras categorias são: Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência.



Para o governador Romeu Zema, potencial candidato à presidência da República, em 2026, relembrar o sacrifício de Tiradentes é reafirmar o compromisso dos mineiros de serem sempre os primeiros a lutarem contra retrocessos em relação a direitos conquistados e na defesa do desenvolvimento do Brasil. O evento comemorativo, dividido em duas partes, teve início com a tradicional cerimônia de tiros, seguida pelo hasteamento da bandeira e a colocação de flores no monumento de Tiradentes, na praça de mesmo nome. Em seguida, foi feita a homenagem aos agraciados, no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

O ex-presidente Michel Temer falou sobre a honraria: “Essa solenidade é tão preciosa e significativa porque ultrapassa Ouro Preto e Minas Gerais para atingir todo o país. Honra-me, particularmente, recebê-la aqui, berço de boa parte da história do Brasil, onde já no século 18 florescia o sentimento de independência e autonomia”, recordou o ex-presidente Michel Temer durante a solenidade, atribuindo ao movimento um legado que se mantém atual.

Na ocasião, o prefeito de Ouro Preto, acadêmico Ângelo Oswaldo (PV), fez um discurso contundente, com menção à importância da figura histórica de Tiradentes e sua luta pela liberdade e democracia, comparando-o a Cristo na Páscoa: “Se a Páscoa é ressurreição de Cristo, o 21 de abril assinala, especialmente neste ano de 2023, o renascimento do Tiradentes na nossa crença republicana. O Brasil mudou, felizmente. Tiradentes não será olíder descaracterizado pelo cinismo com que os antidemocratas costumam tratá-lo, mas, sim, o homem de coragem, íntegro e altivo, que sai do meio do povo para mudar o curso da história. As brasileiras e os brasileiros hoje o reverenciam como o pioneiro da liberdade e da democracia, porque com ele podemos saudar a democracia e a liberdade na vida pública do nosso país.”

Após destacar as tragédias provocadas pelas empresas mineradoras na região dos Inconfidentes, criticar o liberalismo econômico e cobrar ações do governador Romeu Zema para garantir a compensação às comunidades afetadas na tragédia, Ângelo Oswaldo finalizou sua fala, agradecendo o apoio à Universidade Federal de Ouro Preto e a recriação do Ministério da Cultura e das políticas públicas para o campo cultural, conduzidas, atualmente, pelo governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Uma novidade, nesse ano, foi a criação da “Semana da Inconfidência”, com o slogan “A Liberdade Mora em Minas”. A secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), em parceria com as prefeituras de Ouro Preto e de Tiradentes, marcou o período, que passará a ter todos os anos, com uma programação cultural intensa nas duas cidades, incluindo mais de 100 atividades, além dos atos cívicos e agendas oficiais, com ações para o desenvolvimento da cultura, do turismo e da economia criativa.