Junho, 2023 - Edição 292

Ricardo Cavaliere é eleito imortal

O filólogo Ricardo Cavaliere foi eleito para a cadeira número 8 da Academia Brasileira de Letras. Com 35 votos (contra dois do quadrinista Mauricio de Souza e um voto em branco), ele vai substituir a saudosa professora Cleonice Berardinelli, que morreu no dia 31 de janeiro, aos 106 anos. A especialista em literatura portuguesa foi a sétima mulher a ser eleita para assumir a cadeira. O filólogo era visto como uma boa opção, já que a instituição tem a tradição de fazer substituições com quem tem especialidades parecidas com as de seu antecessor. A Cadeira 8 tem como fundador o professor e poeta Alberto de Oliveira, como patrono o advogado e poeta Cláudio Manuel da Costa, e teve como titulares o sociólogo e jurista Oliveira Viana, o professor, jornalista e cronista, Austregésilo de Athayde, o jornalista e romancista, Antonio Callado, o crítico literário Antônio Olinto, além de Cleonice Berardinelli.

Assim como na eleição de Heloisa Buarque de Hollanda para a cadeira 30, a votação que escolheu Ricardo Cavaliere foi realizada em urnas eletrônicas do TRE. Vinte e três acadêmicos escolheram seu candidato eletronicamente, enquanto 14 o fizeram por carta. O jornalista Merval Pereira, presidente da ABL, destacou a importância da presença dos filólogos na Casa de Machado: “A função básica da ABL é cuidar da língua portuguesa. Então, é fundamental a gente ter grandes filólogos conosco. Nós já temos o maior de todos, Evanildo Bechara, e agora temos o Cavaliere, que também é um dos maiores filólogos do país. E a gente tem um projeto em andamento, ainda muito incipiente, que é fazer um dicionário. Ele já será muito útil nessa questão.”



Ricardo Cavaliere possui graduação em Letras (Português/ Inglês) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (1975), mestrado em Língua Portuguesa (Letras Vernáculas) pela UFRJ (1990), e doutorado em Língua Portuguesa (Letras Vernáculas), pela UFRJ (1997). Também possui graduação em Direito pela mesma universidade (1996). Fez estágio de pós-doutorado em História da Gramática no Brasil, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, sob supervisão do acadêmico ocupante da Cadeira nº 33, professor e filólogo, Evanildo Bechara. Tem experiência na área de Letras e Linguística, com ênfase na descrição do português e na historiografia dos estudos linguísticos. Dentre suas obras, destacam-se: Fonologia e Morfologia na Gramática Científica Brasileira e Pontos Essenciais em Fonética e Fonologia.

Atualmente é professor aposentado da Universidade Federal Fluminense, onde atua no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem. É membro da Academia Brasileira de Filologia, do Conselho Editorial da Editora Lexikon e da Editora Lucerna. Também é membro da revista Todas as Letras e diretor da revista Confluência. Também possui experiência como conselheiro no Real Gabinete Português de Leitura, que lhe conferiu o título de Grande Benemérito. Foi, ainda, conselheiro do Liceu Literário Português. É membro de diversas associações nacionais e internacionais em sua área de investigação, entre elas a Société de Linguistique Romane, a Henry Sweet Society for the History of Linguistic Ideas e a Associação Brasileira de Linguística. É autor de mais de uma centena de trabalhos acadêmicos em sua especialidade, entre eles Palavras Denotativas e Termos Afins: Uma visão argumentativa (2009) e A Gramática no Brasil: Ideias, percursos e parâmetros (2014). Dentre os prêmios obtidos, destacam-se a medalha do Mérito Filológico da Academia Brasileira de Filologia (2018) e o Prêmio Celso Cunha da União Brasileira de Escritores (2015).

Sobre a importância da ABL, o filólogo declarou: “A eleição para a Academia Brasileira de Letras é o ponto culminante na carreira de quem milita na área de Letras. Pretendo cumprir um dos desígnios da Academia que é o cultivo da Língua Portuguesa.”

Por Maria Cabral