O vendedor de livros
Ele andava de vila em vila com a sua estante móvel sobre rodas
e seu cachorro de estimação. Em suas prateleiras havia livros de todos
os tipos: comédias, dramas, romances, biografias, manuais, glossários,
atlas, dicionários, livros sobre artes, história, ciências, poesias, livros
sobre todos os assuntos em todos os tempos.
Havia livros que previam o futuro, outros que continham as histórias mais secretas que os seres menos discretos jamais contariam. Havia
histórias sobre cada história de cada vida em cada vila. Havia livros de
fazer rir, outros de fazer chorar, todos de fazer pensar. Havia livros com
receitas, piadas, poções mágicas, orações milagrosas, confissões inconfessáveis, segredos de quarto e de estado.
Um ambulante continente de tudo, registro akáshico, os Vedas e
o Bhagavad Gita, a Torá e o Corão, palavras cruzadas e caminhos cruzados, o vendedor de livros tinha de tudo e revolvia o infinito a cada
esquina.
O que ninguém sabia é que ele já havia lido todos.
E quando lhe perguntavam: o que há de novo?
Ele apenas sorria e respondia: nada, tudo bem…