O vendedor de livros

Ele andava de vila em vila com a sua estante móvel sobre rodas e seu cachorro de estimação. Em suas prateleiras havia livros de todos os tipos: comédias, dramas, romances, biografias, manuais, glossários, atlas, dicionários, livros sobre artes, história, ciências, poesias, livros sobre todos os assuntos em todos os tempos.

Havia livros que previam o futuro, outros que continham as histórias mais secretas que os seres menos discretos jamais contariam. Havia histórias sobre cada história de cada vida em cada vila. Havia livros de fazer rir, outros de fazer chorar, todos de fazer pensar. Havia livros com receitas, piadas, poções mágicas, orações milagrosas, confissões inconfessáveis, segredos de quarto e de estado. Um ambulante continente de tudo, registro akáshico, os Vedas e o Bhagavad Gita, a Torá e o Corão, palavras cruzadas e caminhos cruzados, o vendedor de livros tinha de tudo e revolvia o infinito a cada esquina.

O que ninguém sabia é que ele já havia lido todos. E quando lhe perguntavam: o que há de novo? Ele apenas sorria e respondia: nada, tudo bem…

Por Jonas Rabinovitch - Conselheiro Sênior para Inovação e Gestão Pública da Organização das Nações Unidas em Nova York.