O centenário da Semana de Arte Moderna de 1922
No início do século XX, o Brasil começava a se modernizar. As
primeiras indústrias começavam a se instalar na cidade de São Paulo
e a produção de café do interior paulista gerava receita de exportação,
transformando o estado em novo centro econômico brasileiro. A arte,
portanto, precisava acompanhar essas mudanças. Vinham à tona as
vanguardas artísticas e, com elas, a consolidação da modernidade. Além
disso, 1922 foi o centenário da Independência do Brasil. Um cenário
ideal para a renovação artística nacional. O país, que se transformava
e se modernizava, precisava de um novo olhar artístico, sociocultural e
filosófico que propusesse uma arte nacional original e atualizada, trazendo um pensamento a respeito da realidade e da variedade cultural,
características do território brasileiro.
A participação feminina na história da arte brasileira só foi reconhecida a partir do Modernismo, quando a mulher passou a ocupar
espaços antes dominados por artistas homens nas esferas artísticas,
cultural e social. Anteriormente ao movimento, a presença da mulher
era praticamente desconhecida devido a determinismos biológicos,
preconceitos sociais de gênero e da ausência de oportunidades e de
reconhecimento por parte das instituições e suas práticas.
Até meados desse século, era comum as artistas pintoras esconderem-se atrás de monogramas, pseudônimos masculinos ou mesmo
reduzirem seu primeiro nome à primeira letra, com intuito de não expor
a condição de mulher.
Influenciados pelas escolas de arte europeias e pela renovação
geral no panorama da arte ocidental, um grupo de artistas, o Grupo dos
Cinco, idealizou a Semana de Arte Moderna em São Paulo, no período de 13 a 17 de fevereiro. O grupo era formado pelas pintoras Anita
Malfatti e Tarsila do Amaral, e pelos escritores Menotti Del Picchia,
Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Esses artistas e intelectuais
brasileiros uniram seus esforços para apresentar as suas produções ao
grande público. A Semana de Arte Moderna de 1922 representou uma
nova visão da arte e trouxe uma proposta “mais brasileira” dentro do
contexto da época.
Em homenagem ao centenário da Semana de Arte Moderna de
1922, está em exposição, na galeria da Casa da Memória de Vila Velha,
até o dia 10 de abril, na Prainha, a mostra de pinturas em acrílica
“Olhares”, da talentosa pintora Fátima S.R., sob a curadoria do brilhante
artista Celso Adolfo, composta de 30 belíssimas obras. Nesta mostra, a
artista Fátima apresenta um recorte de sua vasta produção, em que a
figura humana é o centro em detalhes do cotidiano contidos em retratos
expressos na paleta de cores e alma “Modernista”, ricas em detalhes e
expressões firmes. Olhares penetrantes que nos convidam adentrar na
obra e participando daquele instante, compartilhando cenas familiares, o hábito da leitura, e a devoção religiosa. As ideias que surgiram na
Semana de 22 se desdobraram em movimentos diversos que levaram
seu legado adiante, como podemos constatar.